Prosseguindo a partir do ponto onde terminou a primeira parte desta opinião, o conto que se segue é Love Bites, de Angie Fox. A história é a de uma princesa vampira que decide participar num programa de televisão para encontrar o amor da sua vida, descobrindo, contudo, que este não é quem ela julga. Num tom descontraído e cheio de humor, a visão do mundo vampírico neste conto é, a espaços, divertida, mas levanta algumas questões interessantes, nomeadamente na escolha entre a vontade da princesa e os interesses do reino. Com um ritmo um pouco lento, a início, torna-se compulsivo a partir do momento em que o verdadeiro perigo surge, culminando num final intenso e até comovente.
Flotsam, de Caitlín R. Kiernan fala de uma vampira que habita as águas e da apaixonada devoção do humano que a alimenta. Descritivo e poético, este conto contrasta com os restantes deste livro pela linguagem elaborada, pela poesia das imagens e pela profundidade da introspecção. Em poucas páginas, a autora cria uma imagem detalhada (e cheia de nostalgia) da figura que vive apenas e só para o êxtase de um único momento.
Em The Murder King's Woman, Jamie Leigh Hansen conta a história de uma humana disposta a entrar numa casa cheia de vampiros para salvar um que lhe é particularmente querido. Com um início onde a tensão é o ponto forte, um conto onde as revelações se sucedem de forma cativante e onde a relação entre vampiro e humana (e os motivos que a definem) é particularmente tocante. Ficam algumas coisas em aberto, mas o essencial está lá, neste conto emotivo, cativante e onde os grandes valores também marcam presença.
Segue-se Butterfly Kiss, de Carole Nelson Douglas. Aqui, a passagem para o terceiro milénio marcou a revelação da existência de diferentes seres paranormais. Agora, um detective privado muito particular tem em mãos um caso complicado e parece que alguma ajuda humana vai ser necessária. Com um início intrigante e um sistema curioso (ainda que explicado com demasiada brevidade), este é um conto que falha pelos aspectos deixados por explorar. A natureza do protagonista é particularmente interessante, mas, durante a maioria do conto, não passa de um espectador. Assim, e apesar da crescente intensidade na fase final, acaba por faltar empatia e envolvência.
Também em Crimson Kisses, de Diane Whiteside, fica a sensação de alguns aspectos deixados por explorar. A história é a de um pedido de casamento recusado, seguido pela fuga de dois amantes, num conto onde o tom inicial é de grande dramatismo e em que, com o foco principalmente na acção, falta algum contexto na relação entre os protagonistas. Fica, ainda assim, uma certa curiosidade em ler a série da autora que decorre neste mundo, em grande parte devido ao aparecimento de Rafael.
Em Vampsploitation, Jaye Wells conta a história de dois assassinos enviados para neutralizar um vampiro decidido a revelar a sua existência aos humanos. Interessante e misterioso, o ponto alto deste conto está na caracterização de Slade Corbin, mas não fica por aí. A protagonista feminina é também uma figura forte e cativante e a autora mistura acção e caracterização nas medidas certas. O resultado é um enredo interessante, protagonizado por boas personagens e com um final intenso e surpreendente. Fica a curiosidade em ler as restantes aventuras de Sabina Kane.
Uma entrevista de emprego com um final inesperado e uma forma diferente de lidar com uma série de homicídios são a base de Trust Me, de Stacia Kane. Intrigante e misterioso, mas com ênfase principalmente na sensualidade, o mais interessante neste conto é a abordagem ao caso de Jack, o Estripador. Falta algum desenvolvimento ao nível da relação entre os protagonistas, mas os momentos mais intensos estão muito bem conseguidos.
The Scotsman and the Vamp, de Jennifer Ashley, tem como protagonista uma vampira que se mudou para Hollywood para evitar um casamento planeado pela família, mas que agora se encontra ante o seu prometido e a possibilidade de regressar. Algo forçado nalguns momentos, com personagens de temperamentos aparentemente incompatíveis e bastante centrado nos protagonistas, fica deste conto a sensação de que mais poderia ser dito sobre o mundo vampírico para lá do casal.
Mais uma vez, a opinião já vai longa, pelo que os contos em falta ficam ainda para uma terceira parte desta opinião.
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