As irmãs Spring - Meg, Jo, Beth e Amy - podem nem sempre gostar muito umas das outras, mas no fundo são uma família unida. E ainda bem, porque, com o pai destacado no Iraque e a mãe nem sempre capaz de lidar com todas as tribulações da sua vida, é a união que sustenta a base da família Spring. Mas há coisas a acontecer na vida destas quatro jovens, amores e fantasmas do passado que voltam para as assombrar, uma amizade imprevista que ameaça transformar-se em algo mais e, além das simples dores de crescimento, a incerteza quanto a quando - e como - é que o pai delas vai voltar para casa. Mas pelo menos têm-se umas às outras... embora isso nem sempre pareça uma vantagem.
Inspirado no clássico Mulherzinhas, que tenta transpor para o mundo actual, este é um livro que parte das semelhanças mais óbvias, a começar pelo nome das quatro irmãs, para se ir distanciando gradualmente e adquirindo uma identidade própria. Ora, isto tem vantagens e desvantagens, sendo certo que a autonomia é sempre vantajosa, quando a fonte de inspiração é uma obra tão conhecida. Mas, mais do que convergências e divergências, que rapidamente passam para segundo plano, é percurso pessoal das irmãs Spring que cativa nesta história, e fá-lo nos bons momentos e nos maus.
O aspecto mais curioso neste livro é que é a sua principal qualidade que faz sobressair também as maiores ambiguidades. A autora decidiu contar a história na primeira pessoa e alternar entre as perspectivas das várias personagens, o que torna o registo muito mais próximo e as emoções sentidas muito mais pessoais. Mas acentua também as divergências, realçando não só as melhores características das irmãs, mas também os defeitos e as suas opiniões mais estranhas. O resultado são muitos sentimentos ambíguos, até porque, no fim da história, ficam umas quantas pontas soltas por explorar. Mas também a sensação de ter acompanhado de perto as desventuras mais ou menos adolescentes destas quatro irmãs que, embora nem sempre fáceis de perceber, têm maioritariamente o coração no sítio certo.
Há ainda um outro aspecto a destacar, embora contribua também um pouco para a tal ambiguidade. Neste caso, contudo, é uma ambiguidade que faz sentido, pois abre passo à reflexão sobre o poder de escolha. A obsessão de Meg pelo casamento em contraposição ao sonho de independência de Jo, a forma como esta divergência faz com que as irmãs choquem e também a forma como as suas certezas inabaláveis vão sendo... bem, abaladas pelas relações e evoluções que vão criando, é um bom ponto de partida para reflectir sobre a importância de sermos nós mesmos, de seguirmos os nossos sonhos e de ser para lá daquilo que os outros pensam. O mais curioso é que nem sempre as irmãs seguem o próprio exemplo (daí a sempre presente ambiguidade), mas a ideia não deixa de estar lá.
Finda a leitura, fica a imagem de uma história que se eleva acima das impressões contraditórias. Uma história de crescimento e fraternidade (com todos os atritos e conflitos que isso implica) e em que, embora nem sempre sendo fácil gostar das personagens, o que fica na memória são os sentimentos bons. Leve, cativante e com vários momentos memoráveis, uma boa leitura, somadas as partes.
Título: Sisters - Laços Infinitos
Autora: Anna Todd
Origem: Recebido para crítica
Para mais informações sobre o livro Sisters - Laços Infinitos, clique aqui.
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