terça-feira, 14 de maio de 2013

O Cantar das Vinhas (Vítor Alves Morais)

Diz a lenda que há uma maldição a pesar sobre a família Ribeiro de Castro e Telles. Porque o seu primeiro antepassado ousou cultivar uma vinha em terras malditas, a sua família está destinada a desgraças, até que o último do seu nome desapareça. Mas é só uma lenda, uma história que os empregados contam em momentos de monotonia. Ou assim pensa a família. Mas uma nova geração está prestes a sentir a força da maldição e os sons que se ouvem na noite apenas trarão dor aos membros da família...
Muito breve, mas bastante envolvente, esta é, no essencial, uma história familiar, ainda que cruzada com o elemento de mistério introduzido pela maldição. Tendo em conta a constante presença da lenda, é inevitável que quase todos os acontecimentos mais fortes sejam trágicos, mas há pequenas coisas do quotidiano que complementam esta história, introduzindo um breve relance ao contexto da época. Tudo muito breve, porque a própria história é breve, mas o que é contado é bastante interessante.
A escrita é bastante simples, não havendo grandes descrições e com a contextualização resumida ao essencial. Ainda assim, o tom de mistério, em contraste com a leveza dos momentos em família, torna a leitura envolvente e agradável, sendo que, apesar da simplicidade, os elementos essenciais estão lá.
Mas, se a brevidade contribui para fazer desta história uma leitura leve e descontraída, tem também um efeito negativo e isto diz respeito à forma apressada como tudo acontece. Desde as paixões de Margarida aos acontecimentos resultantes da maldição, tudo é narrado de forma muito sucinta. O mesmo acontece com a caracterização das personagens, limitada ao que é relevante para os principais acontecimentos. Disto resulta a impressão de que tudo nesta história podia ter sido mais desenvolvido, desde a história, que tem um potencial riquíssimo, tanto nas questões familiares como nas relativas à maldição, às próprias personagens, que, interessantes nos seus traços gerais, podiam sê-lo muito mais se as suas complexidades fossem mais exploradas.
Trata-se, pois, de uma história curta e muito simples, que poderia, talvez, ter sido muito maior. Não deixa, ainda assim, e tal como está, de ser uma leitura leve e agradável, com um enredo interessante e alguns momentos particularmente bons. Gostei, portanto.

Sem comentários:

Enviar um comentário