Decidido a cortar as suas ligações com o Departamento, o misterioso Gabriel Allon retira-se, na companhia da sua mulher, para um remoto lugar na Cornualha. O objectivo é recuperar dos acontecimentos passados, seis meses antes, na Rússia. Mas um visitante inesperado vem interromper o seu exílio e o desaparecimento de um Rembrandt (quase) desconhecido é o ponto de partida para mais um regresso a um mundo onde Gabriel é uma lenda... mas do qual preferia manter alguma distância.
É interessante notar como o que começa por uma história mais simples e mais relacionada com o mundo da arte acaba por se encaminhar para uma situação mais perigosa e envolvendo toda uma operação meticulosamente planeada. A história de Julian Isherwood e do seu Rembrandt parece, a princípio, ser o essencial da história e a intervenção de Gabriel parece ser apenas um favor a um amigo. Mas há sempre uma história escondida sob a superfície e, mais uma vez, os interesses dos poderosos tornam necessária uma maior intervenção da parte de Gabriel. E um necessário regresso aos meandros do Departamento.
Há, portanto, muitos segredos e muitas revelações ao longo deste livro, bem como muita acção, uma boa dose de tensão e alguns momentos emocionais muito bem conseguidos. Ao relacionar elementos tão diversos como o mundo da arte, os crimes nazis e os interesses de algumas potências em armamento nuclear, o resultado é uma história sempre mais complexa do que aparenta e onde o que é revelado do enredo principal diz também muito sobre o seu relutante protagonista.
Não há tanta intensidade emocional como, por exemplo, em O Desertor. Isto deve-se a um menor envolvimento pessoal de Gabriel na operação propriamente dita, sendo o melhor do seu papel revelado na sua posição de "mentor" para uma operação bastante complexa... e arriscada. Os desenvolvimentos que surgem, contudo, são muito bons e as relações de lealdade, bem como a "maldição" de saber a diferença entre certo e errado são exploradas de forma bastante intensa.
Com uma história viciante, momentos muito bons e um protagonista carismático que, a cada novo livro, se revela mais complexo e interessante, O Caso Rembrandt acrescenta um novo capítulo às sempre fascinantes missões de Gabriel Allon. Intenso e de leitura compulsiva. Muito bom.
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