Quando Sir Claud Amory decide pedir a Poirot que se desloque à sua casa, o seu medo é o de que alguém de entre os que lhe são próximos pretenda roubar a sua mais recente e importante descoberta. Contudo, os acontecimentos precipitam-se e quando, após o desaparecimento da fórmula, Sir Claud decide dar ao culpado a oportunidade de devolver discretamente o que tirou, a morte surge em circunstâncias duvidosas. O motivo da chegada de Poirot deixou, portanto, de ser relevante. Ainda assim, o detective sente-se na obrigação de resolver o mistério da fórmula desaparecida... e de descobrir o assassino.
Escrita originalmente na forma de texto dramático e, mais tarde, adaptada a romance por Charles Osborne, há, nesta obra, vários pontos em comum com outras obras da autora. Na verdade, a linha essencial da narrativa - uma morte, uns quantos suspeitos, uma investigação e a revelação do culpado - é relativamente familiar aos leitores de policiais, havendo também algo de familiar no momento em que Sir Claude reúne os futuros suspeitos numa sala trancada (fazendo lembrar, um pouco, As Dez Figuras Negras).
Destaca-se, sobretudo, a peculiar personalidade de Poirot, tanto nas suas pequenas manias como na capacidade dedutiva que o leva a basear a investigação no que lhe apresentam as suas "celulazinhas cinzentas". Além disso, e ainda que este seja um caso em que não é muito difícil adivinhar a identidade do assassino, há uma força cativante na forma como os eventos são abordados, desenvolvendo interesses, relações e, por vezes, até os princípios que definem o carácter dos diferentes suspeitos.
Fica, portanto, deste Café Negro, a impressão de uma leitura cativante, onde o mistério central é, talvez, um pouco previsível, sendo, contudo, compensado pelos pequenos segredos e manias dos seus intervenientes. Gostei.
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