terça-feira, 31 de agosto de 2021

Divulgação: Novidades Saída de Emergência

Três jovens embarcam numa jornada épica neste romance poderoso e comovente inspirado em acontecimentos verídicos.
Luisiana, 1875. No tumultuoso rescaldo da Guerra Civil, três jovens mulheres embarcam relutantemente numa viagem perigosa: Lavinia, a mimada herdeira de uma plantação arruinada; Juneau Jane, a sua ilegítima e livre meia-irmã crioula; e Hannie, a antiga escrava de Lavinia. Divididas pela sociedade, pela lei e por ressentimentos antigos, todas carregam traumas privados e segredos poderosos enquanto se dirigem para o Texas, a terra da esperança, em busca dos familiares desaparecidos.
Luisiana, 1987. Para Benedetta, professora primária, um emprego numa escola rural parece a solução para amortizar as suas dívidas – até chegar a uma pequena cidade costeira do rio Mississipi. Augustine, no Luisiana, permanece firme nas suas crenças, suspeitando de novas ideias e de novas pessoas, e Benny dificilmente consegue compreender a vida de pobreza dos seus alunos. Mas entre os carvalhos retorcidos e as plantações degradadas existe uma história centenária de três jovens mulheres, de uma viagem antiga e de um livro escondido que pode transformar as suas vidas.

A batalha vai começar…
Ano 57. Cato e Macro, veteranos do Império Romano, regressam a Roma. Depois de uma campanha desastrosa na fronteira oriental, a receção na corte imperial é hostil. As suas reputações e futuro estão em jogo.
Quando a paixão do imperador Nero pela sua amante é explorada pelos seus inimigos políticos, ela é desterrada para o exílio. Cato, isolado e indesejado em Roma, é forçado a escoltá-la até à Sardenha.
Ao chegar à agitada e fervilhante ilha com um pequeno grupo de oficiais, Cato enfrenta o perigo em três frentes: um grupo de soldados dividido, uma praga mortífera que se espalha pela província... e uma violenta insurreição que ameaça lançar a região num caos sangrento.

Quando António parte para a Guiné em 1972, no cumprimento do serviço militar, o pai passa-lhe para as mãos um conjunto de documentos retratando as vidas dos seus antecessores, pedindo-lhe três promessas: que regresse vivo da sua expedição a África, que juntos visitem as terras moçambicanas onde o pai cresceu e que àqueles documentos António some as páginas da sua própria vida.
O que se segue é uma viagem através das gerações, à medida que o narrador procura juntar todas as peças para reconstruir o seu passado. Recuamos até ao seu trisavô que viveu a Guerra Civil Portuguesa, ao bisavô que trabalhou na construção das primeiras linhas ferroviárias de Portugal e ao avô que, na demanda de uma vida melhor, partiu para Moçambique. Por sua vez, a vida do pai Manuel, passada entre a ilha de Ibo, a cidade da Beira e o Brasil, ficou marcada pelo romance proibido com uma jovem alemã durante o período das guerras mundiais, relação causadora de conflitos e responsável por encontros e desencontros entre continentes.
Ao longo desta fabulosa saga familiar, acompanhamos a História de Portugal e os seus últimos momentos enquanto Império, desde o triunfo dos liberais em 1834 até ao pós-25 de Abril, através dos olhos das gerações sem nome que cruzaram mares e continentes em busca de uma vida melhor nos cantos mais remotos do Império Português.

Sente que não tem tempo para cozinhar? Chega a casa exausto, sem vontade de ir para a cozinha e de preparar as suas refeições? Não sabe o que fazer e está cansado de repetir os mesmos pratos? Quer uma alimentação saudável e aplicar esta filosofia à família, mas não tem noção de quais os melhores alimentos, que hidratos de carbono escolher e que porções comer?

• Em Ementa Planeada, Cozinha Organizada vai aprender a planear uma ementa semanal de refeições saudáveis, de forma fácil e prática, com várias dicas para tornar esta tarefa parte do seu dia a dia.
• Vai descobrir truques para ter toda a semana organizada e conseguir refeições saborosas e apelativas ao olhar e paladar em 30 minutos, com uma metodologia pensada para simplificar o planeamento de refeições.
• Conseguirá saber quais os melhores alimentos a escolher, encontrará dicas para quando vai às compras, as porções adequadas, como organizar a despensa, o frigorífico e como incluir toda a família na elaboração das refeições.

Com quatro ementas totalmente planeadas para os dias ou semanas mais complicadas, este livro alia dicas de nutrição para as melhores escolhas alimentares com planeamento e organização de refeições, que vão facilitar o seu dia a dia.
Acabe de vez com o «eu não tenho tempo e não sei o que cozinhar para ser saudável» e comece a ter tempo para si e para a sua família.

