sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Morre, Alex Cross (James Patterson)

Tudo começa com o desaparecimento dos filhos do presidente. Acontece tudo muito depressa e, por mais rápida que seja a reacção de polícia e Serviços Secretos, quando dão pela falta de Zoe e Ethan, já é tarde demais para impedir o rapto. Em simultâneo, uma nova organização terrorista parece ter planos em grande para a destruição da América - planos de consequências mortais. Se as duas situações estão ligadas ou não, ninguém sabe ao certo. Mas há membros de todas as agências envolvidos no caso. E um deles é o detective Alex Cross, que, por mais indesejado que possa ser, não consegue ficar de lado num caso em que sente que a sua experiência pode ajudar. Mas não poderá essa mesma experiência - e a reputação que lhe conquistou - fazer dele um alvo a abater?
Chega-se a um ponto quando se leram vários livros do mesmo autor - e principalmente quando vários deles são da mesma série - onde não há muito de novo que se possa dizer sem estragar as surpresas da história. E, assim sendo, as características que importa destacar acabam por ser essencialmente as mesmas de sempre. A escrita directa, em capítulos curtos, doseando a informação na medida em que ela vai sendo necessária, confere ao enredo o habitual ritmo compulsivo, potenciando também o impacto das surpresas proporcionadas por cada nova revelação. E o próprio enredo, em que há sempre algo a acontecer, faz com que seja muito difícil largar a leitura.
Há, ainda assim, dois elementos que, não sendo propriamente exclusivos deste livro, importa, ainda assim, destacar. O primeiro é a conjugação de situações possivelmente pessoais (como as reacções de Alex à questão do rapto) com a vasta medida de caos associada aos actos de uma organização terrorista. Estes dois elementos conjugam-se, confundem-se, por vezes, levantando novas perguntas e possibilidades à medida novas pistas vão sendo reveladas. Além disso, a mudança de pontos de vista, passando da perspectiva pessoal de Alex para a visão de outros intervenientes (de ambos os lados do mistério) permite uma visão mais ampla do que está a acontecer. E isto é particularmente interessante se tivermos em conta que o melhor de Alex Cross se revela nas situações mais pessoais, mas que, ao conjugar as duas possibilidades, o protagonista acaba por estar sempre no seu máximo.
O que me leva ao outro ponto. Apesar de tudo o que passou em casos anteriores e contrariamente a muitas outras personagens do género, Alex não tem nada de disfuncional. Funciona, aliás, como um pilar de estabilidade no meio do caos, conseguindo manter um delicado equilíbrio entre a sua (um tanto invulgar) vida familiar e os casos de altíssima importância que sempre tem nas mãos. Sólido, seguro, com a cabeça e o coração no sítio certo - mas não infalível. E é precisamente isso, essa solidez em contraste com os momentos de vulnerabilidade, que o torna uma personagem tão fascinante.
Intenso, viciante, com uns leves toques de humor a acrescentar leveza à tensão crescente e um enredo cheio de reviravoltas do início ao fim, este é, pois, mais um livro que não desilude. E é por tudo isto (e mais que só lendo se descobre) que é sempre um prazer voltar à companhia do detective Alex Cross.

Título: Morre, Alex Cross
Autor: James Patterson
Origem: Recebido para crítica

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