quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Magia e Sedução (Alice Hoffman)

As Owens sempre foram vistas como as culpadas de todo o mal que sucedesse. Contudo, quando o desejo se tornava mais forte, não eram poucas as mulheres que se revelavam dispostas a recorrer a métodos pouco ortodoxos para conquistar a pessoa amada. Por isso, Sally e Gillian Owens, orfãs e criadas pelas tias, habituaram-se desde cedo a conviver com as mais estranhas circunstâncias e, marcadas por aquilo que observaram, juraram nunca ceder ao desejo. Mas, ao crescer, ambas mudam e as suas personalidades definem-se. Por isso, Gillian abandona a casa das tias para casar e viver a sua própria vida. Sally, por sua vez, permanece e constrói aí a sua família. O problema é que nada é eterno e ambas terão de viver as suas próprias tragédias, até que os seus caminhos se voltem a cruzar.
Há um contraste interessante na forma como a magia é abordada ao longo deste livro, funcionando, por um lado, como força motriz para as decisões das protagonistas, mas sendo, por outro, um elemento natural e, nalgumas circunstâncias, apenas um aspecto secundário da situação. Existem fenómenos sobrenaturais. Existem também alguns rituais que são realizados. Não são, contudo, estes o ponto essencial da narrativa e os grandes acontecimentos são movidos por algo mais terreno (ainda que igualmente complexo): o amor.
E ainda que o amor seja um ponto fulcral no desenvolvimento deste livro, não se pode dizer que haja momentos particularmente sentimentais. A história é narrada de um ponto de vista algo distante, ainda que envolvente, e sãos desenvolvidos os acontecimentos que propriamente as reacções emocionais. Os grandes momentos, pois, surge através das relações algo complicadas entre as Owens e não propriamente nas suas experiências... amorosas.
Ainda um outro aspecto curioso é a forma como presente e passado das personagens se interligam, passando do acontecimento à memória de forma algo brusca, como que se uma ideia que surgisse na mente da personagem em causa. Isto resulta nalguns momentos um pouco confusos, principalmente nas trocas mais abruptas de personagens, mas contribui, em contrapartida, para um conhecimento um pouco mais completo das personagens.
Envolvente, ainda que um pouco distante, uma história cativante, onde alguns momentos poderiam, possivelmente, ter sido um pouco mais desenvolvidos, mas que, apesar disso, não deixa de ser interessante. Mais haveria a dizer, talvez, sobre alguns aspectos. Gostei, ainda assim.

1 comentário:

  1. Eu adoro o filme, é um guilty pleasure. :) Vou ver se também consigo ler o livro.

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