Médico na vila de Barcarrota, Francisco de Penharanda vive entre as suas funções e os seus segredos. Ao mesmo tempo que lida com a doença mental da mulher, Francisco tem também de manter bem ocultos os seus segredos já que os olhos da Inquisição estão em toda a parte e as consequências serão severas caso a sua posição de judeu oculto seja descoberta. Entretanto, o pároco da vila - que tem o particular dom de manter com o diabo alguns diálogos interessantes - é substituído. E o recém-chegado Frei Ruiz do Monte Sinai, com a sua postura severa e o seu conhecimento inegável, surge também como um mistério e uma ameaça, abalando a tranquilidade das gentes de Barcarrota com o medo que se insinua na sua chegada.
Envolvente e com uma voz narrativa muito própria, este é um livro que cativa desde as primeiras páginas. Primeiro, pela situação de abertura que é, por si só, um elemento intrigante e que desperta curiosidade. Depois pela forma como, com fluidez e sem elaborações desnecessárias, o autor constrói um enredo interessante onde cada uma das diferentes personagens tem características muito definidas e histórias com muito de cativante. A isto junta-se ainda a aura de medo que, com a ameaça da Inquisição, cria no ambiente geral toda uma nova tensão, resultando numa história interessante, com um bom protagonista e um contexto histórico apresentado de forma precisa e sem monotonia.
Há várias personagens interessantes ao longo do livro, mas é inevitável que se destaquem Francisco de Penharanda e Frei Ruiz de Monte Sinai. Ambos têm personalidades fortes, segredos profundos e uma história marcante. É a estranheza da tensão que se cria entre ambos, ainda assim, que confere a ambos o maior fascínio, já que, entre acontecimentos, insinuações e ameaças, o contraste entre as suas personalidades evidencia-se e a linha que separa a empatia da inimizade surge cada vez mais ténue. Há, ainda, algo de trágico que se insinua e que apenas na fase final da narrativa encontra a possível resolução.
Um livro envolvente, com uma escrita agradável e um ambiente bastante cativante, O Segredo de Barcarrota marca, ainda assim, principalmente pela empatia e pela emoção das suas personagens. Percorrendo com fluidez um amplo espectro de laços e de emoções, - do medo à esperança improvável, passando pela amizade, lealdade e traição - é nos detalhes de cada momento que se encontra o melhor deste livro. Cativante. Emotivo. Muito bom.
Carinhosamente venho desejar
ResponderEliminarum feliz final de semana.
beijos no coração,Evanir.
Fiquei maravilhada com seu blog.
Gostei muito do seu comentário, concordo completamente com ele. Ando a estudar português e tenho que fazer uma exposição do livro. Tentarei voltar mais vezes a ler o seu blog que acho maravilha.
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