segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Confissão da Leoa (Mia Couto)

Kulumani é um lugar remoto onde a tradição parece reinar soberana e muitas das almas que a habitam parecem, por vezes, pouco mais que mortos em vida. Mas as sucessivas mortes causadas por ataques de leões chamam a atenção para o lugar e enquanto as próprias gentes de aldeia se insurgem contra os que julgam ser "fabricadores de leões", também um verdadeiro caçador é chamado. Mas há uma história para lá dos ataques e da busca dos responsáveis: a história de Mariamar, mulher estranha, marcada pela loucura, pela tristeza, pelas cicatrizes de demasiadas dificuldades; a história também de Arcanjo Baleiro, o caçador que vem determinado a que aquela seja a sua última caçada, mas que se descobre bastante diferente do que ele próprio via em si; a história, em suma, de um lugar onde o estranho se torna normal, onde os leões se tornam homens e as mulheres se tornam leões.
Escrito sem grandes elaborações, mas com uma harmonia fluída e momentos marcantes pela beleza com que são descritos, este é um livro que, numa narrativa que, por vezes, se afigura bastante simples, acaba por se revelar como uma visão vasta e complexa tanto das dificuldades das gentes de Kulumani como das suas estranhas regras e tradições. Nem a missão da caçada é tão simples como parece a princípio, nem os seus protagonistas são exactamente o que parecem ser. E, tanto na narração de Mariamar, com a sua visão pessoal e próxima da vida na aldeia, mas também com todo um relato de experiências cruéis e de uma consequente mudança na solidez da sua identidade, como na de Arcanjo, com uma visão mais distanciada dos costumes de Kulumani, mas também com um lado pessoal no passado que lhe assombra cada gesto, há os sinais de um crescimento que, definido, em grande parte, pelo passado, se reflecte tanto na estranheza que caracteriza os protagonistas como no retrato global do ambiente em que tudo decorre.
Esta é, portanto, muito mais que a história de uma caçada. É também o crescimento de uma mulher a quem nunca foi permitido ser exactamente ela mesma e que, por isso, se tornou algo diferente e a descoberta de alguns segredos para um passado eternamente inacabado a pesar sobre os ombros de um homem que amou julgando não ter quem lhe correspondesse. Mas, mais que isso, esta é a história de Kulumani, com os seus estranhos hábitos, com os espíritos que pairam sobre a passagem do tempo e com homens e feras que se confundem e mutuamente trocam de papel. É esta fusão entre o global e o pessoal, entre a história das pessoas e a crónica do lugar, o que mais cativa nesta história que é, toda ela, impressionante, tanto a nível de escrita, como de caracterização, como ainda no aspecto emocional.
Com uma escrita belíssima e uma história que, cativante desde o início, se revela, com o evoluir da narrativa, nas suas vastas potencialidades, a impressão que fica desta leitura é, portanto, positiva em todos os aspectos. Uma história de homens e de leões, mas também de povos e de lugares... e um livro que fica na memória.

Novidade Casa das Letras


Torquemada, 1507. Joana I de Castela dá à luz a sua sexta e última filha enquanto acompanha o caixão do seu amado esposo até Granada. Catarina está destinada a fazer flamejar a divisa dos Habsburgo em Portugal, casada com o primo D. João III de Portugal, mas ninguém poderia pressentir a trágica vida que o destino lhe tinha reservado.
 Todo o seu existir foi agitado pelas contradições. Conheceu a pobreza mais extrema e a mais assombrosa riqueza, comendo em pratos de madeira e vendo a marquesa de Denia e as filhas usarem as suas roupas;  o feliz amor de um esposo apaixonado e o calvário das mortes dos seus nove filhos, mas nunca nada, nem ninguém, conseguiu vergar a sua fé inquebrantável, que a ajudou a superar as dores mais extremas com profunda e serena valentia.
Yolanda Scheuber, com o agradável estilo que a caracteriza, traça aqui um magnífico relato, profundo e dilacerante, da mais nova das filhas da rainha, Joana I de Castela

Yolanda Scheuber nasceu a 29 de março de 1953, na Argentina. Enveredou pela carreira universitária na Universidad del Salvador de Buenos Aires, licenciando-se em 1975 em Ciências Políticas e, a partir de 1976, começou a trabalhar como redactora oficial da Gobernación de la Província de La Pampa.
Foi professora titular da Cátedra de Introdução às Ciências Sociais na Faculdade de Humanidades da Universidade Nacional de La Pampa e colaborou em publicações da Administração Pública.
Apaixonada pela história e pela literatura, é autora dos romances: Juana la reina, loca de amor, El largo camino de Olga, Leonor de Habsburgo, Isabel de Habsburgo e Maria de Habsburgo.

Novidades Planeta


Em 1975 começaram a voltar a Portugal aqueles que ficaram para o nosso imaginário e a nossa história recente como «os retornados».  São eles os actores principais desta história.  
O regresso deste contingente, calculado em perto de meio milhão de pessoas, foi segundo uns traumático, segundo outros exemplar.  
Passadas quase quatro décadas, Sarah Adamopoulos foi em busca de memórias dos que regressaram das várias ex-colónias portuguesas e registou testemunhos e imagens do Portugal de então que permanecem muito vivas.  
São retratos de corpo inteiro de famílias, vidas e mudanças que a todos tocaram, de diferentes formas e com diferentes graus de desilusão e esperança. A esperança continuará, de novo ou ainda, virada para essa África? 
Certo é que a terra que tão marcada está ainda na identidade de tantos, nos é de novo apontada como destino de um futuro uma vez mais adiados. Numa época em que a tomada de consciência dos povos africanos criou uma identidade irrevogável em cada cidadão, Voltar é um título que ecoa em duas direcções e surge para muitos como uma pergunta.  
Estarão fechadas as feridas deste regresso? 

Rui Zink no seu melhor, num livro para os tempos que correm: luto e luta pela nossa felicidade colectiva e individual. 
Um conjunto de crónicas de Rui Zink – publicadas ao longo de cinco anos numa revista de bem-estar  –, das mais emblemáticas que tem escrito sobre quem somos nós, portugueses, como povo, como indivíduos, como pais, como cônjuges.  
Irónico, já se sabe, acutilante e verdadeiro, as confissões  e reflexões do autor sobre os afectos e desafectos,  a conjugalidade normal e a loucura mansa deste povo  à beira-mar pasmado, onde todos os leitores se revêm, entre uma gargalhada que faz pensar e uma reflexão que nos ajuda a rir de nós próprios. 

Problemas como a gravidez na adolescência e o divórcio dos pais são tratados nesta história com um notável equilíbrio entre  a irreverência do universo juvenil e a sensatez. 
Um livro que é instrumento precioso para discussões em aula, em família ou entre amigos sobre temas de que muitas vezes não é fácil falar. 
A história de uma adolescente, tagarela e emotiva, às voltas com  a família e aflita, porque outra adolescente engravidou e vai casar, esquecendo que a vida merece ser vivida em tempo certo e não antecipado...... 
Uma Argola no Umbigo, mostra-nos que, por muito que se pense que tudo corre mal e que não há volta a dar, há sempre um acontecimento, alguém que  transforma tudo aquilo que parece errado.  

domingo, 29 de abril de 2012

David Copperfield (Charles Dickens)

De um nascimento algo atribulado e através de um caminho de dificuldades e tragédias pessoais até à busca da muito desejada felicidade possível, esta é a história de David Copperfield, da infância difícil sob o jugo de um pai tirânico à luta contra o seu próprio destino ao partir em busca de uma alternativa que, embora desconhecida, será sempre o mal menor, e à criação de laços de afecto com o vasto número de indivíduos que, para bem ou para mal, cruzarão o seu caminho. Este é não só um percurso cheio de aventuras e tribulações, mas também uma jornada de crescimento pessoal. Pois, com cada uma das suas experiências, Copperfield evolui enquanto ser humano, retirando do que vê, de bom e de mau, nos que o rodeiam, uma lição sobre o que deve ser. Mas esta não é só a história do seu narrador, mas também o retrato de uma sociedade onde o bem e o mal coexistem num estranho equilíbrio e onde cada um dos seus elementos tem também o seu papel no plano global dos acontecimentos.
É precisamente na caracterização da sociedade da época que está o lado mais complexo e mais impressionante deste livro. Há uma visão que, ainda que, por vezes, algo caricatural, das suas principais personagens, põe em evidência as maiores qualidades e os mais claros defeitos das personagens que definem a sociedade na qual Copperfield se movimenta. Cada indivíduo parece representar um elemento de uma classe maior, desde os Murdstone com a sua quase fanática obsessão pela severidade (que, ainda que de uma forma diferente) se reflecte também no papel de Mr. Creakle, à diferença de classes evidenciada na algo amarga história de Steerforth e da sua família, e na sua relação com a família de Peggotty, passando ainda pela falsa humildade de um muito detestável Uriah Heep que esconde no seu interior um vilão muito peculiar. Personagens como esta representam os meandros mais sombrios de um meio social que é bastante mais complexo que a história dos seus indivíduos e que se complementa também pelos igualmente caricatos, mas muito bem conseguidos, exemplos de bondade, dos quais se destacam a incessante busca de Mr. Peggotty pela sua sobrinha perdida e o sempre altruísta apoio de Agnes a Copperfield.
Com um vastíssimo elenco de personagens e um enredo complexo tanto a nível de acontecimentos como de caracterização do ambiente em que estes ocorrem, não surpreende, portanto, que o ritmo da narrativa seja pausado e marcado por uma forte componente descritiva. Não é, por isso, uma leitura compulsiva, mas antes um livro para apreciar lentamente, assimilando os muitos detalhes que são apresentados, bem como a visão mais global por detrás da história dos indivíduos que povoam este romance. Mas importa ainda voltar a falar do herói, pois, para além de narrador de uma longa aventura, sua e dos que o rodeiam, Copperfield é, apesar de tudo, protagonista, e há momentos na sua história pessoal que deixam também a sua marca. Particularmente na história da sua infância, após a entrada dos Murdstone na sua vida, e nas perdas que, ao longo do percurso, marcam a sua vida, Copperfield é também figura essencial nos momentos mais emotivos do livro. Momentos que, apesar de esporádicos, ficam na memória bem depois de terminada a leitura.
História do crescimento e da formação de um indivíduo, mas também retrato complexo e crítico da sociedade em seu redor, David Copperfield pode estar longe de ser uma leitura viciante, mas cativa e surpreende pela vasta quantidade de pormenores a descobrir ao longo da leitura. Um clássico que vale a pena ler.

