Está a chegar o Natal, mas Genie sente-se tudo menos alegre. Há quase um ano, a mãe adoptiva morreu num acidente estúpido e Genie está convencida de que a culpa é sua. Agora, numa tentativa de a arrancar ao seu isolamento, o pai tenta convê-la a ir em busca da mãe biológica. Relutamente, Genie aceita, embora isso signifique que terá de viajar para o outro lado do mundo. Mas, quando chega à Nova Zelândia, a mãe não está lá. E a espera pelo seu regresso trará muitas revelações inesperadas - e alegres.
Provavelmente um dos aspectos mais impressionantes neste livro é a facilidade com que nos faz sentir com e pelas personagens. Genie está num estado sombrio quando a história começa, e basta isso para simpatizar com a sua dor e para gerar um certo vínculo emocional com ela. E, expandindo-se a partir destas trevas iniciais e do isolamento da protagonista, tudo se torna muito mais vasto e emocionalmente devastador. A viagem à Nova Zelândia leva Genie a entrar em contacto com as coisas que a assombraram durante todo o ano, mas abre também novas portas e possibilidades. E este delicado equilíbrio de dor e ternura, amargura e amor, escuridão e esperança, facilmente nos transporta para os recantos mais íntimos da história - e às personagens para os recantos mais íntimos do nosso coração.
Há também um ligeiro toque de mistério, e muitas questões como ponto de partida. Porque é que a protagonista foi deixada para trás, o que aconteceu ao certo para fazer com que ela se sinta tão culpada relativamente ao acidente, o que levou Bonnie a regressar a Inglaterra e que razões a levaram a deixar a filha para trás. Todas estas perguntas precisam de respostas, e encontram-nas, de facto. E mais! Pois as respostas trazem novos laços: familiares, de amizade e de amor.
Também a escrita está cheia de beleza. Emotiva, embora simples quanto baste; espantosa nos contrastes entre os diferentes cenários; envolvente e intrigante e cheia de ternura na voz; e divertida também, pois há um sentido de oportunidade perfeito na aparição dos momentos mais divertidos, que os torna ainda mais adequados numa história tão cheia de dor e perda. E esperança. Esperança também.
Emotivo e intrigante, triste, mas cheio de esperança, trata-se, pois, do tipo de história que se grava no coração. E é também essa a sua beleza: pois, durante toda a história, viajamos com Evangeline e as suas memórias - não no tempo, mas na vida. E sobretudo no amor.
Título: One Winter Morning
Autor: Isabelle Broom
Origem: Recebido para crítica
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