sábado, 18 de maio de 2013

A Joia das Sete Estrelas (Bram Stoker)

Quando o pai sofre um ataque inexplicável, no interior da sua própria casa, Margaret Trelawny vê-se obrigada a pedir ajuda a um amigo recente. Malcolm Ross, advogado, acorre de imediato, para encontrar um cenário estranho. O pai de Margaret está ferido e inconsciente, mas ninguém sabe, ao certo, o que aconteceu e despertá-lo parece tarefa impossível. Além disso, o quarto onde tudo aconteceu está repleto de antiguidades egípcias, das quais emana um odor capaz de despertar sonolência em alguns dos presentes. O mistério parece inexplicável e as estranhas instruções deixadas por Mr. Trelawny limitam os passos da investigação. Mas só quando, dos estranhos acontecimentos e dos muitos artefactos que povoam o quarto, começa a surgir uma teoria que foge aos limites das leis naturais, começa a surgir uma verdadeira explicação para tudo o que está a suceder. E, com ela, vem uma missão a cumprir.
Narrada na primeira pessoa pela voz de Malcolm Ross esta história parece seguir, a princípio, os clássicos traços de uma história de detectives. A intervenção da Scotland Yard, a procura de pistas para procurar o incidente e, inclusive, a identificação de suspeitos, estão presentes no decurso do enredo. Mas cedo o enredo evolui num sentido diferente e as pequenas pistas que, desde cedo, insinuam um elemento sobrenatural acabam por ganhar destaque e ser os elementos fulcrais à conclusão desta história.
Não surpreende, por isso, que seja este lado sobrenatural um dos elementos mais cativantes neste livro. É na teoria construída em torno de Tera e dos artefactos egípcios que ocultam o seu poder que residem os grandes motivos para a aura de mistério que se sente ao longo de toda a narrativa e é também dela que surgem as grandes revelações. Além disso, a questão dos possíveis poderes da rainha estabelece limites - e quebra-os, por vezes - entre crença e ciência, num cenário em que muito é explicado e muitas possibilidades são levantadas, sem que isso implique necessariamente uma descoberta de todas as respostas.
Apesar de intrigante desde o início, não se trata propriamente de um livro de leitura compulsiva. As longas teorias formuladas pelas várias personagens e as extensas descrições conferem ao enredo um ritmo que é, necessariamente, pausado, já que há tanto de explicação como de acontecimentos. A envolvência mantém-se, ainda assim, e isto sucede principalmente devido ao equilíbrio entre os elementos interessantes dessas longas explicações e a intensidade dos momentos mais reveladores. Momentos estes que, quer pela peculiaridade de algumas personagens, quer pelo impacto de determinadas circunstâncias (sendo de destacar, é claro, o final que, mesmo deixando em aberto algumas questões, é de uma intensidade surpreendente), alimentam a curiosidade em saber sempre mais.
Trata-se, portanto, de uma leitura que, apesar do ritmo lento e da extensa componente descritiva, nunca perde o interesse, com as suas personagens peculiares e a conjugação equilibrada entre elementos de mistério e uma interessante teoria sobrenatural. Intrigante e envolvente, este é, sem dúvida, um livro que vale a pena. Muito bom.

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