sábado, 28 de abril de 2012

As Coisas que te Caem dos Olhos (Gabriele Picco)

Talvez por há anos não conseguir chorar, Ennio tem um fascínio por lágrimas e um dos seus hábitos é fotografá-las, sempre que as vê, para nelas tentar ler a sua história. Mas Ennio tem um passado de que fugir e é por isso que deixa Itália para trabalhar em Nova Iorque, cidade onde, acidentalmente, encontra um caderno de desenhos que o leva a conhecer uma rapariga japonesa com quem criará uma empatia inesperada. Ao mesmo tempo, também outras personagens encontram pontos de viragem nas suas vidas e as suas histórias de amor e de perda de amor acabarão por entrar na vida de Ennio para provocar um abalo inevitável...
Peculiar seria uma boa palavra para definir esta história em que muitas das personagens se definem pelas suas pequenas grandes estranhezas. Nem só as de Ennio, que, como protagonista, tem um desenvolvimento bastante maior que o dos restantes, mas também Arwin com a sua omnipresente câmara, Kazuko, com os seus estranhos desenhos e as suas cartas a Deus e até mesmo Gianny (sim, com y) e a sua dedicação ao yoga afegão. O que cada personagem tem de estranho distancia-os do mundo real, tornando evidente a ficção desta narrativa. Por sua vez, as experiências do seu lado emocional são o que os aproxima, num vislumbre bastante simples, mas também muito preciso, ao que há de universal na natureza humana.
Cria-se, assim, um contraste bastante interessante entre a estranheza das situações e a familiaridade do espectro emocional percorrido nesta história. Porque, mais que a história de um rapaz que não pode chorar ou de uma rapariga japonesa que faz desenhos estranhos, o que marca neste livro é a cativante abordagem com que, ao longo da história, os sentimentos são explorados. Trata-se, afinal de contas, de uma história de amor e de atracção, de afecto familiar, de perda e da culpa sentida pela perda, da capacidade de viver com o que dói e de agir ou de morrer por isso. As situações que lhe servem de base são simples, ainda que bizarras, e a forma como estas são desenvolvidas é também simples e directa - ainda que ocasionalmente pontuada por alguns rasgos quase poéticos. No fundo, são as emoções o que marca e a visão global que delas transparece.
Não é uma história particularmente complexa. Apesar da peculiaridade das circunstâncias, a história de Ennio é, na sua essência, muito simples. Há, contudo, uma vastidão de emoções a descobrir ao longo desta leitura e a forma quase inocente com que estas são desenvolvidas faz com que mesmo as circunstâncias mais estranhas em nada prejudiquem a leitura. Um livro curioso, em suma, mas de leitura agradável e com um final particularmente comovente. Gostei.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Diz-me Quem És (J. R. Ward)

Grace Hall é uma mulher de sucesso. O nome da família colocou-a no centro da elite social e o seu papel como presidente da fundação Hall bastaria para despertar muitos interesses. Mas Grace é também uma mulher muito diferente do esperado para quem se movimenta no ambiente dos ricos e bem-sucedidos e, enquanto luta para estar à altura do legado que lhe foi deixado pelo pai, Grace vê-se também sob a mira de um assassino. Assustada e sem saber exactamente o que fazer da situação, Grace vê-se na necessidade de contratar um guarda-costas. Mas John Smith, com o seu aspecto imponente e a evidente força de quem conheceu todo um passado de luta pela sobrevivência, talvez venha ser mais do que Grace esperava - ou do que ele próprio se julgava capaz de ser.
O mais interessante neste livro é, sem dúvida, a caracterização das personagens. Grace, com uma vida pessoal bastante mais complexa do que seria de esperar e uma personalidade forte e determinada, é bastante mais que a senhora que precisa de ser salva do vilão desconhecido. Mais que o medo ante o assassino que a parece ter escolhido como alvo, o que marca em Grace é a forma como esta se decide a enfrentar os problemas nas suas relações familiares e profissionais, decidida a ser ela mesma e não a sua reputação, mesmo quando as circunstâncias se tornam mais complicadas e até mesmo do pai que sempre julgara admirável se tornam evidentes os segredos. A personalidade de Grace serve, aliás, como base para algumas questões interessantes, principalmente na valorização excessiva de elementos como a linhagem e a reputação acima do que realmente define uma personalidade. E estes aspectos tornam-se particularmente evidentes no contraste que se cria entre os mundos de Grace e de John. Forte e enigmático, mas com um lado humano que, quase involuntariamente se vai revelando, também ele representa o contraste entre a necessidade de definir uma imagem e o que verdadeiramente se esconde no interior.
A nível de enredo, não é surpresa nenhuma que seja o romance entre os protagonistas o ponto central da narrativa. Ainda que complementado pelas atribulações da vida familiar de Grace e pelo mistério do assassino (mistério que poderia, talvez, ter sido um pouco mais desenvolvido, pois fica, durante grande parte da história, num discreto segundo plano), é do evoluir da relação entre Grace e John (e da forma como esta os muda) que trata grande parte da história. Fica, pois, por vezes, a impressão de que mais poderia ser dito sobre os outros elementos apresentados ao longo do romance, particularmente no que diz respeito ao passado do pai de Grace, mas também ao do próprio John. Cria-se, apesar disso, uma agradável envolvência nas relações entre as personagens e há, nas situações mais emotivas e nos laivos de humor que vão surgindo, momentos realmente muito bons.
Com uma história cativante e com um duo de protagonistas que, apesar do ocasional momento de estranheza, têm nas suas personalidades muito de interessante para explorar, Diz-me Quem És apresenta um enredo cheio de romance e sensualidade, complementado com uma interessante história familiar e alguns laivos de mistério. Uma boa leitura.

Novidade Asa


Emily tem uma vida de sonho: uma casa maravilhosa nas colinas da Toscana, três filhos lindos (Siena, Paris e Charlie), um marido gentil, e um emprego que consiste em descrever tudo isto na coluna de um jornal inglês. 
Mas quando o marido a deixa por SMS, ela tem subitamente de enfrentar uma nova e dura realidade: está isolada numa região rural cuja língua não domina, sem dinheiro e entregue a uma empregada doméstica psicótica. E como se isto não bastasse, Siena, a filha mais velha, está perdida de amores pelo galã da zona; Paris, a filha do meio, está perigosamente magra; e Charlie, o seu bebé fofinho, está a transformar-se num fedelho irritante.
Mas o seu trajecto rumo ao desespero tem também o efeito de a aproximar da aldeia de Monte Albano, um lugar mais intenso e mágico do que alguma vez imaginou. Depois de anos a descrever uma Toscana idílica nas suas Cartas, Emily descobre finalmente a vida genuína e complexa da região… e um homem intrigante que tem para lhe oferecer a maior aventura da sua vida.
 A autora faz-nos viajar pelas paisagens italianas da Toscana e pelos costumes italianos.


Domenica de Rosa começou a sua carreira na revista Bookseller, em comunicação e edição infantil. Vive em Brighton com o marido e os filhos. Para além de Cartas da Toscana, na ASA está já publicado o seu romance Aquele Verão na Toscana.

Novidade Bertrand


Estamos no ano de 1920 e Joaquín Buitrago, cuja atormentada vida o levou a tornar-se fotógrafo de pacientes do manicómio mexicano La Castañeda, encontra entre as mulheres que retrata Matilda Burgos. Obcecado com a identidade desta doente, uma vez que está convencido de que a conheceu anos antes no célebre bordel La Modernidad, trata de reunir informações sobre ela. Tal como Joaquín vai descobrindo a pouco e pouco, Matilda, que nasceu nos campos onde se cultivava a perfumada baunilha, chegou de pequena à capital para cair nas mãos de um familiar que a usou para pôr em prática uma singular teoria médico-social. A maré de recordações, a partir da qual vai surgindo a turbulenta existência de Matilda, provoca também no fotógrafo uma reflexão acerca da sua própria vida e da sua dependência dos narcóticos. 

