Continuando no ponto onde a primeira parte terminou, o conto que se segue é Man, You Gotta See This!, de Tony Richards. Trata dos quadros de um homem morto e dos efeitos secundários de o observar, numa história fluída, intrigante e com um final marcante. Muito bom, em suma. Segue-se The Fisherman, de David A. Sutton, história de um casal numa segunda tentativa de lua-de-mel e do encontro com um homem perturbado pela morte da mulher. Lento e algo confuso, apresenta uma ideia interessante, mas acaba por deixar o essencial por explicar.
The Children of Monte Rosa, de Reggie Olner, conta a história de umas férias em Portugal e do encontro com um casal... peculiar. Pausado e descritivo, mas com um tom misterioso, tem como momento mais intenso a arrepiante apresentação das casas de vidro. Interessante e algo sinistro, deixa, ainda assim, algumas coisas sem explicação. The Witch's Headstone é, na verdade, um dos capítulos de The Graveyard Book, de Neil Gaiman. Apresenta a história de uma bruxa morta sem direito a uma lápide e, ainda que falte alguma contextualização (como é natural, sendo um excerto de uma obra mais extensa), trata-se de uma leitura cativante, com uma ideia interessante e escrita de forma agradável.
Segue-se Calico Black, Calico Blue, de Joel Knight. Aqui, os elementos essenciais são uma boneca de porcelana com "força de vontade" e uma visita do protagonista à sua estranha dona. Misterioso, intrigante e sombrio, cresce em intensidade com o evoluir do enredo, culminando num final poderoso. Já em This Rich Evil Sound, de Steven Erikson, um Inverno rigoroso é a base para uma estranha conversa entre dois homens, num conto pausado, mas com um estilo de escrita fascinante e uma interessante reflexão sobre solidão, cansaço e morte. Muito bom.
Miss Ill-Kept Runt, de Glen Hirshberg, fala de uma mudança, de uma salvação milagrosa e do conflito entre a imaginação e os medos reais. Cativante, mas estranho e um pouco confuso. Já Deadman's Road, de Joe R. Lansdale, junta um padre com ódio ao seu deus, um agente da autoridade e um condenado à forca numa viagem através de uma estrada onde habita um morto-vivo. Envolvente, sombrio, com laivos de macabro, destaca-se neste conto a curiosa visão de Jubil sobre a religião e a lenda associada à estrada. De notar ainda o final intenso, apesar de um pouco previsível.
Em A Gentleman from Mexico, Mark Samuels explora a descoberta de um novo autor e uma estranha semelhança entre este e Lovecraft. Cativante e com uma escrita fluída, destaca-se a interessante visão da relação entre autor e obra, bem como toda a teoria (algo surreal) para as razões do regresso do autor, resultando num conto surpreendente e enigmático. Já Loss, de Tom Piccirilli, apresenta uma casa cheia de gente peculiar, onde um escritor falhado, uma morte estranha e um amor secreto são a base de um conto extenso, mas cativante, apesar do ritmo pausado. Bastante surreal, mas surpreendente na sua estranheza.
Behind the Clouds: In Front of the Sun, de Christopher Harman, apresenta o globo de um planeta desconhecido, bem como o segredo escondido no seu interior. Com um início confuso, algo rebuscado, surge como uma ideia interessante, mas deixa demasiado por explicar, resultando num conto estranho e algo cansativo. Em The Ape's Wife, Caitlín R. Kiernan cria uma vida para Ann Darrow depois de King Kong. Descritivo, pausado, destaca-se principalmente pela estrutura de sonhos dentro de sonhos, bem como pela expressividade do vazio e da decadência. Um conto estranho, mas muito bom.
Da obsessão de um coleccionador de livros trata Tight Wrappers, de Conrad Williams, num conto com uma base interessante, ainda que algo surreal. O resultado, contudo, é algo confuso, deixando a impressão de explicações em falta.
E o último conto é também um dos melhores do livro. Parte de um mundo maior e despertando curiosidade para outras obras do autor, Cold Snap, de Kim Newman, apresenta uma alteração meteorológica como base para uma fusão entre história de detectives, investigação paranormal e duelo entre heróis e vilões. Cativante, com personagens carismáticas, bons momentos de humor e um sistema muito interessante, um conto intenso e viciante. Magnífico.
O livro termina ainda com uma necrologia onde, num tom (felizmente) mais sereno e respeituoso que a introdução, o percurso e a obra das figuras relevantes que partiram em 2007 são recordadas de forma sucinta e esclarecedora, bem como uma lista de contactos e entidades relevantes para os interessados no género.
A impressão final desta leitura é, pois, a de uma obra abrangente, de grande diversidade de temas e estilos, e onde a força cativante dos contos varia, também, consideravelmente. Contos houve muitíssimo interessantes, enquanto a outros parece faltar qualquer coisa. Valeu a pena, ainda assim, descobrir ou conhecer mais da obra de alguns autores e, por isso, o balanço final é positivo.
Só me falta o 18 e 19, já tenho o 17, 20 e 21, mas ainda não li. Vou a meio do Best of Best, anual ;)
ResponderEliminarThanks for the generous comments of my tale "Loss". So glad you enjoyed the piece. It's always nice to see how non-US horror readers take to the work.
ResponderEliminarbest, Tom Piccirilli
PicSelf1@aol.com