Há três anos que Antón Castán está na prisão e não sabe sequer por que delito. Um dia, decide começar uma espécie de diário, onde pretende relatar os acontecimentos da prisão, bem como as conversas surpreendentemente filosóficas que mantém com os seus companheiros de cela. Até que a mudança invade a sua rotina, quando o comportamento tirânico do novo director leva a um motim da parte dos prisioneiros.
Em parte sátira acerca da justiça (ou falta de), em parte reflexão sobre inocência e liberdade, este é um livro surpreendentemente cativante. Quer na caracterização dos prisioneiros - deste Antón, o inocente, a Braulio, o bígamo - e na sua diversidade, quer na forma como pensamentos profundos se sucedem sem que o texto se torne monótono, a linha de pensamento deste livro invade os pensamentos do leitor. Sem floreados desnecessários e sem grandes elaborações, o autor reflecte sobre temas tão controversos como a pena capital ou a não tão invulgar circunstância de um inocente cumprir pena por crimes que não cometeu e, através de metáforas poderosas, de situações imprevistas e também de evocações literárias, estas situações são retratadas com uma realidade perturbadora.
Quer nos momentos mais parados, quando a situação se resume à conversa de cela, quer na imprevisível reviravolta que surge nas personagens durante e após o motim, a abrangente temática da liberdade como antagonista (ou não) da prisão está sempre presente. E mais que a história de Antón, o inocente incarcerado, ou de Leloya, o director tirânico, este livro é, todo ele, uma história da liberdade.
Envolvente, profundo e com uma mensagem extraordinariamente poderosa, A Prisão é, sem dúvida, um livro muito marcante. Recomendo sem reservas.
MArcante, sem dúvida!
ResponderEliminaraliás, o meu favorito :) (apesar de ser uma novata nas leituras :))
Bem dita a hora em que mo ofereceram :P
livro fantástico!