Cristina Rivera Garza nasceu em Matamoros, no México, em 1964. Doutorada em História, foi professora em várias universidades norte-americanas e, desde 1997, ensina História do México na San Diego State University. É autora de dois livros de relatos: La guerra non importa (Prémio Nacional 1987) e  Ningún reloj cuenta esto, do livro de poesia  La más mía e dos romances  Desconocer (finalista do Premio Juan Rulfo 1994) e La cresta de Ilión. Ninguém me há de ver chorar, o seu segundo romance, mereceu os mais rasgados elogios por parte de escritores como Carlos Fuentes e prémios como o Premio Nacional de Novela, o IMPAC-Conarte-ITESM 1999 e o Sor Juana Inés de la Cruz 2001. Neste romance confluem as duas grandes paixões da autora, a literatura e a história.

Novidade Alphabetum


“Esta ânsia de infinito tem um preço por vezes demasiado elevado, e esse
preço é o desassossego, a incomodidade, o estar a mais em toda a parte e a menos em parte alguma...”, escreve José Jorge Letria sobre a escritora.
Saindo da conjugação das águas e do fogo do primeiro livro de poesia de Regina Correia, “Noite Andarilha” (Universitária Editora), em que a noite era lugar de exílio, de queda e de ascensão mas da viagem promissora, da celebração dos sentidos, nos versos de “Sou Mercúrio, Já Fui Água” assiste-se à metamorfose dorida da alma a que a rutura entre terra e ar rouba o fulgor da luz, transformando os fins de dia em veneno fatal, que só a poesia poderá salvar. 

O livro é lançado em 5 de maio, pelas 16h00, na sede da Associação dos Antigos Alunos do Ensino Secundário de Cabo Verde pela Alphabetum Edições Literárias.
O livro será apresentado por José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sangue Ardente (Charlaine Harris)

Lutar pela sobrevivência começa a ser algo normal na vida de Sookie Stackhouse. Entre o inexplicável incidente no Merlotte's, cujo culpado Sookie apenas consegue vislumbrar, a evidente tensão entre Eric e a vampira que este criou, o misterioso comportamento das fadas que a rodeiam e os eternamente complexos meandros da hierarquia vampírica, Sookie não tarda a perceber que é provável que esteja em sarilhos... outra vez. Mas nada do que a rodeia é o que realmente espera e, desta vez, a telepata ver-se-á activamente envolvida numa conspiração que pode abalar os rumos da política vampírica. E as suas vulnerabilidades humanas serão particularmente evidentes, quando confrontadas com o lado mais negro dos vampiros.
Tal como nos volumes anteriores desta série, os pontos fortes que se destacam são o ritmo compulsivo e o cativante sentido de humor. À medida que a história de Sookie se torna mais e mais complexa, torna-se também mais interessante ver como a protagonista se adapta a um mundo que é completamente diferente da por vezes desejada normalidade, mas no qual tem um importante papel a desempenhar. As suas ligações às figuras sobrenaturais tornam-se mais intrincadas, quer com a revelação de novos elementos no que respeita ao mundo das fadas, quer com as alterações em curso na hierarquia dos vampiros. Não podendo, devido ao seu poder e à sua natureza, evitar a interacção com qualquer dos dois mundos, é interessante acompanhar o desenvolvimento da personagem: as boas características - a força, o sentido de humor, a consciência no sítio certo - de Sookie não se perdem, mas a sua personalidade adapta-se ao lado menos... humano... do mundo de que, queira ou não, passou a fazer parte.
Há uma série de desenvolvimentos interessantes a nível da vida pessoal da protagonista, mas a questão de quem será o homem (ou vampiro? ou lobisomem?) com quem Sookie acabará por ficar deixa de ser um ponto de destaque. Tanto a sua relação com Eric como as interacções com os antigos... pretendentes... têm, ao longo do livro, uma série de momentos interessantes, mas não é esse o ponto fulcral da narrativa. E, com tanta coisa a acontecer ao longo do livro, é agradável ver o equilíbrio que se criou ente a vida pessoal e emocional de Sookie e o cenário mais vasto em que esta está envolvida.
Acção constante, uma série de novas revelações a surgir ao longo do enredo e uma história que cresce em intensidade para culminar num final marcante e que deixa bastante curiosidade para o que virá no volume seguinte, este é, em suma, um livro viciante, com uma escrita e uma história cativantes e onde a vida da protagonista e o mundo que a rodeia são desenvolvidos de forma equilibrada e sempre interessante. Muito bom.

Novidade Porto Editora


Ela é uma modista de chapéus pouco conhecida; ele, um ghostwriter de políticos menores e  personalidades duvidosas. Quando trocam a pacata Aix-en-Provence pela imponente Paris, levam consigo toda uma bagagem de sonhos e promessas de  glamour. Porém, o crescente sucesso profissional do marido depressa reduz Mara ao papel de mãe e dona de casa, arrastando-a para um abismo de solidão e desencanto.
É então que se envolve com Matthéo, um jovem  chef mais novo do que ela, e de súbito se vê enredada numa espiral de sentimentos contraditórios onde a lealdade, a luxúria e o dever encerram as agonizantes perguntas: poderá uma adúltera ser uma boa mãe? 
Poderá ela esperar que este amor proibido a salve de si mesma e da sua falta de fé?

Tânia Ganho nasceu em Coimbra, onde estudou e deu aulas de tradução como assistente convidada da Universidade. Depois de ter feito legendagem de filmes durante vários anos e de ter passado pela redação da SIC como tradutora de informação, decidiu dedicar-se exclusivamente à literatura. É tradutora de autores como David Lodge, Ali Smith, Rachel Cusk, Chimamanda Ngozi Adichie, Annie Proulx, Abha Dawesar, Jeanette Winterson e Anaïs Nin, entre muitos outros. 
Tem já publicados os romances  A Vida sem Ti,  Cuba Libre  e  A Lucidez do Amor, este último na Porto Editora.

Novidade Oficina do Livro


O «Mistério da Boca do Inferno» assombrou gerações durante décadas. O inexplicável desaparecimento do célebre mestre do oculto e da magia negra Aleister Crowley, com a conivência do escritor Fernando Pessoa, colocou Portugal e a Europa em sobressalto nos anos 30.
 Mas, factos só agora revelados demonstram que a conspiração se prolongou muito para lá do seu tempo, chegando aos dias de hoje e envolvendo uma perversa teia de sexo e manipulação orquestrada por uma criatura demoníaca, da qual foi vítima o Anjo que Queria Pecar.
 Os títulos de cada capítulo do livro são frases escritas por Fernando Pessoa ou por seus heterónimos.


Autor do bestseller O Fim da Inocência, Francisco Salgueiro nasceu em Lisboa, em 1972. Licenciado em Comunicação Empresarial, é sócio de uma empresa de marketing digital, Wibii Marketing Tailors. Publicou dez livros, dos quais se destacam Homens Há Muitos e A Praia da Saudade.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Paixão Escura (Gena Showalter)

Durante semanas, a presença invisível que parecia acompanhar os seus movimentos disse a Aeron que alguma entidade fora enviada para o eliminar. Mas quando essa figura se materializa na forma de Olivia, que afirma ter caído dos céus por se ter recusado a magoá-lo, Aeron tem dificuldades em acreditar. O problema é que o seu demónio - e também uma parte de si mesmo - tem uma opinião bem diferente. Agora, e ao mesmo tempo que ele e os seus amigos têm de lidar com a sempre mutável ameaça dos Caçadores, Aeron tem de encontrar uma solução para o problema que é ter Olivia na sua vida, ciente de que não lhe resta muito tempo e que todos os acordos possíveis implicam perdê-la...
Para quem acompanha esta série desde o início, não será surpreendente que, mais uma vez, o romance e a sensualidade tenham o protagonismo ao longo de grande parte da narrativa. É a evolução da relação entre Aeron e Olivia o foco central da história e é também esta dupla a proporcionar os melhores momentos de todo o livro, não só a nível de crescimento da atracção, mas principalmente na evolução dos afectos, culminando numa fase final onde o tal amor que é protagonista se revela de uma forma particularmente intensa, tendo como força essencial o espírito de sacrifício. Mas nem só de emoção e de atracção vive o enredo romântico e os óbvios contrastes entre a natureza dos dois protagonistas servem também para criar alguns agradáveis momentos de humor.
Também interessante na relação dos protagonistas é a forma como esta permite inserir novos elementos ao sistema dos Senhores do Submundo. Há novas revelações a ocorrer sobre os Caçadores - e é Olivia enquanto ente invisível que teve os meios de obter a informação. E há ainda o papel da própria Olivia enquanto anjo caído a servir de base para explorar um elemento até então pouco desenvolvido - a hierarquia celestial e a Única Divindade Verdadeira. Fica, neste aspecto, a impressão de algo por dizer, já que a história do anjo Lysander (referida várias vezes ao longo do livro) é contada na novela "The Darkest Angel". Fica, pois, a sensação de alguns elementos que soariam menos estranhos com uma leitura prévia dessa novela. Não são, ainda assim, elementos essenciais à percepção do rumo da história de Aeron.
Há também uma história para lá do romance e a aparição dos restantes Senhores do Submundo cria também vários bons momentos. Não têm tanto destaque como em livros anteriores, é certo, mas os seus momentos de protagonismo permitem vislumbrar não só o conflito com os Caçadores de uma perspectiva mais global, mas reunir pistas para o que virá nos próximos volumes, além de tornar mais visíveis os laços que existem entre os habitantes da Fortaleza.
De leitura agradável e com uma história cativante, Paixão Escura acrescenta novos elementos a um sistema já bastante interessante, ao mesmo tempo que desenvolve um romance equilibrado entre a sensualidade e o afecto, com as medidas certas de conflito, acção e emoção. Gostei de ler, portanto.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Filho do Dragão (Sandra Carvalho)