Um relato impressionante da luta para controlar o continente africano.
Em janeiro de 1885, a Conferência de Berlim definia as regras para dividir o continente africano e os seus recursos entre os países europeus. Apesar de essa divisão parecer inevitável, o desenho final ainda não estava definido. Nesta rigorosa investigação, Robert Harms reconstrói o processo caótico que transformou a floresta tropical do Congo na região mais brutalmente explorada de África.
Protegido durante séculos por fronteiras naturais, o Congo assistiu a partir de 1870 à chegada de exploradores oriundos da Arábia, Europa e América. Pioneiros num negócio implacável e mortal que envolvia marfim, borracha e escravos, todos eles despojaram a floresta tropical dos seus recursos naturais em busca de fama, dinheiro e poder.
Oferecendo descrições vívidas das caravanas de escravos, das conferências humanitárias e dos encontros diplomáticos, Terra de Lágrimas revela a forma como as redes mundiais de comércio, viagens e comunicação redesenharam e arruinaram o continente africano. Uma herança que ainda se sente nos nossos dias.

O Gato e o Rato Querem Sair Daqui (Günther Jakobs)

Há um gato dentro deste livro. Giro, não? Talvez. Mas o gato não acha muita piada. Tem fome e precisa de ir à casa de banho. Quer sair... mas sozinho não consegue Precisa de ajuda. E que tal abanar o livro? Virá-lo? Rodá-lo? Ou imaginar-lhe um amigo com quem partilhar o espaço. O gato quer sair... e ajudá-lo nesse objetivo é a base deste muito simples, mas deliciosamente interativo, livrinho.
A descoberta do prazer da leitura nasce, muitas vezes, de algo que nos intriga, que desperta a curiosidade ou que nos faz querer partir à descoberta. E despertar esse interesse nos mais novos é algo que pode ser feito de muitas formas. A deste livro parece particularmente interessante: o livro torna-se objeto em movimento, motivo de ação e de exploração. E descobrir que a leitura pode ser divertida é um excelente ponto de partida para despertar o amor pelos livros.
Além da interatividade, há também o aspeto visual a ter em conta. Bastante simples, centrada sobretudo nas personagens, a ilustração destaca-se por dois aspetos: ternura e expressividade. Ternura porque é, bem, um gato, com a inevitável dose de fofura associada. Expressividade, porque é realmente um gato muito expressivo nas emoções que reflete e nas necessidades que o levam a querer sair do livro.
Não é uma história elaborada, nem precisa de ser. É, na verdade, muito simples. E, ainda assim, há outro aspeto curioso a reter: é que as emoções e necessidades deste gatinho - fome, curiosidade, receio, necessidade de um amigo, vontade de explorar e de sair - são, de uma forma muito simples, reflexos de algo que todos nós conhecemos. E essa proximidade tem o dom de tornar esta pequena leitura interessante até para quem já deixou a infância lá muuuito para trás.
Simples, interativo, cativante e divertido, trata-se, pois, de uma bela história para apresentar aos mais novos a magia dos livros. E, para aqueles de nós que já não são assim tão novos, é também uma bela recordação de tempos mais simples, e de como basta o essencial para cativar.

domingo, 29 de agosto de 2021

Um por Um (Ruth Ware)

Neve, esqui e umas férias de luxo: é esse o plano para a equipa da Snoop, uma empresa em ascensão cuja aplicação parece estar a ter um sucesso sem precedentes. Só que há sombras a pairar sobre esse luxuoso retiro. Há uma oferta de aquisição em cima da mesa e os acionistas da Snoop estão muito obviamente divididos. Em vez da promessa de descanso, o que parece cada vez mais presente é a tensão entre os vários elementos do grupo. E as coisas ainda mal começaram a complicar-se. Primeiro, um dos fundadores desaparece. Depois, uma avalanche deixa-os isolados. E o que parecia ter sido um acidente começa agora a dar sinais de ser obra de um assassino... que parece estar a ceifá-los um a um.
Comparada, por vezes, a uma Agatha Christie dos tempos modernos, Ruth Ware demonstra neste livro a precisão dessa comparação, não só pela capacidade de construir mistérios intrincados onde todos são suspeitos, mas pelas pequenas referências que parecem emergir do enredo. Neste caso, a acumulação de mortes uma a uma tem evidentes ecos de As Dez Figuras Negras, ainda que numa forma totalmente nova, num cenário muito mais moderno e com uma identidade própria. Parece premeditado, na verdade, como que em jeito de homenagem. E torna tudo mais intrigante, pois há um mundo de diferenças salpicado por pequenas semelhanças.
Outro aspeto marcante vem da dualidade de perspetivas, pois a história é narrada pela voz de duas das personagens principais. Erin e Liz dificilmente poderiam ser mais diferentes, tendo em comum apenas o facto de terem uns quantos segredos. E, ainda assim, à medida que o enredo evolui, e que os aparentes laços vão dando lugar a suspeitas, possibilidades e reviravoltas, há diferenças que se vão esbatendo e outras que se vão revelando, acrescentando novas perspetivas a cada novo desvendar de suspeitas.
Claro que o grande mistério é a identidade do assassino, e também aqui a autora consegue surpreender... como em tudo o resto, aliás. Mas há muito mais em torno deste mistério, desde as relações pessoais e profissionais às tensões e estratagemas, sem esquecer, claro, as sombras persistentes do passado. Há uma grande teia em torno do curto período de tempo em que o enredo decorre. E, além da intensidade que resulta da conjugação de todos estes elementos, há um crescendo de intensidade que culmina num final que surpreende não só pelas grandes revelações, mas pelas decisões com que confronta as várias personagens depois de tudo desvendado.
Intenso e intrincado, cheio de surpresas e de segredos, e principalmente muito viciante, trata-se, pois, de um livro que nos transporta para o coração do mistério. Prende desde as primeiras páginas e não deixa de surpreender até ao fim. E é também isso que o torna tão empolgante e memorável. Muito bom, em suma.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Projecto: MOTHER (Mónica Cunha)

