quarta-feira, 29 de abril de 2015

Um Paraíso no Inferno (Laura Alho)

Rogério e Melissa amam-se, mas isso deixou de ser suficiente. Consumido por um emprego de que não gosta e por um sonho de que há muito desistiu, Rogério perdeu o ânimo para encarar a vida e por demasiadas vezes descarregou as frustrações em Melissa. Mas agora, o ponto de rotura foi atingido e a única opção possível é uma separação, para que ambos possam pensar no que realmente querem e decidir se pertencem mesmo ao lado um do outro. O que não sabem é que essa separação trará inúmeras mudanças. E talvez aquilo que quebrou nunca mais possa ser restaurado...
História de um triângulo amoroso - com algumas ramificações complementares - e, por isso, centrada na interacção entre as personagens, este é um livro em que tudo é bastante simples, excepto os sentimentos. E, por isso, não havendo grandes descrições ou elementos de contexto, já que a história se centra, essencialmente, nas vidas particulares das personagens, não há grandes elaborações, nem de escrita nem de contextualização, o que, por um lado, deixa em aberto algumas possibilidades por explorar, enquanto que, por outro, confere à história um ritmo bastante envolvente.
E é este ritmo envolvente que, desde cedo, mantém acesa a vontade de continuar a leitura, mesmo quando as circunstâncias despertam sentimentos ambíguos. É que, se há bastantes questões interessantes no percurso dos protagonistas, também há episódios que parecem demasiado simples, ou que são vistos - pelas personagens, entenda-se - de forma demasiado simplista, principalmente no que diz respeito à traição. É neste aspecto, aliás, que se encontra a principal fragilidade da história, já que, ao narrar a história pela voz dos protagonistas, a autora abre espaço a uma certa introspecção e a verdade é que, sendo certo que há muito de interessante nessas reflexões, há também momentos em que a forma de pensar - ou, por vezes, de arranjar desculpas - das personagens não é propriamente do género de despertar empatia.
Felizmente, este é apenas um dos vários aspectos que constituem este livro e, apesar de algum exagero nos momentos dramáticos, há sempre algo de interessante a acontecer, o que, aliado a uma escrita directa, mas envolvente, mantém viva a curiosidade em saber mais. Além disso, os desenvolvimentos em torno das questões de fé - e não necessariamente de religião - acrescentam algo de surpreendente ao enredo, o que, em certos momentos, acaba por fazer toda a diferença.
A impressão que fica, portanto, deste Um Paraíso no Inferno é a de um livro com algumas fragilidades, mas com bastante potencial, uma escrita agradável e um enredo que, mesmo sem ser muito surpreendente, consegue cativar. Uma história interessante, em suma.

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