Terminada a batalha que destruiu a Ilha dos Sonhos, Kelda julga estar a tomar a única decisão que permitirá salvar o seu povo ao tomar o lugar da Sacerdotisa dos Penhascos. Mas a situação é mais complexa do que parece e a escolha de Kelda coloca-a numa posição delicada. Por um lado, a imagem que tinha do irmão é bastante diferente daquilo que encontrará. Por outro, as forças que se reúnem em torno do Filho do Dragão são bastante mais vastas e complexas do que a mente de Kelda podia abarcar. E, ao mesmo tempo que descobre que ninguém é exactamente aquilo que esperava, Kelda terá também de fazer o inaceitável para manter intacta a sua posição em território inimigo.
Se, ao longo dos volumes anteriores, a história vinha já a seguir um rumo progressivamente mais sombrio, em O Filho do Dragão este caminho atinge um ponto de não retorno. Ao colocar a protagonista em ambiente hostil e na necessidade de assumir uma inevitável duplicidade, é inevitável que o curso da narrativa siga pela revelação do lado mais cruel e tenebroso do conflito. A ligação que Kelda julgara ter com Halvard é desenvolvida como algo bem diferente do que a protagonista esperava e o seu papel a desempenhar naquele cenário coloca-a perante a necessidade de fazer uma escolha quando nenhuma das possibilidades se afigura tolerável. Isto permite, portanto, revelar o melhor e o pior de Kelda, desenvolvendo tanto as suas forças como as vulnerabilidades, humanizando-a pelas escolhas erradas, sem por isso menorizar os seus momentos de força.
Ao contar a vasta maioria da história na primeira pessoa, cria-se também uma visão mais pessoal do conflito maior. É através de Kelda - com os seus dilemas, as suas visões e as suas acções - que o evoluir dos acontecimentos em redor é dado a conhecer. Sente-se, portanto, a ausência de algumas personagens já familiares, mas fortalece-se o impacto de cada acção na protagonista e na sua visão dos que o rodeiam. Mas nem só de Kelda vive esta história e a sua presença junto de Halvard serve também para revelar um lado inesperado de outras personagens. Aqui, destaca-se, como não podia deixar de ser, o papel de Sigarr, cujo enigmático modo de agir serve não só para criar alguns dos momentos mais intensos da narrativa, como para base de reflexão sobre a possibilidade de redenção e de mudança no espírito humano.
Numa história que se define tanto pelos pequenos momentos - já que Kelda está a descobrir como (sobre)viver ante o inimigo - como pelas grandes batalhas, é natural que o ritmo da narrativa seja relativamente pausado. Há, ainda assim, momentos de grande intensidade, tanto a nível de conflito entre forças como de simples impacto emocional, o que, aliado a uma escrita fluída e cativante, faz com que a leitura nunca deixe de ser envolvente.
Personagens cativantes, uma protagonista forte, mas humana e falível, e uma história envolvente e com as medidas certas de emoção e empatia são, portanto, os grandes pontos fortes deste livro que, introduzindo nos rumos da história um curioso equilíbrio de esperança e fatalismo, deixa no ar muita curiosidade para o que virá no final. Muito bom.

Novidade Bertrand


Um romance sobre a terceira mulher de Henrique VIII da Inglaterra. Das seis mulheres com quem casou, Henrique VIII teve como rainha predilecta Jane Seymour, a única a dar-lhe um herdeiro que sobreviveu aos primeiros meses e que viria a ser o rei Eduardo VI.
Filha de uma família nobre e ambiciosa, Jane Seymour é nomeada dama de honor de Catarina de Aragão, a mulher de Henrique VIII. Muito dedicada a Catarina, é com tristeza que Jane assiste às manipulações de Ana Bolena para se tornar rainha, que incluem o assassínio de alguém que sabia um segredo seu. Também Jane se torna vítima do ódio de Ana quando esta descobre o interesse do rei por ela. Como Ana Bolena não lhe consegue dar filhos, o rei pede a Jane que seja a sua próxima rainha. 
Dividida entre o seu coração e a lealdade ao rei, Jane tem uma difícil escolha a fazer.

Carolly Erickson é historiadora e tem recebido muitos prémios tanto pelas suas obras de ficção como de não-ficção. Os seus livros têm também o reconhecimento dos leitores e são  best-sellers do  New York Times. A autora vive no Havai.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Silêncio Poético (Hélder Castro)

Introspectivo, por vezes soturno nas imagens que evoca, é nas ideias que servem de base a este conjunto de poemas, que está o ponto forte deste livro. Na maioria relativamente breves, mas contendo uma série de ideias curiosas e de imagens surpreendentes, há em cada poema algo de interessante para descobrir, sendo possível encontrar, inclusive, na totalidade do conjunto, alguns textos particularmente bons.
Mas há um problema. Trata-se de um aspecto que facilmente teria sido resolvido com uma revisão cuidada, pelo menos na maioria dos casos, mas que, como está, prejudica seriamente o ritmo da leitura,  passando para um pouco evidente segundo plano os elementos interessantes no conteúdo. É que as gralhas, erros ortográficos e falhas de concordância que surgem ao longo do livro são muitas e evidentes, sendo, por vezes, impossível apreciar as ideias contidas no poema, porque os problemas saltam à vista.
E as ideias são realmente interessantes. Há, neste conjunto, alguns poemas em que, não surgindo as falhas de escrita, a leitura se torna cativante, as imagens surpreendem e o resultado final acaba por ser bastante interessante, principalmente nos textos em que a rima e/ou a métrica não surgem como factores de limitação (o que também acontece num ou outro poema em que as palavras de fim de verso parecem ser um pouco forçadas). Infelizmente, nos restantes textos, estas ideias perdem-se ante as fragilidades da escrita, deixando a impressão de um texto que poderia ser bastante mais, se tivesse beneficiado de uma revisão mais cuidada.
O que fica deste livro, portanto, é a impressão de um conjunto de ideias interessantes, algumas delas bastante bem concretizadas, mas que se perdem numa escrita que fica aquém do expectável. E é pena, porque havia potencial.

Novidade Alphabetum


O nascimento do Dinis não teve nada de anormal. Parecia um bebé vulgarmente saudável e foi recebido com a felicidade que traz uma criança a um jovem casal. Mas Dinis trazia mais consigo... Uma doença rara, única em Portugal. 
O “O Dom do Dinis”, livro a lançar a 30 de Abril pela Alphabetum Edições Literárias, na Sala de Âmbito Cultural, do El Corte Inglés de Lisboa, 18h00, conta, na primeira pessoa, a luta dos pais deste menino especial, Ana Terceiro e Paulo Rosa, para dar voltas ao mundo, à doença e, até, à ciência para que o filho tenha melhor qualidade de vida.
O livro retrata uma história real de determinação e coragem, de uma luta desleal travada com o destino que decidiu comunicar aos pais de Dinis, quando este tinha apenas 11 meses de vida, que o filho padecia de uma síndrome genética com complicações neurológicas muito complexa e rara, designando-se pela literatura médica como Leucoencefalopatia (LCC), calcificações e quistos cerebrais. Uma doença incurável e sem gene conhecido. Frustrados com o fracasso dos médicos e com a ausência de respostas por parte da ciência, incluindo de medicação, Ana Terceiro e Paulo Rosa tiveram de aprender a lidar com um filho que possuía o diagnóstico nº 20 de uma doença rara. A família arregaçou mangas e iniciou uma batalha científica para melhor entender o “inimigo”, na esperança de descobrir algo que pudesse deter o avanço da doença invisível que lentamente destruía e calcificava o cérebro de Dinis.

Este livro conta ainda com a especial participação do BIPP – Banco de Informação de Pais para Pais, que reuniu em compilação todos os direitos e recursos para a deficiência de acordo com a legislação actual.

Novidade Bertrand


Dois anos depois de o seu filho Matthew ter desaparecido no Central Park, Zan continua dividida entre a esperança e o desespero. Sem qualquer pista em relação ao sucedido, nunca deixou de acreditar que o filho continua vivo. Mas agora, que Matthew teria cinco anos, começam a surgir fotografias que parecem mostrar ter sido a própria Zan a raptar o menino. Muitas outras coisas estranhas começam a acontecer: dinheiro que desaparece a Zan, o seu nome usado em situações que lhe são alheias. 
Perseguida pela imprensa, atacada pelo ex-marido e desacreditada por todos, começa a duvidar da sua própria inocência. Poderá ter sido ela a sequestradora? Sofrerá de algum distúrbio mental?
Num final explosivo, tão característico de Mary Higgins Clark, as peças do puzzle encaixam finalmente numa revelação inesperada e chocante.

Mary Higgins Clark  é autora de mais de trinta romances que obtiveram um êxito assinalável, tendo vendido mais de 150 milhões de exemplares dos seus livros em todo o mundo. 
Foi secretária e hospedeira, mas depois de se casar dedicou-se à escrita. Com  a morte prematura do marido, que a deixou com cinco filhos pequenos, a autora investiu na escrita de guiões para rádio e, depois, nos romances. Rapidamente se tornou um dos grandes nomes da literatura de  suspense, conquistando os tops de vendas, a crítica e os fãs. 
Foi eleita Grand Master dos  Edgar Awards 2000 pela Mystery Writers of America, que também lançou um prémio anual com o seu nome. Já foi presidente da Mystery Writers of America, bem como do International Crime Congress.

