Stuart está habituado a questionar tudo, a divagar por todas as possibilidades que se lhe apresentam. Mas está longe de imaginar a aventura que tem pela frente. Tudo começa quando Marla, habitante de um misterioso planeta, lhe aparece em casa a convidá-lo para uma viagem na sua nave. Fascinado pela sua existência, Stuart aceita sem hesitar e essa viagem leva-o a conhecer lugares de grande beleza - e grande horror. Há, contudo, algo que não bate certo. Tudo parece mudar sem explicação. E, quando perceber o que realmente está a acontecer, Stuart terá uma difícil decisão a tomar.
Bastante curto e com uma base bastante simples, este é um livro com uns quantos pontos fortes e algumas fragilidades, que se conjugam num equilíbrio ambíguo. Ambíguo porque, nalguns aspectos, surpreende pela positiva, enquanto que noutros fica a faltar algo mais. Mas vamos por partes.
O grande ponto positivo é a história propriamente dita. A viagem de Stuart pelos planetas, a explicação do que lhe está a acontecer, as próprias interacções com as outras personagens... em tudo isto há bastante potencial. E falo em potencial porque a verdade é que fica a ideia de que a história podia ser muito mais desenvolvida. Sendo certo que não deixa de cativar tal como é, ficam várias perguntas em aberto e a sensação de que muito mais haveria a explorar na narrativa. A caracterização dos planetas, os momentos de perigo, a própria situação que levou o protagonista ao ponto onde está. A ideia geral é clara. O potencial é bastante. Mas haveria mais a dizer.
Outro ponto forte é a mensagem positiva subjacente à história. Há, na visão de Stuart, uma linha muito clara entre o bem e o mal. E, se é certo que, na realidade, essa linha não é assim tão evidente, não deixa de ser cativante encontrar nas imagens deste mundo uma metáfora para a importância de fazer o que está certo. Mais uma vez, talvez houvesse mais a dizer sobre o assunto. Ainda assim, o essencial está lá.
Quanto aos pontos fracos, um deles é o que já referi: a sensação de que tudo acontece demasiado depressa, deixando coisas por dizer, aspectos por desenvolver. A história é interessante, sim, mas podia sê-lo ainda mais se todo esse potencial fosse mais explorado. O outro ponto tem a ver com algum descuido na revisão do texto, o que faz com que haja várias gralhas e erros recorrentes a quebrar o ritmo da leitura.
A impressão que fica é, por isso, ambígua. Por um lado, uma ideia repleta de potencial, por outro, a sensação de que mais havia a fazer em termos de concretização. Mas, sendo um primeiro livro, sente-se também uma certa margem para evoluir. E, assim sendo, a ideia que fica é a de uma estreia com algumas fragilidades - mas interessante, ainda assim.
Título: A Viagem da Mente
Autor: B. P.
Origem: Recebido para crítica
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