Criada para resolver os problemas de um mundo à beira do colapso, MOTHER é uma inteligência artificial que cumpriu exatamente aquilo a que se destinava. Mas, pelo caminho, retirou à humanidade o controlo das suas vidas e a liberdade de escolha. Muitos parecem estar felizes com a sua nova condição, mas há uma organização que não se resigna. E agora parece estar iminente a destruição da MOTHER. Tudo depende de Yeside e da sua capacidade de manter a serenidade no confronto final. Mas, quando as certezas se transformam em perguntas, será que a calma pode prevalecer?
Algo que importa começar por dizer sobre esta história é que é um conto muito breve. E isto é algo particularmente relevante tendo em conta que parece haver todo um mundo de contexto e de possibilidades que não é desenvolvido nestas poucas páginas, mas que, ainda assim, parece quase tangível. É possível imaginar, através do que é efetivamente narrado, a luta anterior, a transformação do mundo, a formação e as ações do grupo de resistentes. E, ainda assim, nada disto é contado, o que significa que fica uma peculiar mistura de sensações: uma certa curiosidade insatisfeita ante um enredo que talvez pudesse ser muito maior, mas também a sensação de que tudo o que é essencial está lá.
Outro aspeto particularmente notável tendo em conta a relativa brevidade é a capacidade de levantar questões pertinentes, tanto de uma perspetiva global como individual. O mundo à beira do colapso, os meandros do poder e a quem servem, a forma como a defesa de uma suposta liberdade individual se sobrepõe, por vezes, ao bem-estar coletivo e a forma como a visão coletiva parece condicionar a individualidade... tudo isto está presente nesta história. E, ao nível pessoal, a necessidade de afeto, de fazer algo de bom na vida, de lutar por algo maior ou de simplesmente pertencer. Também isto é visível, e com uma precisão surpreendente para as suas tão poucas páginas.
Quanto ao fim, fica novamente uma certa ambiguidade, que faz todo o sentido, tendo em conta o que está para trás. Todo este duelo, todo este confronto de vontades, vive do que move as personagens e do que as construiu. E, tendo em conta o que fica por dizer do passado, faz sentido esta conclusão ambígua, em que uma escolha absolutamente certa é algo que não parece existir e em que as boas ou más intenções... bem... têm sempre consequências.
Podia ser uma história muito mais vasta, mas a verdade é que resulta bem assim. E, entre a sua capacidade de empolgar, o surpreendente impacto emocional e a abundância de material para reflexão, consegue ser uma história completa, apesar do muito que deixa por dizer. Além de muito cativante, naturalmente.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Faithless - Volume Dois (Brian Azzarello e Maria Llovet)