Vencedor do passatempo O Filho do Dragão


E está terminado mais um passatempo, desta vez com 86 participações. Como habitual, falta agradecer a todos os que enviaram as suas respostas, e dar os parabéns ao vencedor, que é...

21. Teresa Carvalho (Estarreja)

Parabéns e boas leituras!

domingo, 22 de abril de 2012

O Preço do Dinheiro (Ken Follett)

Esta é a história de um secretário de estado que, depois de uma noite de transgressão conjugal, se vê numa situação delicada. De um criminoso preparado para cometer o assalto de uma vida. De um homem de negócios a preparar-se para uma transacção arriscada. E da redacção de um jornal à espera de uma história digna da primeira página. À primeira vista, as relações entre estas personagens são pouco mais que casuais... mas, quando os mundos do crime, da imprensa e da alta finança se cruzam, o resultado pode ser uma história bombástica... que talvez nunca possa ser contada. 
Com capítulos curtos e uma escrita bastante directa, este é um livro em que o primeiro aspecto a surpreender é a forma como um conjunto relativamente amplo de personagens conseguem ser desenvolvidas sem que fique a impressão de algo em falta, mas numa abordagem relativamente sucinta e centrada na narração dos factos principais. Não há uma caracterização a fundo do passado das personagens, mas antes uma série de referências, espalhadas ao longo da história principal, que permitem não só ter uma visão bastante clara das suas personalidades como criar inesperados momentos de empatia.
É a acção o foco central deste livro, tanto nos acontecimentos relacionados com o assalto como no que diz respeito ao mundo dos negócios e até mesmo na busca dos jornalistas pela sua história. Não há um único momento parado em toda a narrativa e é também esta impressão de haver sempre algo de relevante a acontecer que define o ritmo viciante da história. Ritmo que cresce em intensidade à medida que mais é revelado sobre os meandros em que se movem as personagens, culminando num final que é não só surpreendente por fugir ao clássico final em que justiça é feita e os "maus" pagam pelos seus actos, mas que, apesar disso, se conclui evocando uma certa forma de justiça poética.
De leitura compulsiva, com uma boa história e um conjunto de personagens que, desenvolvidas ao ritmo a que a sua caracterização é necessária para a história, O Preço do Dinheiro apresenta uma história que, aparentemente simples e desenvolvida de forma bastante directa, surpreende pela complexidade das circunstâncias que definem, afinal, o seu enredo. Cativante, com a medida certa de empatia e um final particularmente inesperado, um livro viciante da primeira à última página.

sábado, 21 de abril de 2012

Segredos do Passado (Mary Nickson)

Desde que inauguraram o seu centro de artes, os cursos organizados por Isobel e Giles sempre foram um refúgio para todo o tipo de pessoas. Mas, desta vez, o curso e escrita criativa irá reunir um grupo muito especial. Entre membros com um potencial inexplorado e outros inconscientes das suas próprias limitações, serão as sombras dos passados de alguns deles a motivar as grandes mudanças nas suas vidas. E, particularmente para Louisa, com a necessidade de uma nova vida depois da luta contra a doença, para Marnie, cuja sombra do passado lhe impõe agora a demanda de um lugar que talvez seja o sentido da sua vida, para Christopher, alvo da atenção das duas mulheres e ele próprio em luta contra um passado que nunca deixará de fazer parte de si, e para Isobel, com a sua atribulada vida familiar, aquele tempo passado nas misteriosas paisagens escocesas será um ponto de viragem para os seus caminhos...
Tendo um conjunto relativamente amplo de personagens principais, não é, difícil, ainda assim, adivinhar qual delas se destacará. Os primeiros capítulos do livro, ao apresentar um momento particularmente marcante no passado de uma dessas personagens, dão, desde logo, uma indicação do papel dominante que esses eventos terão em acontecimentos futuros. Ainda assim, não é desse lado misterioso e algo sombrio que se define a história e é o centro de Isobel e Giles o cenário central de grande parte da narrativa. Também nem só da história da demanda de Marnie ou sequer do quase triângulo amoroso em que esta se vê envolvida se define esta história. A história de Louisa existe para lá dessa relação e o mesmo acontece com a de Marnie e, em particular, de Christopher, cujo passado (e respectivas consequências) acaba por ser um dos elementos mais interessantes em toda a narrativa, em conjunto com a situação familiar de Isobel e Giles.
Com tantas personagens reunidas, cada uma com uma história para os definir (e ainda que algumas tenham um maior destaque), é natural que o ritmo da narrativa não seja propriamente intenso. A história evolui de forma gradual e os pequenos momentos têm tanta importância como as situações mais emotivas. A escrita é cativante, ainda que não de leitura compulsiva, e a descrição do cenário é particularmente agradável, o que resulta numa história envolvente, em que vários aspectos das personagens servem para criar empatia e onde as situações mais complicadas conseguem despertar momentos mais comoventes.
Fica, nalguns aspectos, a sensação de que mais haveria a dizer, principalmente a nível do que realmente aconteceu com Marnie aquando da intervenção da sua "protectora", e da forma como esta resolve algumas consequências de gestos mais impulsivos. Não sendo aspectos essenciais para que a linha central da narrativa esteja completa, fica, ainda assim, a sensação de uma curiosidade insatisfeita, até por serem elementos com bastante potencial.
Trata-se, portanto, de um livro cativante que, com um ritmo pausado, mas com uma história interessante e personagens cujos passados despertam empatia, surpreende pelos momentos de maior intensidade emocional, bem como pelas personalidades cativantes, mas falíveis, dos principais intervenientes na história. Uma boa leitura, em suma.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Devota (Ricardo Tomaz Alves)

Sara foi educada no seio de uma família religiosa e, como tal, sempre teve uma fé absoluta no que lhe era ensinado sobre Deus e a religião. Mas os anos passados num colégio de freiras não servirão apenas para solidificar essa visão da vida tal como lhe é apresentada. Ao conhecer Tomás, Sara descobrirá um mundo onde questionar é tão mais importante do que acreditar e, para lá das injustiças vividas no colégio e dos actos que põem em causa tudo aquilo que lhe foi ensinado, Sara ver-se-á confrontada com um mundo mais vasto e mais complexo do que o que lhe foi apresentado na sua educação. E talvez ela não esteja preparada para lidar com esse mundo...
Com um início que surpreende pela situação peculiar que apresenta, e recuando depois ao passado da protagonista, este livro cativa, desde logo, por essa situação invulgar que desperta curiosidade em saber como se chegou àquele ponto. Cria-se, portanto, um imediato ambiente de envolvência, que se mantém ao longo da globalidade da história, mas que tem nos momentos vividos no colégio e na fase final dos acontecimentos os seus pontos de maior intensidade.
Apesar de alguns capítulos mais explicativos, a construção da história centra-se, em grande parte, na narração dos acontecimentos, deixando a reflexão sobre as temáticas como consequência das situações narradas. A pessoa em que Sara se transformou, com as suas circunstâncias delicadas, é, em primeiro lugar, um reflexo das suas experiências de vida, mas também uma base de reflexão sobre o contraste entre o dogma e a descoberta do conhecimento, entre a necessidade de aceitar o que é apresentado como verdadeiro e o caminho de busca de uma verdade pessoal. Revela-se, assim, um lado filosófico ao longo de uma história que, à primeira vista, parece ser bastante simples, culminando num final em que essa simplicidade da vida e as possíveis complexidades de uma reflexão sobre o mundo quase entram em colisão directa.
Sendo uma história relativamente curta, fica, por vezes, a impressão de que alguns aspectos poderiam ter sido mais desenvolvidos, nomeadamente a nível dos encontros na Casa e das relações complicadas na vida de Sara - tanto a nível familiar, como da sua presença no colégio. Fica a curiosidade em saber mais. Ainda assim, o essencial está lá e a narrativa flui de forma agradável, numa leitura cativante e, por vezes, surpreendente.
História de crescimento pessoal e interior, mas também interessante reflexão sobre a aceitação (ou não) das crenças estabelecidas, este é um livro que, apesar da aparente simplicidade na narração dos factos, introduz uma interessante perspectiva acerca da complexidade do mundo. Uma boa história, portanto, e uma leitura agradável.

Novidades Esfera dos Livros para Abril


Com apenas 7 anos Maria da Glória torna-se rainha de Portugal. Um país do outro lado do oceano que nunca havia pisado. A sua infância foi vivida no Brasil, entre o calor e os papagaios coloridos que admirava na companhia dos seus irmãos e da sua adorada mãe, D. Leopoldina. A ensombrar esta felicidade apenas Domitília, a amante do seu pai, Imperador do Brasil e D. Pedro IV de Portugal.
Em 1828 parte rumo a Viena para ser educada na corte dos avós. Para trás deixa a mãe sepultada, os seus adorados irmãos e a marquesa de Aguiar, sua amiga e protectora. Traída pelo seu tio D. Miguel, que se declara rei de Portugal, e a quem estava prometida em casamento, D. Maria acaba por desembarcar em Londres onde conhece Vitória, a herdeira da coroa de Inglaterra a quem ficará para sempre ligada por uma estreita relação de amizade.
Aos 15 anos, finda a guerra civil, D. Maria pisa pela primeira vez o solo do seu país. Seria uma boa rainha para aquela gente que a acolhia em festa e uma mulher feliz, mais feliz do que a sua querida mãe. Fracassada a sua união com o tio, agora exilado, casa-se com Augusto de Beauharnais que um ano depois morre de difteria. Maria era teimosa, não desistia assim tão facilmente da sua felicidade e encontra-a junto de D. Fernando de Saxo-Coburgo-Gotha, pai dos seus onze filhos, quatro deles mortos à nascença.
Esta é a história de uma rainha que fez tudo pelo seu reino. Isabel Stilwell, autora bestseller de romances históricos em Portugal, leva-nos a um dos períodos mais conturbados da História de Portugal, tendo como pano de fundo as guerras entre liberais e absolutistas, para nos contar a história desta rainha, mulher, mãe dedicada e política de pulso forte e coragem inabalável que durante dezanove anos comandou os destinos de Portugal.

