Percorrendo o relato bíblico do julgamento e condenação de Jesus, Augusto Cury baseia-se nessa narrativa para analisar, passo a passo, os principais aspectos de uma personalidade invulgar. Não se trata de definir ou questionar a humanidade ou divindade de Cristo, mas essencialmente de analisar os motivos e as lições a retirar dos seus comportamentos, nas mais extremas circunstâncias. E se é verdade que as crenças do autor são mais evidentes neste livro que no anterior O Mestre da Sensibilidade - crenças que se destacam de forma particular quando o autor apresenta possibilidades para a existência ou não de Deus - , não se trata, ainda assim, de uma visão religiosa do tema, já que são as características humanas (inteligência e emotividade) que são aqui analisadas.
É a forma directa e sem elaborações com que o autor apresenta os seus pontos de vista que torna este livro cativante. Dando ênfase ao valor das emoções e aos melhores valores do comportamento humano, o que se cria é uma figura que pretende servir de exemplo e, a cada característica dessa figura, o autor destaca o que aí existe de louvável e estabelece comparações com a forma como, no dia a dia, cada um lida com as circunstâncias perturbadoras da vida. Assim, e ainda que este livro seja classificado como "auto-ajuda", não é essa componente que se destaca, mas antes a caracterização de um homem, na análise dos pontos que definem a sua forma de ser.
Há, é claro, uma base de fé, e a fé do autor nota-se na forma como o livro é construído. Ainda assim, não é uma leitura que exija, à partida, uma certa medida de fé, já que, divino ou não, as características exploradas neste livro são, fundamentalmente, humanas. Trata-se, por isso, de uma interessante visão das forças (e fragilidades) humanas, por comparação com um exemplo que (independentemente de como se veja) é universalmente conhecido. E é aqui que reside o principal ponto de interesse neste livro.
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