Faith achava que a sua vida era um tédio infernal. E alguém lá em baixo parece tê-la ouvido. Agora, tornou-se uma artista famosa, cuja originalidade desperta a curiosidade de todos os colecionadores. Mas há mais além disso e Faith começa a perceber que aqueles que a rodeiam são muito mais do que figuras excêntricas. Além disso, também ela tem as suas próprias capacidades. Mas o mundo da magia que lhe abriu as portas da fama esconde profundezas sombrias... e talvez Faith esteja já demasiado envolvida para voltar atrás.
Fusão de erotismo e sobrenatural, este é um livro onde é apenas expectável que haja uma certa dose de estranheza. E, bem... estranheza não lhe falta. Desde os momentos quase absurdos a uma surpreendentemente pouco violenta abundância de sangue, não há praticamente nada neste livro que não siga por caminhos inesperados. E, entre a sensualidade e o horror, o elemento mágico vai desvendando novas facetas e a estranheza vai dando lugar à curiosidade.
Outro aspeto particularmente notável nesta série - e particularmente neste volume - é o ambiente quase onírico e o contraste com a realidade. Momentos há que parecem saídos de um pesadelo ou, talvez, de um quadro de Bosch. Outros, transpostos para a luminosidade do dia, parecem ser de simples rotina - tirando os aspetos em que não são. E este contraste entre o normal e o sobrenatural, que é visível sobretudo na arte, mas também na própria história, com a Faith que deambula como uma turista a contrastar com a Faith que usa a sua influência para obter o que quer, é também parte do que vai tornando a história cada vez mais intensa.
São muitas as perguntas sem resposta que ficam ao fim deste segundo volume, ao ponto de ficar uma certa sensação de curiosidade insatisfeita relativamente a certos aspetos. Mas, tendo em conta que, ao que tudo parece indicar, esta história está ainda longe do fim, essa curiosidade insatisfeita não deixa de funcionar também como um despertar para a vontade de saber o que virá a seguir e que possíveis explicações surgirão para certos acontecimentos.
Sombras e sensualidade num estranho equilíbrio entre choque e envolvência, natural e sobrenatural, sonhos... e pesadelos. Assim é este novo volume desta série singular e cativante, onde há ainda muito por mostrar e por dizer... e também o que falta promete ser intenso.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Wish You Were Here (Nuno Morais)

Enviado ao Algarve para conduzir uma investigação, no mínimo, macabra, que envolve a descoberta de múltiplos cadáveres e a suspeita do envolvimento de poderosos, o inspetor Frederico Batalha regressa à casa das suas memórias para passar a noite antes de dar início à sua própria investigação. Só que essas memórias nunca deixaram de o assombrar, tanto que nunca mais regressou. E agora está de volta, os fantasmas vieram novamente à tona e as perguntas sem resposta são mais do que nunca. Longe está ele de imaginar que o caso que o trouxe ali tem mais ramificações do que esperava...
Algo que importa começar por dizer sobre este livro é que é relativamente breve, daí que seja uma surpresa a forma como entrelaça dois elementos tão diferentes como a história pessoal do protagonista e o caso em investigação. Importa, pois, também dizer desde já que a história não dará todas as respostas, com o âmbito mais vasto da investigação a passar para segundo plano ante a história pessoal do protagonista. Ainda assim, e pese embora a curiosidade insatisfeita que fica sobre o caso para lá dos laços pessoais, nunca deixa de ser uma história cativante e, pelo menos no que ao percurso pessoal diz respeito, que termina de forma particularmente adequada.
É o tipo de livro que se lê praticamente de uma assentada, não só devido à já referida brevidade, mas também devido ao estilo direto com que tudo é narrado. Não há grandes elaborações, até as reminiscências se concentram mais em momentos do que em introspeções e tudo progride de forma muito rápida, o que significa que, havendo sempre algo a acontecer, nunca há momentos mortos. Além disso, apesar de uma certa ambiguidade moral, não deixa de haver também uma boa empatia para com o protagonista (sobretudo na sua faceta mais jovem) que gera uma agradável sensação de proximidade ao longo de grande parte da leitura.
Podia, provavelmente, ser uma história mais longa, até porque o desenvolvimento do caso é muito conciso e deixa muito em aberto, o que significa que fica, de facto, uma boa dose de curiosidade insatisfeita. Ainda assim, não deixa de haver um certo equilíbrio - e um contraste que faz sentido - entre a parte pessoal e a parte profissional do percurso de Frederico, sendo que as respostas surgem na menos esperada das facetas.
Breve e conciso, mas cativante e agradável, mistura elementos do policial com a história de um romance de juventude. E, embora deixe coisas por explorar, nunca deixa de surpreender, nos mistérios... e sobretudo nas memórias.

sábado, 21 de agosto de 2021

Drácula (Georges Bess)