Isabel Stilwell é jornalista e escritora. Atualmente é directora do jornal Destak. Foi directora da revista Notícias Magazine, e tem um longo percurso na imprensa escrita. Depois do enorme sucesso do seu primeiro romance, Filipa de Lencastre, A rainha que mudou Portugal (25.ª edição), Isabel Stilwell consagrou-se como autora portuguesa de romances históricos com o seu segundo livro Catarina de Bragança, A coragem de uma infanta portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra (17.ª edição) e com D. Amélia, A rainha exilada que deixou o coração em Portugal (13.ª edição).

Este é um livro íntimo e corajoso que vai para além da solenidade das fotografias oficiais, do sorriso majestoso, do protocolo da corte e também das biografias canónicas, para chegar, pela primeira vez, ao território desconhecido e misterioso que é a alma de Sofia.
Uma mulher fria por fora, mas apaixonada por dentro, com uma infância difícil, uma juventude atormentada e um longo amadurecimento cheio de momentos de felicidade plena, mas também de enormes decepções e sofrimentos.
Esta biografia apresenta dados inéditos e personagens interessantes, mostra-nos uma rainha que alcançou a pulso, com grandes sacrifícios e um elevado custo pessoal, o lugar que ocupa na História de Espanha, mas cuja vida privada não lhe trouxe a felicidade que todo o ser humano merece. Princesa de um país pobre e marginal, conheceu a fome, o frio, os ratos... No exílio mais duro de um mundo em chamas, cresceu ao lado de uns pais de personalidade surpreendente, apaixonou-se por quem não a quis, casou com quem devia e lutou como uma fera ao lado do seu marido num período vibrante e perigoso do passado de Espanha para conseguir ocupar o trono. Valeu a pena? O preço foi demasiado alto?
A Solidão da Rainha aborda a vida de Sofia em profundidade, com respeito, mas também de bisturi na mão, com a intenção de trazer mais luz sobre uma vida apaixonante, com a qual iremos rir, chorar, indignarmo-nos e admirarmo-nos e também inteirarmo-nos de factos incríveis, que parecem não caber numa só vida humana.

Pilar Eyre (Barcelona) estudou Filosofia e Letras e Ciências da Informação. Exerceu jornalismo como colunista, entrevistadora e repórter em vários jornais e revistas (Hoja del Lunes, Mundo Diário, La Vanguardia, Interviú, El Periódico de Catalunya e El Mundo, entre outros) e colaborou também em diversas emissoras de rádio e televisão. É autora de vários livros, entre os quais cabe destacar: Segredos e Mentiras da Família Real Espanhola, publicado em Portugal pela Esfera dos Livros com grande sucesso.

A vida é feita de celebrações. De pequenos grandes momentos que merecem ser festejados. Da notícia da gravidez tão desejada de uma amiga, à celebração do Natal ou da Páscoa que reúne toda a família, do dia da mãe que merece sempre um carinho especial, ao almoço de domingo, da festa de aniversário de graúdos que nos enche a casa, à celebração de mais um ano da pequenada que não para de crescer. Do aniversário de casamento, ao dia de São Valentim… Para Joana Roque só há uma forma de celebrar todos os momentos únicos que a vida tem para nos oferecer: à mesa. Entre um bom prato de bacalhau, uma carne assada, uma fatia de bolo de cenoura, uma chávena de chocolate quente ou um copo de sangria, partilhamos sonhos, promessas, conquistas, alegrias e algumas tristezas. Brindamos à família, aos amigos, ao Ano Novo, ao amor e à amizade.
Depois do sucesso de Feito em Casa, em 8.ª edição, Joana Roque traz-nos mais de 300 receitas para celebrar a vida! Receitas práticas, fáceis de concretizar, que saem sempre bem e não pesam no nosso orçamento familiar. Sem esquecer as indispensáveis dicas práticas e os conselhos de economia doméstica que facilitam o nosso dia a dia.

Joana Roque tem 33 anos e é formada em Turismo pela Escola Superior de Educação de Coimbra. É casada e sempre gostou de cozinhar e de comer. Em abril de 2006 criou um blogue de dieta, para a ajudar com as suas tentativas para perder peso, mas rapidamente passou a ser solicitada para partilhar as receitas daquilo que comia. Em maio de 2006 surge então o blogue As Minhas Receitas, com receitas simples e acessíveis a todos. Em finais de 2008, surge o blogue A Economia Cá de Casa. Em 2010 editou com grande sucesso o livro Feito em Casa, 8ª edição. Colaborou com a SIC Mulher, no programa Mais Mulher e tornou-se presença regular na televisão e noutros meios de comunicação social onde partilha as suas receitas e as suas dicas de economia doméstica.

Está grávida e gostava de ter uma fralda com a inicial do nome do seu filho, ou fazer um mobile diferente, mas acha que é difícil de mais? O quarto do seu filho estava mesmo a precisar de umas caixas de arrumação coloridas para aqueles brinquedos todos. A sua sala necessita de umas almofadas novas, e já agora de uns cortinados, mas não tem orçamento para comprá-los na loja? Gostava de mudar o tecido da cabeceira da sua cama, mas não sabe como…
Tudo isto é possível com a ajuda preciosa de Joana Nobre Garcia. Depois do sucesso do anterior livro Costura-Mania, a autora traz-nos agora 105 projectos que prometem dar mais alegria à nossa casa. Como fazer cortinas, almofadas em forma de dinossauro ou de leão, toalhas para a casa de banho, sacos-cama, lençóis com um toque pessoal, uma almofada de leitura ou de amamentação, caixas decorativas, capas de edredons, toalhas de mesa, bolsas para os comandos da televisão e muito mais…
Não há desculpas. Joana Nobre Garcia explica-nos as técnicas, os materiais necessários, os truques que garantem o sucesso de cada projecto, dá-nos os moldes e, passo a passo, ensina-nos a fazer os nossos próprios objectos.

Joana Nobre Garcia é casada e mãe de três filhos. Licenciada em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, é responsável pela área comercial/financeira de uma empresa da família e professora do 1º ciclo de Costura Criativa no Real Colégio de Portugal.
É criadora e proprietária da marca Rosapomposa, onde cria objetos únicos, feitos à mão, desde brinquedos, sacos em tecido, embalagens em tecido a inúmeras utilidades. Desenvolve padrões para tecidos, kits Corte&Cose com o objectivo de fomentar as artes manuais entre os mais novos e  lecciona workshops para adultos e crianças.
É presença assídua em vários órgãos de comunicação social nomeadamente no programa Mais Mulher, na Sic Mulher. Colabora na revista NG Soluções e com a loja de tecidos Santo Condestável.

Um livro onde se fala (…) da relação entre pais e filhos, no que reporta ao estudo, entre pais e professores, entre a família e a escola, dessa coisa fantástica mas terrível que são as actividades extracurriculares, e também dos insucessos escolares, das falhas educativas, dos deficits de aprendizagem, das situações em que se sentem – pais e filhos – tristes, sem esperança, sem farol e sem rumo. De tudo isto o Renato nos fala. Com a calma de quem sabe. Com a atenção de quem se preocupa. Com a moderação e o bom-senso de quem tem experiência. E de um modo coloquial, acessível, que se lê com gosto.
Mário Cordeiro, in Prefácio

O meu filho não gosta da escola, como lhe consigo explicar a sua importância? Os trabalhos de casa são realmente necessários? Que metodologia de estudo devo incentivar no meu filho? Quais os alimentos que favorecem o estudo? Como devo reagir quando as notas são negativas? Estas e outras perguntas são respondidas neste livro por Renato Paiva, orientador educacional com vasta experiência no acompanhamento de pais e alunos.
Numa linguagem prática e directa, com exercícios, orientações claras, estratégias e ideias-chave que devemos reter, o autor ajuda-nos a escolher a melhor escola para os nossos filhos, a promover a autonomia de estudo, a enraizar métodos de aprendizagem desde cedo e a enfrentar problemas como a hiperactividade, a dislexia ou outras dificuldades de aprendizagem.

Renato Paiva é director da Clínica da Educação. Licenciado no Curso de Professores do Ensino Básico pela Escola Superior de Educação de Setúbal, mestre em Multimédia na Educação pela Universidade de Aveiro. Tem uma vasta experiência como formador, no apoio terapêutico-pedagógico às dificuldades de aprendizagem e na área da orientação escolar para pais e alunos. Em 2007, editou com a Esfera dos Livros o livro SOS Tenho de Passar de Ano.

