Irlanda. Apesar da fome e de todas as dificuldades, Kathleen e Michael amam-se e anseiam por casar. Mas as dificuldades financeiras forçam-nos a adiar constantemente o sonho de partir para a América e, quando Kathleen descobre que está grávida, Michael comete um erro na ânsia de conseguir dinheiro fácil. Condenado por roubo, é deportado para o outro lado do mundo, deixando Kathleen sem outra alternativa a não ser aceitar um casamento forçado. Com o seu novo marido, parte também, com destino à Nova Zelândia, onde espera poder criar o filho de Michael com dignidade. Mas Ian, o seu marido, é tudo menos um homem bondoso e as dificuldades não tardarão a surgir. Mais perto do que imaginam, mas separados pelas vicissitudes da vida, Kathleen e Michael terão de encontrar uma forma de se libertarem das suas circunstâncias. Mas o que os uniu pode estar já irremediavelmente perdido.
Parte do que torna os livros desta autora tão encantadores é a forma como consegue conjugar uma história repleta de emoção e de perigos com uma vastidão de paisagens fascinantes. Há sempre uma partida para um mundo novo na base da construção de uma nova vida, e esta mistura de sonho e sofrimento faz com que seja impossível não sentir quase de imediato uma grande proximidade com os protagonistas. É também esse o caso neste Rumo aos Mares da Liberdade, onde a ingenuidade e vulnerabilidade de Kathleen contrastam com a impetuosidade de Michael, servindo de ponto de partida a uma história repleta de momentos intensos e situações memoráveis.
É uma história extensa, não só em número de páginas, mas principalmente no que diz respeito ao período de tempo em que a narrativa decorre. São dezassete anos entre o momento da separação e a conclusão da história, o que significa que há muito a acontecer, tanto em termos de situação global como de crescimento pessoal. Para Kathleen, há as vicissitudes da separação, as provações do casamento e tudo o que virá depois no seu caminho de libertação. Para Michael, a deportação, os trabalhos forçados e depois todo o caminho de fuga e sobrevivência na companhia da impressionante Lizzie. E quanto a esta, há a coragem infindável e a dedicação a um sonho que parece sempre impossível de alcançar. E se isto parece já uma grande história... bem, todos estes pontos se ramificam em novas e intensas surpresas, em grandes momentos de emoção e também num choque cultural que se vai gradualmente harmonizando.
Há, em tudo isto, um fascinante enlevo. À proximidade quase imediata, segue-se a incessante vontade de descobrir o que virá depois. E, a cada novo desenvolvimento, surgem novas emoções, novas revelações e uma consciência cada vez mais clara das forças que movem estas personagens. Mas há ainda um outro aspecto: sendo o ponto de partida o amor entre Kathleen e Michael, há também uma expectativa constante de qual será a derradeira resolução. Mas desengane-se quem pensa que toda esta longa jornada se encaminha para um desfecho previsível. O final é como tudo o resto: intenso, emotivo e surpreendente.
Memorável em todas as suas facetas, trata-se, pois, de uma longa e fascinante jornada, que flui tanto ao ritmo das surpresas e dos perigos como das grandes emoções que movem os protagonistas. Emotivo, harmonioso e sempre fascinante, um livro que não desiludirá os fãs da autora... e uma viagem em que vale muito a pena embarcar.
Título: Rumo aos Mares da Liberdade
Autora: Sarah Lark
Origem: Recebido para crítica
Para mais informações sobre o livro Rumo aos Mares da Liberdade, clique aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário