sábado, 30 de julho de 2022

Este Livro é Cinzento (Lindsay Ward)

O cinzento está farto de ser excluído. Só porque não faz parte do arco-íris, isso não significa que tenha de ser visto como aborrecido, mas o que é certo é que as outras cores estão sempre a deixá-lo de fora. Por isso, decidiu escrever um livro. Um livro cinzento, para provar que a sua cor também serve para contar uma história. Só que as outras cores não estão lá muito satisfeitas com isso. E, quando se começam a intrometer no projeto do cinzento, ele começa a sentir-se novamente desprezado... e à beira de uma explosão.
É inevitável que seja a mensagem a sobressair neste livro: temos uma cor que é excluída porque os outros a veem como diferente e, por isso, a deixam de parte ou entendem como negativa. Parece familiar, certo? Mas é interessante como este livro cinzento pode servir de base para múltiplas abordagens: desde logo, a questão de que não há cores menores aproxima-se de um tema muito pertinente na atualidade. Mas as diferentes cores servem também de ponto de partida para uma visão mais estrita - a aplicação das diferentes cores, primárias, secundárias e por aí adiante, ao mundo da arte - e também para uma visão mais ampla, a de que nenhum tipo de exclusão faz sentido. E assim, mais uma vez, é a mensagem que sobressai: em múltiplas facetas, todas elas relevantes.
Quanto à história, é naturalmente muito simples, como seria de esperar, mas também surpreendente. Até porque, de certa forma, acabamos por ter duas histórias: a do cinzento e a que o cinzento quer contar. E embora sejam ambas muito breves, têm ambas os seus momentos singulares e divertidos e um toque de ternura bastante eficaz.
Naturalmente breve, mas bonito e relevante, trata-se, pois, de uma história cheia de matizes - sim, de cinzento e não só - e com uma mensagem muito forte. Capaz de servir de ponto de partida para questões complexas e para transmitir mensagens de igualdade, diversidade e amizade.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Armazém Central: As mulheres | Notre-Dame-des-Lacs (Régis Loisel e Jean-Louis Tripp )

Passou um ano, e ninguém poderia ter imagino que a tranquila Notre-Dame-des-Lacs ia sofrer tantas mudanças em tão pouco tempo - no espaço, nos costumes e até na mentalidade. E as mudanças ainda não acabaram. Agora, com um novo inverno à porta, e tendo os homens voltado a partir, as mulheres veem-se a braços com novas questões. A alegria das mais novas despertou em todas as outras uma mistura de nostalgia e de dúvida capaz de as levar a novos caminhos. Marie está grávida, não sabe quem é o pai... e, ainda assim, espera aceitação, porque a vida é sua e de mais ninguém. Já o padre, em plena crise de fé, tem muito mais para dar do que apenas apoio espiritual. E a aldeia vai mudando. As pessoas vão mudando. E o mundo... o mundo cresce.
Sendo este o último volume da série, é naturalmente de esperar que seja também o das resoluções finais, aquele em que tudo converge e em que o pano desce sobre uma história encerrada. Bem, mas se nos lembrarmos dos volumes anteriores, também sabemos que esta não é uma história que viva apenas de grandes momentos. É, aliás, nas pequenas coisas que está a sua alma. E assim, este volume final confronta-nos com uma certa ambiguidade, em que há resoluções perfeitas e outras que ficam pela sugestão, em que há soluções que parecem, talvez, demasiado simples, mas em que tudo se ajusta à serenidade global. E assim, pode não ser um final estrondoso, mas é um final enternecedor, e reforçado ainda mais pelo delicioso álbum de fotografias no final... que dá um bocadinho da história depois da história.
Importa também referir, naturalmente, que se mantêm todas as qualidades que vinham de trás, com destaque para a ternura e para a expressividade. Toda esta série é visualmente belíssima, mas é na expressividade - e numa expressividade que não se cinge às personagens humanas - que está o fulcro de maior intensidade, independentemente das belas paisagens e do movimento transbordante da dança (que também dão ampla vida a estes livros). Mas é a expressividade, acima de tudo, porque é a expressividade que reflete a ternura. E é a ternura avassaladora desta história que a mantém sempre memorável - mesmo quando os conflitos geram tensões desagradáveis, mesmo quando há decisões difíceis de assimilar, mesmo quando a perda se abate. Há ternura e união e comunidade... e isso é maravilhoso.
Não será, talvez, o livro mais marcante da série, sobretudo devido às já referidas ambiguidades. Mas não deixa de estar à altura da longa viagem e de ser um final perfeitamente adequado. Porquê? Porque, entre o que resolve, o que sugere... o que quase nem insinua... deixa um reflexo perfeito da vida como ela é no mundo real. Nem tudo tem respostas. Nem tudo tem soluções perfeitas. E a vida é feita de pequenas coisas, em Notre-Dame-des-Lacs como noutro sítio qualquer.
É essa a maior beleza desta série - a de como reflete realidades e, ao mesmo tempo, aspirações mais nobres. A de como traça os conflitos do dia a dia e lembra, ao mesmo tempo, o que realmente importa. A de como nos mostra gente perfeitamente normal... e nos faz sonhar com a união dessas pessoas. Vale a pena fazer esta viagem? Vale muito a pena. Só é mesmo pena que fique por aqui.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Moonshine, Vol. 4 - Embarrilado (Brian Azzarello e Eduardo Risso)