«Bem alertou o Senhor Presidente que o corte dos subsídios aos funcionários públicos e aos pensionistas não era justo. E o Senhor Presidente sabia do que falava, pois ele também é um desses pensionistas. Lá por não jogar à bisca lambida no jardim de Belém com os outros reformados, não andar a ler todos os jornais gratuitos que oferecem nos semáforos e ganhar uma pensão 33 vezes mais alta do que a de 300 euros que eles têm não quer dizer que o Senhor Presidente não sofra com os cortes nas pensões. (…). Correu até o boato que o Senhor Presidente não ia assinar o Orçamento para 2012. Mas essas pessoas não conhecem o Senhor Professor Cavaco Silva como eu conheço. O seu dever é alertar. Não é vetar. (…) Felizmente durante os seus 48 anos de casado, o Senhor Presidente e a Primeira-dama foram sempre muito poupados. (…) Tivessem os outros reformados feito o mesmo e agora não andavam aí a protestar por tudo quanto é lado. Ganhavam o salário mínimo e não punham nada de lado? E agora queixam-se?! Como se diz na minha aldeia: no poupar é que está o ganho.»

Nascida em Horta da Vilariça, no final dos anos 40, Maria chegou a Lisboa ainda na flor da juventude. Nascida para trabalhar, rapariga de muita discrição, cedo ganhou a admiração nos corredores do Palácio de Belém. Testemunha privilegiada do dia a dia do palácio, Maria traz-nos ao longo destas páginas o relato inédito e não censurado dos bastidores da presidência do Professor Aníbal Cavaco Silva. 
Dos pequenos episódios da vida doméstica às audiências com as grandes figuras da política internacional, tudo é aqui registado de forma simples e apaixonada pela empregada do Presidente da República. 
Depois do bestseller O Cão de Sócrates, António Ribeiro regressa à escrita com pano de pó e espanador em punho, para nos abrir as portas do Palácio de Belém e narrar as peripécias de Maria, a empregada de Cavaco Silva. Das alegadas escutas em Belém, às relações institucionais com José Sócrates e Passos Coelho, do estatuto dos Açores, ao Orçamento de Estado de 2012, das ações do BPN, às pensões do Senhor Presidente da República. 
D. Maria, nascida em Horta da Vilariça, distrito de Bragança, nos anos 40 do século passado, veio para Lisboa com pouco mais de 20 anos para servir sete Presidentes da República. Cozinheira e empregada de limpeza ao serviço de Sua Excelência o Senhor Presidente da República.

Quando foi a última vez que arriscaste? Que disseste «não» alto e em bom som? Que saíste da tua zona de conforto, do sofá, da rotina doentia, dos padrões e moldes em que cresceste? Que agiste, pegando sem medo nas rédeas da tua vida?
Muitas vezes parece que vivemos ao sabor da vida. Somos conduzidos pela sociedade e os seus preconceitos, pelos limites que nos impusemos a nós mesmos e pelo medo, pura invenção da nossa mente. Sem qualquer tipo de amor-próprio, estima ou confiança, regemo-nos por valores que não são nossos, por pessoas que nos sorriem e a quem permitimos tudo e mais alguma coisa, mas que são verdadeiramente tóxicas para a nossa vida.
Chega de viver assim, não achas? É tempo de mudar e o risco é a graça da vida. É aventura, é o desconhecido, é a busca e a mais valiosa oportunidade para cresceres e alcançares aquilo que julgavas inalcançável, mas que afinal estava aqui tão perto.
Para viveres a tua vida em pleno, precisas de arriscar. Para isso tens de agir, de te entregar ao «agora», não te deixares influenciar pelos outros, as suas opiniões, críticas, os juízos de valor e entregares-te à vida com paixão.
O conhecido apresentador Gustavo Santos leva-te numa viagem transformadora ao longo destas páginas, convidando-te a mergulhar na tua vida, para te tornares mais feliz. Com mais de 100 poderosas perguntas que te vão fazer pensar e mudar a tua forma de viver e 11 exercícios que te vão mostrar que a vida pode ser muito mais do que aquilo que tu até agora pensavas ser possível...

Gustavo Santos nasceu a 27 de maio de 1977 e, desde cedo, dedicou-se às artes. Iniciou a sua aventura profissional na dança, tendo-se tornado campeão mundial de Hip-Hop com o grupo em Hexa, em Los Angeles. Agora podemos vê-lo como apresentador no programa da Sic Mulher, Querido, mudei a casa. Iniciou-se pela literatura, tendo já publicado três romances, e agora arrisca, como é seu timbre, numa nova área: a valorização pessoal. Orador em inúmeras palestras sobre o tema e sendo formado em Coaching segundo as normas da ICF.

Olá, eu sou Pedro Medeiros e sou o seu treinador pessoal. A partir de agora eu e você estamos juntos, página a página, exercício a exercício, para levá-la/o a concretizar os seus objectivos.

- Quer emagrecer?

- Tem barriga e não consegue perdê-la por mais abdominais que faça?

- Quer vestir as suas calças 36 que deixaram lhe de servir?

- Quer fazer exercício físico mas pretende ter um programa personalizado, adequado ao seu corpo, ao tempo que dispõe e aos seus objectivos de treino?

Tenho mais de quinze anos de experiência em ginásios e sou formador em Educação Física. Já vi de tudo. Pessoas que não conseguem manter-se motivadas e ao fim de uma semana de ginásio desistem, gente motivada que por fazer um plano errado de exercícios não consegue alcançar a sua meta e sente-se frustrada. 
Por isso decidi escrever este livro. Uma ferramenta prática para usar no ginásio, mas, caso não possa ou não queira inscrever-se, não tem desculpa porque este livro tem tudo o que precisa para fazer ginástica no conforto da sua casa. Trata-se de um manual com fotografias passo a passo de cada exercício, com técnicas e estratégias de treino, exercícios variados para as diferentes partes do seu corpo, conselhos para começar a correr, bem como dicas de alimentação, e de descanso adaptadas a si, à sua idade, ao seu caso, para que sejam eficazes e eu e você apresentemos elevados índices de sucesso. 

Pedro de Medeiros nasceu na cidade de Ponta Delgada, São Miguel, Açores, licenciou-se em Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana (lisboa). Posteriormente fez uma Pós-Graduação em Qualidade de Vida e Autonomia Funcional na 3ª Idade, e finalizou o mestrado em Treino de Alto Rendimento, também na Faculdade de Motricidade Humana. Trabalha há cerca de 15 anos na área de exercício e saúde, em entidades como o Holmes Place Health Clubs. Foi personal trainer de algumas figuras públicas como, Ana Rita Clara (apresentadora), Sabri Lucas (ator), Ana Guedes (pivot), entre outros(as). Foi o responsável pela rúbrica de fitness no programa Mais Mulher, na Sic Mulher .

Está farta de dietas que não funcionam? Que a obrigam a passar fome? Em que emagrece um quilo e logo recupera dois? Dietas com alimentos que não encontra nos nossos supermercados e restaurantes? Que a proíbem de comer o pão ao pequeno-almoço de que tanto gosta? Não quer tomar medicamentos nem suplementos dispendiosos para emagrecer?
Então este livro é para si. A nutricionista Ágata Roquete traz-lhe uma dieta inovadora, adaptada aos hábitos alimentares portugueses, onde o resultado é garantido. No final do mês, a sua balança vai acusar menos 3 a 6 quilos, se for mulher, e 5 a 8 quilos, se for homem.
Como? Tudo começa na primeira consulta onde a nutricionista lhe explica os alimentos proibidos – como batatas, massa, arroz, bolachas, isto é, os hidratos de carbono- e os alimentos que pode consumir à vontade diariamente. A partir daqui cada página deste livro acompanha-a dia a dia, com dicas práticas, conselhos úteis que a motivam, e receitas variadas do que pode cozinhar. Uma nota importante: uma vez por semana, há o dia da asneira onde pode comer tudo o que lhe apetecer. Chegamos ao 15º dia, onde volta à consulta para perceber os resultados que conseguiu até então. No final do mês, o tão esperado dia 31, com menos peso, a sua autoestima aumentada e com hábitos alimentares mais saudáveis entra numa nova fase. Se já alcançou o peso desejado, então resta-lhe fazer a manutenção da dieta. Aí já conhece o seu corpo, que se torna num verdadeiro aliado na manutenção de um peso que lhe dá mais saúde, autoconfiança e boa aparência. Se quer perder ainda mais peso, a nutricionista Ágata Roquete dá-lhe todos os conselhos de que precisa para prosseguir a dieta até que a balança lhe indique o peso que tanto ambiciona.

Ágata Roquette é licenciada em Nutrição e Engenharia Alimentar pelo Instituto das Ciências da Saúde-Sul. Durante anos lutou contra o seu próprio peso, chegando a pesar na altura em que frequentava a faculdade 90 quilos. Andou em vários nutricionistas, endocrinologistas, médicos mas sem resultados visíveis. Foi aí que começou a estudar as dietas proteicas onde se elimina a ingestão de hidratos de carbono. Foi aí que começou a estudar as dietas existentes, sobretudo as proteicas – como a dieta de Athkins e South Beach que são as preferidas dos actores de Hollywood- e a fazer algumas variações, adequadas à dieta portuguesa. Como por exemplo, não anular o pão ao pequeno-almoço. Os resultados são visíveis nas muitas centenas de pacientes que acompanha.