Enviado a um castelo na Transilvânia para tratar de assuntos burocráticos, Jonathan Harker não tarda a ver-se confrontado com circunstâncias inexplicáveis e aprisionado pelo que parecia ser apenas um cliente excêntrico, mas se revelou verdadeiramente monstruoso. Inicialmente apenas peculiar, o conde Drácula é muito mais do que isso. E tem planos - planos para partir para Londres, onde adquiriu várias propriedades e onde espera construir um novo terreno de caça. Mas Jonathan não é tão indefeso como parece. E nem todos são tão ignorantes da natureza do monstro como o conde parece julgar... principalmente os que têm motivos pessoais para o enfrentar.
Parte do que faz de um livro um clássico é a sua intemporalidade, a forma como resiste à passagem do tempo e ganha nova vida a cada nova leitura e interpretação. Ora isto aplica-se também à sua adaptação a novos formatos. E, no caso desta adaptação específica, a primeira coisa que importa referir é que essa intemporalidade é transposta para algo em que tudo é beleza.
Claro que, ao olhar para uma adaptação, uma das questões que inevitavelmente surgem é a da fidelidade ao original e a do equilíbrio com o que a diferencia. Bem, o equilíbrio é praticamente perfeito. Em termos de linha do enredo, segue com precisão a história que lhe serviu de base, ao ponto de quase ser possível ouvir a voz do original, sobretudo nos momentos de maior tensão. E o aspeto visual - onde, mais uma vez, tudo é beleza - significa que há também algo de novo, de único, a contrapor a esta inevitável familiaridade para quem já leu o romance de Bram Stoker.
E, continuando no aspeto visual, porque a verdade é que as imagens ficam presas na retina, há um aspeto particularmente marcante. Os vastos cenários, a expressividade dos rostos (e, tendo em conta certas personagens, esta expressividade é particularmente intensa) e a forma como os próprios jogos de sombras realçam o ambiente soturno do enredo transmitem na perfeição a natureza gótica da história. Mas é também nos pequenos pormenores que esta presença mais se sente: rosas e ossos, presenças fantasmagóricas, como que saídas da memória, asas e nevoeiros, elementos evocativos que fazem de cada imagem mais do que uma simples representação de um enredo. Há uma história, mas quase se poderia dizer que há também imagens que são um todo em si mesmas. E também isso é beleza. Também isso é impressionante.
Fiel às origens, mas também singular; cheio de sombras, mas também do esplendor do seu próprio brilho (porque é brilhante de facto); e capaz de acrescentar algo de novo a uma história mais que conhecida e intemporal. Assim é este Drácula, tão sombrio e perturbador com o original, mas de uma beleza profunda... e inesquecível.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Odes Modernas (Antero de Quental)

Mudança e intemporalidade. Regra e desafio à regra. Estrutura e liberdade de ir para além das estruturas definidas. De tudo isto são feitas estas Odes Modernas, compostas em igual medida de olhares à tradição, à crença e ao costume e da liberdade que resulta de quebrar as suas amarras. De forma e conteúdo equilibradas entre o comum e o singular, entre as formas e as figuras que todos conhecemos e uma visão diferente dada a todas elas.
Parte do que impressiona neste livro é a sucessão de equilíbrios que parece dar-lhe forma: equilíbrio entre coesão e singularidade, pois, embora abrangendo múltiplos poemas, parece formar um todo maior; equilíbrio entre o antigo e o novo, pois a mesma voz que olha para o passado desafia a construir um novo futuro; equilíbrio ainda ante estrutura e liberdade, pois todos os poemas têm uma forma muito precisa, mas da qual resulta uma naturalidade total; e equilíbrio, finalmente, entre altivez e humildade, pois há nestes poemas um certo tom solene, mas voltam-se também para as facetas mais humildes da vida.
Outro aspeto marcante são, naturalmente, as imagens que evoca, pois, ao construir um equilíbrio entre novas ideias e tradições seculares, evoca também rituais, figuras, costumes, entendimentos. E fá-lo com uma vez soberba, que transporta as imagens para o pensamento, a cadência quase para um tom de melodia e dá vida ao mesmo antigo mesmo enquanto apela a um novo.
De voz solene e altiva, mas capaz de descer as raízes do mundo; com uma cadência que se entranha no pensamento e que quase parece ouvir-se em voz alta... mesmo quando lida em silêncio; e com uma sucessão de equilíbrios notáveis na sua ligação entre passado e futuro. Assim são estas Odes Modernas: feitas, ainda e sempre, de mudança... e intemporalidade.

sábado, 14 de agosto de 2021

Moonshine, Vol. 3 - Querer a Lua (Brian Azzarello e Eduardo Risso)

