terça-feira, 25 de maio de 2021

Dylan Dog & Dampyr - A Noite do Dampyr (Roberto Recchioni, Giulio Antonio Gualtieri e Daniele Bigliardo)

Estava apenas a acompanhar uma amiga a uma festa um tanto ou quanto bizarra e, por isso, não estava propriamente à espera de ver aparecer uma vampira a sério. E muito menos de a ver ser perseguida por um grupo de aspeto um tanto ou quanto questionável. Mas sendo Dylan Dog quem é, a estranheza faz parte do seu quotidiano e, além disso, sendo quem é, não pode ver uma mulher em apuros, mesmo que seja morta-viva. É assim que o caminho de Dylan acaba por se cruzar com o de Harlan Draka, o Dampyr, revelando a ambos a existência de inimigos em comum. Mas o que podem fazer quanto à vampira? E ao verdadeiro inimigo que a persegue?
Sendo uma espécie de encontro entre os protagonistas de duas séries diferentes, poder-se-á, à partida, pensar que a história de que este livro é a primeira parte terá interesse sobretudo para quem já conhecer minimamente o percurso dos dois heróis. Bem, não necessariamente. Eu, pelo menos, só conhecia um deles, e o resultado da leitura não foi perplexidade, mas sim uma curiosidade enorme em conhecer mais sobre este estranho e fascinante protagonista. Refiro-me ao Dampyr, claro, porque, sobre Dylan Dog, já me devem ter visto escrever umas coisas...
É ainda da questão do cruzamento entre séries que resulta outro aspeto marcante: o equilíbrio. Apesar de dividirem o protagonismo, não faltam elementos fortes de ambas as séries. O mundo dos Senhores da Noite, com as suas ligações, inimizades e longas vinganças entrelaça-se com a presença de um velho inimigo de Dylan. O contraste entre os companheiros de ambos os protagonistas é também particularmente notável, servindo mesmo de base a alguns momentos brilhantes de humor, protagonizados maioritariamente por Groucho... mas não só. E não faltam também momentos intensos, sejam de ação ou de emotividade, que surgem sempre na altura certa.
Em termos visuais, destacam-se as mesmas qualidades de uns quantos outros volumes protagonizados por Dylan Dog: os cenários extraordinariamente detalhados, cheios de aspetos surpreendentes, e uma expressividade absurdamente palpável no rosto das personagens, que às vezes quase faz com que pareçam saltar da página.
E é apenas a primeira parte, o que significa que não faltam questões em aberto. Mas fica, acima de tudo, a impressão de um percurso que, não sendo ainda completo, tem tudo nas medidas certas e promete ainda muito mais para o que falta desvendar. Intenso, marcante, surpreendente, é Dylan Dog em toda a sua glória... e em excelente companhia.

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