Agrabah. Cidade esplendorosa, cujo ponto de máxima beleza reside no deslumbrante palácio do sultão, mas onde há demasiada pobreza nas sombras e muita gente que só roubando consegue sobreviver. É o caso de Aladdin, um ladrão invulgarmente escrupuloso, que rouba apenas aquilo de que precisa para sobreviver. A sua relativa tranquilidade está, porém, prestes a terminar. Primeiro, cruza-se com uma rapariga bonita na cidade, que acaba por se revelar ser a princesa real. E, em consequência desse contacto, vê-se atirado para uma masmorra, seduzido pela promessa de um tesouro e usado para pôr nas mãos de Jafar, o tenebroso grão-vizir, um poder capaz de o tornar praticamente invencível. É então que se torna evidente que a cidade não era, afinal, assim tão má. E a única hipótese de salvar alguma coisa é derrotar Jafar, que, graças à lâmpada mágica, se tornou não só sultão, como o feiticeiro mais poderoso do mundo...
Para quem, como eu, cresceu com filmes como o Aladdin, este livro começa por ser uma encantadora viagem ao mundo da nostalgia. O início da história é bastante semelhante ao filme, o que faz com que a primeira impressão seja a de uma agradável familiaridade, tanto com o cenário como, principalmente, com as personagens.
É, porém, quando a história começa a seguir um rumo diferente que a leitura se torna verdadeiramente cativante. Primeiro, porque o desenrolar dos acontecimentos rapidamente cria uma vontade irresistível de descobrir o que acontece a seguir. Depois, porque, embora não seja difícil prever certos desenvolvimentos, há muitas surpresas ao longo da história, bem como muitos momentos marcantes. E finalmente, porque há na construção das personagens um equilíbrio tão eficaz entre o que já conhecíamos dela e esta versão alternativa que acompanhar os seus passos acaba por ser ainda mais notável. É uma nova viagem com companheiros que conhecemos bem.
Há ainda espaço para outros contrastes: entre o cenário sombrio e os deliciosos rasgos de humor protagonizados por diferentes personagens (com inevitável destaque para o próprio Aladdin); na leveza de uma escrita que é pensada para leitores jovens, mas suficiente cuidada e complex para cativar leitores de todas as idades; e entre a aparente despreocupação do mundo dos Ratos de Rua e as importantes mensagens escondidas nos grandes momentos da história.
Cativante e divertido, embora cingindo-se, em vários aspectos, à história original, marca pelo o seu equilíbrio entre novidade e nostalgia e pela forma como, num mundo completamente novo, consegue gerar uma tão grande proximidade com personagens que, embora bem conhecidas, têm aqui uma forma um pouco diferente. A impressão que fica é, pois, a de um agradável regresso a um lugar onde já fomos felizes. E de uma boa leitura.
Título: Um Mundo Ideal
Autora: Liz Braswell
Origem: Recebido para crítica
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