Lou Pirlo pode ter conseguido escapar de uma situação muito difícil, mas a maldição que o assola não deixou de existir. Agora, conta com Delia e com os seus contactos para procurar uma forma de se curar . Também ela tem as suas próprias capacidades e uma relação muito íntima, ainda que atribulada, com duas bruxas. Só que voltar às origens pode ser um perigo. Delia deixou um passado de contas para ajustar e Lou pode ser a arma que faltava para esse ajuste de contas. Ver a sua maldição como uma bênção torna-o vulnerável. E a única saída para ambos pode ser uma suposta submissão...
É de esperar, à partida, tendo em conta os volumes anteriores, uma forte presença sobrenatural em cada desenvolvimento desta história. E ela existe, de facto. Menos expectável, talvez, é a forma que essa presença assume, com as bruxas e o poder da magia a assumirem agora o destaque e a revelar novos tipos de influência. Esta nova magia acrescenta complexidade ao enredo, além de ambiguidade, pois as relações entre as personagens são mais nebulosas do que nunca, o que, embora causando uma certa perplexidade, mantém sempre viva a curiosidade quanto ao que se poderá seguir.
São tantos os elementos em jogo que, às vezes, chega a parecer que certos momentos passam demasiado depressa, com as ligações passadas - e o contexto que as acompanha - a surgirem de forma ligeiramente vaga. Ainda assim, esta relativa concisão é amplamente compensada pela intensidade, pois, com tanto a acontecer em tão pouco tempo, é praticamente impossível desviar os olhos da história.
Em termos visuais, destacam-se dois pontos: o contraste de cores e de sombras, onde o vermelho domina nos momentos expectáveis e o contraste entre a luz dos dias e a penumbra arrepiante das noites realça na perfeição a dualidade da condição de Lou; e os elementos sobrenaturais, com os surpreendentes rasgos de horror e de beleza a surgirem num equilíbrio eficaz.
Relativamente breve, mas carregadinho de ação, deixa, a espaços, alguma curiosidade insatisfeita, mas sem nunca falhar no essencial. Cativante, intenso e misterioso, projeta as personagens para um novo cenário... e nunca deixa de surpreender.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Enquanto a Lua Muda (Sofia Serrano)

Camila, Aurora, Francisca e Margarida. Quatro mulheres, quatro histórias diferentes. Quatro vidas ligadas de forma inesperada. Camila, com a sua vocação de sempre para parteira, que a levará por caminhos inesperados e nem sempre lineares. Margarida, destinada desde pequena à medicina, mas com obstáculos a superar. Aurora, a jovem humilde com sonhos de amor e realidades horríveis. E Francisca, capaz de tudo para conseguir o que quer. Dificilmente podiam ser mais diferentes, mas têm algo em comum. E, atraídas para uma convergência pelas voltas da vida - e da Lua - guardam cada uma os seus segredos e as suas aspirações.
Dividida entre quatro pontos de vista e quatro personalidades muito diferentes, esta é uma história que surpreende, em primeiro lugar, pelo equilíbrio entre leveza e complexidade. Oscila entre diferentes períodos temporais, entre as perspetivas de várias personagens, entre meandros que se vão tornando cada vez mais ambíguos, mas nunca perde a fluidez e a envolvência. E é essa, aliás, a maior força desta história: a capacidade de cativar sempre, mesmo quando as escolhas das personagens são questionáveis, mesmo quando as opções tomadas as levam da proximidade à distância.
Outro ponto a destacar neste livro é que, da já referida ambiguidade, resulta bastante matéria para reflexão, pois, embora haja linhas relativamente claras, as motivações e circunstâncias fazem com que as escolhas não sejam assim tão fáceis de julgar. Além disso, e apesar da também já referida leveza, não faltam temas sérios ao longo desta história, desde a violência doméstica ao tráfico de crianças, passando pela luta contra a doença e os preconceitos entre classes sociais.
Finalmente, destaca-se um final equilibrado para um enredo onde nem sempre é fácil gostar das personagens. Equilibrado porque deixa o suficiente em aberto para cada leitor imaginar o futuro que lhe parecer mais justo e equilibrado também porque dá soluções com sentido para todas as personagens. Com sentido, mas não perfeitas, como não poderiam ser, tendo em conta as imperfeições da própria vida.
Envolvente e emocionante, leve, mas cheio de questões complexas, e com um conjunto de personagens e acontecimentos capazes de despertar emoção mesmo nos seus momentos mais ambíguos, trata-se, em suma, de uma boa história, e de uma leitura que prende da primeira à última página.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Atraiçoada (Kiera Cass)