Incapaz de controlar aquilo em que se transformou, exceto com recurso ao álcool, Lou Pirlo afoga as suas tristezas num bairro de lata em Cleveland, sem imaginar que aquilo que deixou para trás continua por perto. É que, além da sua nova natureza e dos fantasmas que o acompanhou, também a sua antiga vida de mafioso persiste em assombrá-lo. Entretanto, há um assassino em série à solta - e Lou não tem bem a certeza de que não possa ser ele. Mas, quando o seu caminho se cruza com o de um velho conhecido, novas questões começam a emergir...
Parte do que torna esta série tão intensa - e também parte do que deixa, por vezes, deixa alguma curiosidade insatisfeita - é a velocidade alucinante com que tudo progride. Há sempre algo a acontecer, novas surpresas a emergir, e não há verdadeiramente descanso para nenhuma das personagens. Neste volume, a história divide-se entre os planos de vingança de Tempest e a... bem, falta de planos de Lou. Mas que Lou Pirlo tenha falta de planos não significa que a vida não tenha planos para ele. E a evolução frenética deste volume, com o poderoso crescendo de intensidade da fase final, é prova disso.
Outro ponto interessante é o persistente entrelaçado de crime e horror, que espalha enigmas por ambas as facetas ao mesmo tempo que levanta novas perguntas para cada resposta dada. Lou continua tão perdido em relação àquilo que é como quando a mudança aconteceu. E, ainda assim, a história vai muito além das suas disputas interiores. Fica, aliás, uma certa curiosidade em conhecer um pouco mais desta faceta, pois o cenário global acaba por fazer com que passe, por vezes, para segundo plano. Ainda assim, quando se manifesta, fá-lo com a máxima intensidade... e nos momentos mais delicados.
Finalmente, importa referir o que é, provavelmente, o traço visual mais marcante: os contrastes de cores e de expressões. É como se o cenário se ajustasse aos ritmos da ação e dos estados de espírito, com a luz dos dias e a escuridão das noites a acompanhar as diferentes vertentes da história. Há, aliás, um contraste particularmente interessante: o de uma decisão de uma das personagens que não é realmente mostrada na sua execução, mas que transparece das expressões de outras personagens.
Deixa a ligeira impressão de que poderia ser uma história um pouco mais longa. Mas não lhe faltam, ainda assim, qualidades: intensidade, ritmo, expressividade e mistério. E basta isso - aliás, é mais do que suficiente - para que valha sempre a pena regressar a esta série. Onde o mistério persiste no natural e no sobrenatural.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

As Musas (Alex Michaelides)

Para Mariana, regressar a Cambridge só pode ser penoso, pois tudo lhe recorda o amor que perdeu. Mas não tem propriamente alternativa, pois a melhor amiga da sobrinha foi assassinada e pede-lhe que a vá apoiar. E assim que chega, não tem tanto tempo como julgava para lidar com as memórias. O caso é desconcertante, a morte foi brutal e há um óbvio suspeito que todos parecem ignorar. Mariana está convencida de que Edward Fosca, um professor com um óbvio grupo de favoritas, foi o assassino, apesar de ter um álibi para o momento do crime. E, já que ninguém lhe dá ouvidos, terá de ser Mariana a investigar. Mas nada naquela situação é normal. Há contornos rituais e ligações secretas que não podem deixar de desconcertar Mariana. E a morte da amiga de Zoe é, afinal, apenas o início...
Com capítulos curtos e uma história carregada de enigmas, este é um livro que facilmente se torna viciante, não só pela força do mistério, mas pela forma como a teia se vai entrelaçando no passado da protagonista. Na verdade, são tantos os fios enredados que há certos aspetos que acabam por passar para segundo plano com o evoluir do enredo, deixando, a espaços, uma ligeira curiosidade insatisfeita. Mas, mais do que as perguntas sem resposta, o que sobressai é, acima de tudo a intensidade. E é a intensidade que prende, da primeira à última página.
Também a construção das personagens tem vários aspetos a destacar, sobretudo na fase final, com as grandes reviravoltas, mas também com a evolução que vai abrindo caminho para essas surpresas. A relação de Mariana e Sebastian, as sombras do passado que se vão insinuando, confere à história um tom de melancolia que torna os desenvolvimentos finais mais chocantes. Já o percurso dos homens da história - Henry, Fosca, Fred, Morris - faz com que, apesar das convicções de Mariana, haja múltiplos suspeitos viáveis e gera momentos de tensão particularmente fortes e também rasgos de inocência surpreendentemente ternos.
Finalmente, e um pouco à semelhança do livro anterior do autor (com o qual, já agora, existem relações discretas, mas claras), importa salientar os laços com o mundo clássico, agora com os mistérios de Elêusis, a tragédia grega e a deusa Perséfone. São elementos que acrescentam complexidade ao livro, além de adensarem o mistério. E que, embora também desenvolvidos de forma discreta, são também um especial ponto de interesse pela relação que têm com o percurso da protagonista.
Ligeiramente apressado, por vezes, mas muito intenso e cativante, trata-se, em suma, de um livro viciante, carregado de mistério e de melancolia e capaz de surpreender em todas as suas facetas. Vale bem a pena, portanto.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

