Marcada pelas memórias da guerra colonial, esta é a história de Joaquim, coveiro - ou, como ele prefere pensar, guardador de almas. E é fundamentalmente nas memórias e pensamentos do protagonista que este livro se centra, num estilo muito próprio e, por vezes, difícil de acompanhar.
A escrita do autor é bastante interessante e as metáforas a que recorre dão um certo poder poético à narrativa. O problema é que, num livro tão pequeno, estes elementos tornam-se demasiado presentes, deixando o enredo em si demasiado confuso, numa constante oscilação entre passado e presente, onde as repetições de frases dificultam ainda mais a orientação.
Existem, ainda assim, alguns momentos muito bons ao longo deste livro e a conclusão com que o autor fecha a história - na possibilidade de uma longa expectativa se tornar real - acaba por se entranhar nos pensamentos do leitor. E as reflexões dispersas ao longo do livro - os momentos difíceis, o medo, a dúvida entre a vida e a morte - adaptam-se em pleno ao estilo particular que o autor imprime à sua escrita.
Um livro interessante, em suma, com alguns pontos bons, mas que, na sua totalidade, não me marcou particularmente.
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