Esteve quase a ser rainha, mas deixou tudo por amor. E depois esse amor desfez-se em nada devido à ambição e às intrigas de um rei sem escrúpulos. Em menos de nada, Hollis perdeu tudo. E, não tendo mais nada a perder, está decidida a fazer justiça. Por si, pela nova família que encontrou junto dos familiares do seu amor fugaz e também pela ideia de que quem é capaz de tudo para atingir os seus fins não pode ter tantas vidas nas mãos. Deixa, pois, o seu reino e parte para Isolte, para participar numa conspiração. Ciente de que haverá quem a julgue só por ser quem é... mas de que tem um papel a desempenhar.
Um dos primeiros aspetos a destacar neste livro é comum ao primeiro volume: a relativa brevidade. Relativa, porque, nas suas mais de duzentas páginas, não é assim tão curto, mas, com tantas coisas a acontecer no enredo, parece que podia ser bastante maior. É esse, aliás, o principal ponto fraco desta história: que, pela forma relativamente breve como tudo é narrado, há situações que parecem acontecer de forma demasiado simples, demasiado apressada, deixando uma certa sensação de curiosidade insatisfeita.
Apesar desta óbvia limitação, não lhe faltam, ainda assim, aspetos cativantes, a começar pela sucessão de reviravoltas, não só em termos de intrigas, mas sobretudo de relações pessoais. A mais clara de todas diz respeito a Etan e a Hollis, naturalmente, pois o caminho que ambos têm a percorrer está carregado de mudanças, não só de cenário e de estatuto, mas sobretudo de mentalidade. Além disso, a sensação de perigo constante e as múltiplas perdas já ocorridas fazem com que haja também uma boa medida de emoções fortes que contrastam com um sentido de humor que é, talvez, um dos grandes pontos fortes deste livro.
Ainda um outro aspeto a destacar é que, apesar da rapidez de alguns aspetos, há, ainda assim, alguns pontos notáveis na construção das personagens. Aqui, é Etan que se destaca, com a pessoa que se esconde atrás da sua barreira a ser muito diferente do que as primeiras atitudes demonstram. Também este lado inesperado das personagens contribui para gerar grandes surpresas e para realçar a ideia sempre relevante de que ninguém é apenas o que parece à primeira vista.
Relativamente breve e essencialmente simples, apesar da sucessão de reviravoltas, trata-se, pois, de uma leitura leve, mas capaz de suscitar emoção nos momentos mais inesperados. Cativante, surpreendente quanto baste e divertida nos momentos certos, uma boa aventura.

sábado, 7 de agosto de 2021

Armazém Central: Serge | Os Homens (Régis Loisel e Jean-Louis Tripp)

A vida em Notre-Dame-des-Lacs tem regras bem definidas, ainda que não estejam escritas em lado nenhum, exceto na rotina das pessoas. Mas essa rotina tem vindo a sofrer alguns abalos, e há um novo que vai abalar tudo o que a comunidade conhece. A entrada em cena de Serge, um perfeito forasteiro, desperta imediatamente suspeitas na comunidade, sobretudo após ter-se alojado em casa de Marie. E quando, quase sem ninguém dar por isso, Serge começa a ocupar um papel importante na comunidade, há quem não se sinta muito satisfeito com isso. O que parecia sólido tem, afinal, algumas fragilidades. E não será preciso mudar mentalidades para que uma nova paz se possa instalar?
Um dos aspetos mais marcantes desta série é a forma como retrata com absoluta perfeição as particularidades da vida num meio pequeno, onde todos se conhecem, as relações são estreitas e quase todas as mudanças são encaradas com desconfiança. É uma história que vive tanto das grandes revelações como dos pequenos momentos, o que, além de a tornar mais cativante, gera emoção nos mais inesperados momentos e consegue ainda fazer refletir sobre a forma como o medo e os preconceitos comandam, às vezes, as decisões das pessoas.
Outro aspeto curioso é que, embora situada num local muito específico, e com hábitos também bastante singulares, outros elementos há que facilmente poderiam se transpostos para outros locais. As festas, o porco, os vizinhos que se juntam para ajudar com alguma coisa, o regresso dos que partiram em alturas específicas do ano... soa familiar, não soa? E, tendo em conta o curso da história, esta familiaridade de um contexto diferente faz com que também as questões que evoca se tornem familiares. A posição de Marie, o segredo de Serge, os mexericos, as confissões, a necessidade de ajuda... tudo o que vive neste mundo vive também, de certa forma, na realidade.
Olhando, por último, para a arte, há dois aspetos que, não sendo particularmente novos para quem já leu outros volumes da série, não deixam ainda de merecer destaque: a expressividade das personagens, sobretudo no caso de Marie, em que os olhos parecem falar, mas presente em praticamente todos os intervenientes; e os discretos laivos de ternura discreta, numa carícia a um gato ou nas brincadeiras entre os animais, que acrescentam ainda um novo rasgo enternecedor a uma história toda ela emotiva.
Vive das pequenas coisas e das grandes emoções. Ensina lições insuspeitas, mais pela ação que pela palavra. E cativa, emociona e surpreende ao virar de cada página. Eis a alma desta série, e particularmente deste volume: uma leitura terna, intensa e memorável.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O Monge e o Milionário (Vibhor Kumar Singh)