...como que lisboandando (Fernando Machado Antunes)

As cidades têm vida. Têm a vida das ruas por onde as pessoas deambulam, dos monumentos que a contemplam dos séculos, das árvores que lhes dão cor, dos dias e das noites que as banham. Têm também a vida das pessoas que nelas habitam, que por elas passam, que por aí se perdem e encontram e descobrem novas formas de ser. É dessas vidas de Lisboa - as da cidade e as das gentes - que esta poesia é feita.
Ao percorrer as páginas deste livro, existem facetas que se destacam em forma e em conteúdo. Em forma, a cadência, a rima, o entrelaçar dos vários poemas numa estrutura coesa e a forma como tudo isto flui com naturalidade. Em conteúdo, as imagens inesperadas, a mistura de emoção, contemplação e paisagem e a surpreendente proximidade emocional de uma poesia que é, apesar de tudo, relativamente descritiva.
Mas o que sobressai realmente... bem, é a forma como ambas as facetas se entrelaçam e a estranha e fascinante imagem que projetam. Não é preciso conhecer bem Lisboa para entrar nesta leitura e ficar com a sensação de que se deambula pelas suas ruas, pelas suas tradições, pelas suas vidas. Há como que uma presença nas próprias palavras que é tangível em si mesma. E não é preciso conhecer as gentes que a povoam - neste livro, entenda-se - para sentir o mesmo fascínio, ainda que nem sempre se compreendam as especificidades da escolha, a forma de vida escolhida.
E a este entrelaçado juntam-se contrastes e ambiguidades. Como uma viagem pelo desconhecido, há surpresas que marcam e outras que desconcertam, há palavras que aproximam e outras que afastam, há rasgos que ficam na memória e outros que deixam apenas uma vaga perplexidade. É como se todas as facetas convergissem num todo complexo, onde há momentos mais e menos marcantes, mas onde tudo pertence.
Um ritmo próprio, uma voz eficaz e, acima de tudo, uma contemplação de que o afeto pelo tema sobressai com a máxima clareza. Eis a raiz deste pequeno livro de poemas sobre uma cidade que é também pessoas. E, acima de tudo, vida.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Mausart (Thierry Joor e Gradimir Smudja)

Wolfgang Amadeus Mausart é um ratinho que vive no piano do compositor da corte austríaca com a sua família. Leva uma vida discreta, a compor melodias na sua cabeça. Mas tudo muda no dia em que, na ausência de Salieri, decide experimentar o piano, ao alcance dos ouvidos da rainha, que imediatamente exige que Salieri lhe interprete aquela melodia. Só que... Salieri não a sabe. E, se ele não a sabe, alguém terá de a tocar. Senão...
É fácil apontar a grande força deste livro. Basta olhar para capa para ficar uma ideia de que o aspeto visual será deslumbrante. E é-o, de facto. Dos cenários ricamente detalhados à construção meticulosa de um leque vastíssimo de personagens, passando pela forma como a música parece transbordar das páginas, há uma beleza absurda ao longo de todo este livro. E é impossível não sentir um certo fascínio pela forma como esta versão animal da corte, com a sua diversidade e as suas regras singulares, ganha intensa vida através da cor, do traço e da expressão.
Da história propriamente dita, ficam sensações um pouco mais ambíguas, essencialmente devido à relativa brevidade. É que há tanto para explorar e descobrir na arte que acaba por ficar a sensação de que tudo acontece de forma um pouco apressada. Ainda assim, também aqui não faltam forças, desde o reflexo da paixão pela música aos momentos de tensão e de ternura e a uma certa inocência que facilmente desperta sorrisos.
Ainda um último ponto notável resulta da capacidade de emocionar, mesmo numa história tão concisa. Momentos de medo e momentos de alegria, rasgos de esperança e até de uma certa redenção, convivem tranquilamente neste mundo carregado de música, em que as vidas podem ser simples, mas os valores são universais. E há algo de interessante no crescimento das personagens: Mausart é sempre Mausart, mas a sua intervenção oportuna abre para o revelar de novas facetas noutras personagens. E também isso tem o seu quê de fascinante.
Conciso na história, mas vastíssimo na arte, lê-se num instante, mas convida a uma contemplação mais demorada. E, assim, nesta ambiguidade entre o que é simples e o que é imenso, acaba por ficar na memória de todas as maneiras. E pela melhor das razões.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Os Choco-Boys (Ralf König)