Atualmente dá consultas no seu consultório no Estoril e colabora com empresas como a Accenture e a Edifer, onde dá consultas aos funcionários das mesmas. Dá ainda consultas na Go Clinic no Atrium Saldanha, onde acompanha sobretudo mulheres grávidas e no pós-parto.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Caçador de Sonhos (Sherrilyn Kenyon)

Uma eternidade sob a maldição de Zeus fez com que Arik não pudesse sentir qualquer emoção a não ser ao deambular pelos sonhos dos humanos. E assim viveu, tolerando as regras dos que vigiavam os iguais a si para poder subsistir das emoções alheias. Mas, quando encontra o mundo dos sonhos de Megeara, onde as emoções e as imagens são de uma intensidade inigualável, Arik sabe que não pode deixar de conhecer aquela mulher - e não apenas no mundo dos sonhos. Assim, enquanto Megeara, que de nada suspeita, luta, mais uma vez, para encontrar a Atlântida, cuja busca foi o projecto de vida do seu pai (e a causa de umas quantas mortes), o homem que conheceu dos seus sonhos surge, subitamente, no mundo real. E ela não sabe que o preço da humanidade de Arik é precisamente a sua alma...
É, desde logo, interessante notar como, tendo a mesma linha essencial dos livros anteriores, a nível de romance entre protagonistas oriundos de elementos diferentes, a autora consegue criar uma série de refrescantes diferenças relativamente aos livros interiores. O sistema em que Arik se enquadra foi, até agora, referido de forma muito vaga, o que faz com toda a experiência de Arik e o ambiente de onde provém sejam elementos completamente novos a descobrir. E isto é quanto basta para acrescentar um interessante toque de complexidade ao já vasto mundo desenvolvido pela autora. Além disso, os elos comuns com os outros livros são relativamente poucos, até porque a acção é bastante anterior à vasta maioria deles, o que faz com que as poucas aparições de personagens já conhecidas revelem, em certa medida, uma perspectiva diferente dessas personagens - além de dar algumas pistas para o que será o futuro de alguns acontecimentos já iniciados noutros volumes.
Talvez por não haver grandes pontos em comum com a história até agora (e os que há surgem numa fase bastante avançada), este livro não abre com a mesma intensidade de alguns dos volumes anteriores. Começa, sim, com um ritmo relativamente mais pausado, ainda que igualmente cativante, em que novas personagens vão sendo dadas a conhecer, numa história que cresce, gradualmente, em intensidade, para culminar num final onde a emotividade contida até então se desenvolve em força.
Ainda que não haja a habitual interacção com as personagens de outros livros, há, também, bastante mais para esta história para lá do romance. Não só a nível da interacção entre os deuses e da importância de impedir a descoberta da Atlântida, mas principalmente a nível e novas personagens que, ainda que introduzidas de forma relativamente discreta, têm tanto um passado cativante como um papel fulcral a desempenhar. Aqui destaca-se, é claro, a figura de Solin. Enigmático, com um toque de arrogância que acaba por ser mais um mecanismo de defesa, e uma postura algo... complicada... na sua relação com a humanidade, Solin é uma figura essencial tanto no que é um dos momentos mais comoventes do livro como nas suas situações mais divertidas.
Trata-se, portanto, de mais uma leitura leve, divertida e surpreendente, com um sistema que se revela cada vez mais interessante e uma série de personagens cativantes a proporcionar momentos de diversão, sensualidade e emoção. Muito bom.

Novidade Porto Editora


Itália, início do século  XX. Uma série de circunstâncias dramáticas aproxima duas jovens mulheres numa amizade improvável; uma é a condessa Josepha Paravicini, austríaca e recém-viúva do príncipe Enrico de Castiglia, a outra é Teresa Avigliano, uma jovem napolitana, de origens humildes, recentemente órfã de mãe.
Entre a Áustria e a Itália, o Norte e o Sul, ambas atravessam o século XX, sofrem duas guerras mundiais, vivem os dramas da ditadura fascista e os tempos difíceis da reconstrução, mas sobretudo ousam amar e inventar a esperança num período em que a hostilidade e o desespero transformam a existência num purgatório sem promessa de salvação.
Em A Viela da Duquesa, Sveva Casati Modignani entrelaça elegantemente as histórias destas duas mulheres corajosas e das suas famílias, construindo assim um mosaico assombroso do século XX, época de muitos ideais, mas também de horrores inimagináveis. 

Reconhecida como a grande signora do bestseller italiano, com mais de 11 milhões de exemplares vendidos,  Sveva Casati Modignani está traduzida em 17 países e é hoje uma das autoras mais populares em Portugal. No catálogo da Porto Editora figuram já os seus romances Feminino Singular, Baunilha e Chocolate, O Jogo da Verdade, Desesperadamente Giulia,  O Esplendor da Vida, A Siciliana e Mister Gregory.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Colégio de Todos os Segredos (Gail Godwin)

Tido como um colégio católico de elevado prestígio, Mount St. Gabriel's permaneceu na memória de professoras e ex-alunas bem depois do encerramento da academia e do quase desvanecimento da Ordem de Santa Escolástica. Mas, na memória da antiga directora, convidada, décadas mais tarde, a escrever as suas memórias da escola, houve um ano que se estabeleceu como particularmente traumático nas suas memórias, e ao qual se viria a referir como "o ano tóxico". Estava-se em 1951 e as mudanças começavam a surgir com a chegada de novas alunas e com a alteração na estrutura da turma do nono ano. É que Tildy Stratton, a líder natural dessa turma, trocara a amiga que até então fora o seu braço direito pela recém-chegada Chloe Starnes. E esta primeira mudança, associada às oscilações na vida pessoal das várias alunas, viria a ser o ponto de partida para ressuscitar a sombra de um passado intensamente vivido pela própria directora...
Rivalidades consolidadas com o passar do tempo e pequenos ódios que se perpetuam são uma boa parte das circunstâncias a definir o rumo dos acontecimentos, nesta história que atravessa décadas e que apresenta não só um caminho próprio para as várias personagens, mas as mudanças por estas sofridas com o decorrer dos anos. Há, portanto, uma alternância entre diferentes épocas na construção da narrativa, o que, aliado a algumas "conversas interiores" alimentadas por uma das personagens, faz com que o início se revele um pouco confuso. Assimilado este toque peculiar, contudo, a história torna-se envolvente, interessante e com uns quantos bons momentos de emoção a pontuar uma narrativa que é, toda ela, feita do crescimento das suas personagens.
Situando-se na sua maioria num colégio de freiras, é de esperar que haja algum desenvolvimento a nível de temas como a vocação e as formas de viver a religião. Há, ainda assim, algo de surpreendente na forma como estes temas são abordados, sendo que a vocação não só é vista de um ponto de vista cativante na história da fundação da imaginária Ordem de Santa Escolástica, mas funciona também como elemento de base para uma série de importantes revelações no decurso da narrativa.
A escrita é agradável, fluída, mas sem grandes elaborações, apresentando, na medida certa, os detalhes relevantes do cenário de Mount St. Gabriel's e, em particular, da Freira Vermelha. Esta última é, aliás, tão interessante a nível de descrição da escultura e do meio que a envolve como da história (ou histórias) a ela associada, até porque também representa um dos grandes pontos de viragem no rumo da história.
De ritmo inicialmente pausado, mas crescendo em intensidade à medida que os mistérios se adensam e as relações com o passado se tornam mais evidentes,  O Colégio de Todos os Segredos  é, no seu essencial, uma história sobre o tempo e a forma como este molda personalidades e relações. Uma história cativante, com personagens bem construídas e um contexto com vários pontos de interesse a descobrir. Muito bom.

Novidades Papiro para Abril


Um livro de poesia é feito de momentos, de pedaços, de sonhos, que nasceram no coração transpirando sentimentos que nos vão na alma. Os poemas transformam vivências, amores e dores, em palavras, levando a um novo olhar sobre a vida.
Para entender um poema é preciso deixar-se contaminar por ele, aceitar que as palavras não têm um único sentido, mas vários e muitas vezes ambíguos.
Seus conceitos e definições dependem, além das circunstâncias culturais e históricas, da interpretação subjectiva das pessoas.

Uma autobiografia apaixonante, feita de vitorias e derrotas onde reina a luta contra o cancro travada pela protagonista e pelo seu filho Rui Miguel.
A história do casamento com o homem que amou desde nova e sempre a apoiou em todos os momentos, a perda dos filhos, as amizades que foi fazendo e fortalecendo. Aqui fica a prova de que vale a pena lutar e esperar por melhores dias para celebrar a vitória da vida.

Quando, naquela tarde de Abril, tendo por cenário a serra de Sintra, Maria aceitou ir à festa de anos de uma amiga, não imaginava o que o futuro lhe reservava.
Não sabia que teria de trocar a sua cidade de Lisboa e a sua vida familiar e profissional por Paris, onde se dedicou de novo aos estudos, concluindo um Mestrado na Sorbonne e fazendo voluntariado na Associação Emmaus.
Ela não contava que a descoberta do amor lhe viesse mudar a vida tão repentinamente.
É com esta história passada em Lisboa, Paris e Abidjan, comovente e perturbadora que a autora Marília Duarte inaugura a sua incursão no romance.

«A mensagem do livro ultrapassa a simples aventura das considerações mais ou menos alquímicas ou ecuménico-religiosas. Nela, o autor manifesta o seu ressentimento em relação a algum desencanto por esperanças que este país teve, apontando certos desmandos, certos indivíduos que se aproveitam.»
José Correia Tavares (Vice-presidente da APE)