À primeira vista, seria de esperar que fossem totalmente incompatíveis. Um, um capitalista ferrenho, dedicado de alma e coração aos seus investimentos e ao sucesso empresarial. O outro, focado numa vida minimalista como forma de encontrar a paz e a sabedoria. Mas eis que, de formas diferentes, ambos se veem confrontados com a mesma pergunta: és feliz? E é esse o ponto de partida para uma parceria lucrativa, não só do ponto de vista financeiro, mas sobretudo da perspetiva mental.
Um dos aspetos mais interessantes desta pequena mas muito interessante leitura é o contraste que cria entre dois mundos diferentes, realçando tanto os obstáculos como as lições positivas a retirar de cada um desses mundos. As personagens são Monge e Milionário, mas aquilo que representam tem repercussões interiores: o Monge, com a sua emotividade, a sua presença espiritual e a sua visão mais minimalista do mundo, representa o coração; o Milionário, com a sua racionalidade, o seu pragmatismo e o seu pensamento sistemático, corresponde obviamente ao cérebro. E, assim, os dois mundos em colisão tornam-se forças complementares. Na história como na vida.
Sendo uma história breve, é também de esperar que seja relativamente simples. A história propriamente dita é, aliás, feita mais de pequenas partilhas do que propriamente de grandes acontecimentos. Ora, tendo isto em vista, é apenas natural que fique uma certa curiosidade insatisfeita, pois, mais centrada na lição do que num possível enredo, fica uma certa vontade de conhecer melhor estas personagens. Mas é também um daqueles casos em que a mensagem é mais importante do que o mensageiro, fazendo, por isso, sentido que personalidades e histórias passem frequentemente para segundo plano.
Falando, então, na mensagem. Mais do que soluções perfeitas, o que este livro apresenta é um conjunto de ideias e de pontos de partida para a busca da felicidade. Não promete fórmulas mágicas - até porque não existem fórmulas mágicas. Mas tem a capacidade de, em moldes inesperados e com uma simplicidade sempre cativante, nos fazer refletir um pouco, não só sobre a própria felicidade, mas também sobre outros aspetos da vida, desde o rancor ao perdão, passando até pelas ideias preconcebidas que temos de certas práticas.
Breve e leve, mas com uma boa base para reflexão, trata-se, pois, de uma história simples, mas onde Monge e Milionário - cérebro e coração - refletem um pouco de cada um de nós. Muito interessante, em suma, em múltiplas facetas.

domingo, 1 de agosto de 2021

Amnistia (Aravind Adiga)

Danny vive há quatro anos como imigrante ilegal na Austrália. Limpa casas, leva uma vida discreta, encontrou o amor num site de encontros para vegetarianos - apesar de não o ser - e aprendeu umas coisas sobre como manter a discrição para não ser apanhado. Em tudo o que faz, tem sempre algo bem presente: nunca voltará ao seu país. Só que a paz discreta da sua vida está prestes a desfazer-se. Certa manhã, ao limpar a casa de um dos seus clientes, recebe a notícia da morte de Radha Thomas, também ela uma antiga cliente sua. E, à medida que começa a perceber mais do que aconteceu, começa a suspeitar de que sabe também quem a matou. Só que denunciar o assassino implica denunciar-se a si mesmo e, possivelmente, ser deportado. Terá, pois, de decidir o que tem mais força: o medo ou a consciência.
Passada totalmente num único dia, embora parecendo abranger uma vida inteira, este livro tem a sua grande força no dilema interior que o define - e nas repercussões desse dilema em termos de perspetiva global. Danny debate-se entre a necessidade de ficar calado para não se denunciar e a consciência que lhe diz que não pode fazer isso. E as suas circunstâncias projetam uma pergunta para o leitor: será justo, verdadeiramente justo, que alguém possa fazer o que está certo e ser castigado por isso? É este o cerne desta história e é esta a grande marca que deixa: a capacidade de questionar, de fazer refletir, de gerar empatia onde ela muitas vezes não parece existir.
Também a voz do livro tem o seu lado singular, pois, apesar de narrado na terceira pessoa, parece entrar diretamente nos pensamentos de Danny, expressando as suas dúvidas, realçando as suas experiências, traçando até alguns monólogos interiores - ou... bem, diálogos interiores com um cato - particularmente marcantes. Além disso, a perspetiva de Danny enquanto figura deliberadamente invisível faz com que, sendo embora um percurso pessoal, haja também uma visão bastante nítida do cenário e do contexto ao longo de toda a narrativa.
Um último ponto a destacar é que, sendo uma luta entre medo e consciência, não é, ainda assim, uma história com uma visão linear de bem e mal. Sim, à primeira vista, pode parecer óbvio qual é a decisão certa a tomar. Mas dadas as circunstâncias, as dúvidas que vão emergindo e a própria ambiguidade do sistema, a perspetiva vai-se alterando. E a ambiguidade é particularmente forte porque nenhuma personagem se aproxima sequer de uma nobreza imaculada. Todos têm os seus defeitos, as suas vulnerabilidades humanas, as suas sombras. E assim, há uma dúvida que persiste até ao final da história. Final esse que é também emocionalmente ambíguo... porque é mesmo assim que tem de ser.
O próprio tema torna inevitável que não seja propriamente uma leitura leve. Mas é uma história que deixa a sua marca: pelo tema, pela complexidade, pela visão pura e dura de uma espécie de justiça onde qualquer boa ação pode ser castigada. E por Danny, em toda a sua singularidade, da estranheza à memorável empatia.