Acabado de chegar a Straight Gulch, Lucky Luke procura um trabalho tranquilo que lhe possa servir quase que de descanso. E tomar conta de cinco vacas suíças que precisam de repouso parece tranquilo quanto baste. O problema é que há certas tensões por aquelas paragens, uma história de amor por resolver e as gentes daquela terra precisam de aprender uma lição sobre aceitação da diferença. E, como se não bastasse, onde vai Lucky Luke, aparecem também os seus fãs e os seus inimigos.
É inevitável não começar por salientar o tema flagrante deste livro e a sua importância: diversidade e aceitação. A história de amor entre dois cowboys, não muito bem vista por... bem, quase todos... serve de ponto de partida para uma bela e importante lição, e é impossível não destacar isso como um dos pontos fortes deste livro. Há uma certa ternura que surpreende, tendo em conta o registo global e a própria história, é isso é algo de especialmente memorável.
Mas... nem só de amor vive esta história. Vive de chocolate suíço, de caçadores de autógrafos, da aparição de velhos aliados e inimigos e de um equilíbrio entre tensão e simplicidade. É Lucky Luke a ser Lucky Luke, o que significa que há sempre surpresas, episódios caricatos e um percurso razoavelmente conciso, mas cheio de momentos divertidos. Inesperado quanto baste, mas reconfortantemente familiar... e carregadinho de leveza para tirar a cabeça do mundo real.
Visualmente falando, importa destacar, mais uma vez, o contraste com os outros volumes desta coleção. Cada artista tem um estilo muito próprio, e as diferenças são claras, neste caso com as suas figuras mais redondinhas e expressões mais... desconcertadas. Ainda assim, também aqui sobressai o tal equilíbrio entre diferença e familiaridade, em que cada livro é uma entidade própria e, ao mesmo tempo, parte de um todo maior.
Simples, cativante e muito divertido, quase parece que chega ao fim demasiado depressa. Mas, apesar disso, a impressão que fica é a de uma história com as medidas certas de aventura, humor e surpreendente ternura. Uma bela viagem, em suma.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Querido Monstro (Dita Zipfel e Mateo Dineen)

O medo faz parte da vida. E quando somos pequenos, as pequenas coisas podem tornar-se grandes medos. Mas... nem sempre. Que o diga o monstro deste livro que, apesar de se ter instalado debaixo da cama de uma criança, não consegue assustá-la por mais que se esforce... E não falta criatividade nas suas tentativas.
O ponto mais surpreendente desta pequena história vem, naturalmente, da perspetiva que assume. Afinal, a ideia do monstro debaixo da cama não é propriamente nova, mas ver as coisas da perspetiva do monstro? Já é algo diferente. Além disso, o medo e a procura de formas de lidar com ele são algo de perfeitamente natural. Mas o que resulta desta visão é algo de mais simples, mas também bastante certeiro: opor ao medo a serenidade.
Outro elemento importante prende-se, naturalmente, com o aspeto visual. Sendo um livro para crianças, as imagens dizem tanto como as palavras. Neste caso, sobressaem dois pontos: a carta, que constrói uma imagem do monstro mais vulnerável e falível (tem, aliás, o seu próprio lado infantil, o que cria paralelismos interessantes com a imaginação do seu impassível rapaz); e o contraste entre os deliberados desenhos rabiscados desta carta e as ilustrações mais vivas e complexas que a complementam, dando uma visão mais clara de quem é este monstro frustrado com a sua vida profissional.
É, naturalmente, uma história breve, e bastante simples. Não há grandes reviravoltas nem grandes desenvolvimentos. Ainda assim, há uma exceção peculiar. Dada a forma como a história é escrita, quase que se antecipa um certo final... e depois as coisas seguem um rumo que não é bem o esperado, numa conclusão menos linear, mas mais forte, para esta carta de aparente despedida.
Simples, cativante e com o seu quê de enternecedor, trata-se, em suma, de um belo ponto de partida para uma primeira reflexão sobre o medo. E para uma perspetiva diferente dos monstros debaixo da cama da nossa própria imaginação.