quinta-feira, 30 de abril de 2015

Para Sir Phillip, com Amor (Julia Quinn)

Com vinte e oito anos e depois de ter recusado muitas propostas de casamento, Eloise Bridgerton sabe que é uma solteirona e a verdade é que nunca achou a ideia tão desagradável assim. Mas agora que a melhor amiga casou - e com o irmão dela, ainda por cima! - Eloise sente-se mais sozinha que nunca. Por isso, quando o seu correspondente de longa data lhe propõe casamento, Eloise não pensa duas vezes antes de deixar tudo para trás. O que ela não sabe é que há muito mais na vida de Sir Phillip do que aquilo que pôde deduzir das cartas. E que também Sir Phillip tem dela uma ideia muito diferente...
Um dos aspectos mais cativantes nos livros de Julia Quinn é a capacidade da autora de criar uma história equilibrada, em que romance, humor, relações e afectos familiares e momentos e assombrações do passado se conjugam nas medidas ideais, dando forma a uma leitura envolvente, surpreendente... e divertida, claro. E é preciso que se diga que este Para Sir Phillip, com Amor não é, de forma alguma, excepção, mas que há também algumas diferenças que sobressaem, principalmente na fase inicial, e que fazem com que o ritmo desta história seja bastante diferente.
Para começar, a fuga de Eloise faz com que uma boa parte do enredo decorra longe dos restantes Bridgerton, o que, desde logo, confere à fase inicial da história um registo mais sério - ainda que leve quanto baste. Além disso, há em Sir Phillip um temperamento particularmente sombrio, que, ainda que parcialmente justificado pelo passado, o deixa muito longe do tipo de personalidade que facilmente gera empatia. E é também aqui que se revela a mestria da autora. É que, mesmo com um protagonista menos carismático (e que, nalguns raros momentos, consegue roçar a imbecilidade), a autora consegue construir uma história envolvente, repleta de momentos intensos e com rasgos de emoção verdadeiramente surpreendentes. E quando o potencial das personagens se revela por completo - e sim, isto também inclui Sir Phillip - então a magia acontecer e, a partir de certo ponto, torna-se impossível largar a leitura.
E depois há os Bridgerton, que, apesar de ausentes da fase inicial do enredo, têm, ainda assim, um papel de altíssima importância a desempenhar, intervindo tanto nos momentos mais comoventes como nos mais divertidos e complementando a magia do romance com uma belíssima recordação da importância dos outros tipos de afecto.
A soma de tudo isto é a já expectável leitura agradável e descontraída, em que romance, humor e emoção se conjugam nas medidas certas e em que todas as personagens - tanto as novas como as já conhecidas de volumes anteriores - têm sempre algo de bom a acrescentar. Intenso e envolvente, um livro que recomendo.

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