quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Volta ao Mundo em 80 Dias (Michael Palin)

Mais de um século depois da viagem de Phileas Fogg, e com a desvantagem acrescida de ser um indivíduo bem real, Michael Palin propôs-se percorrer o mesmo trajecto da personagem ficcional e, dentro dos referidos oitenta dias, fazer uma viagem de circum-navegação. Este livro é o relato da sua aventura, passo a passo, dia a dia, com todas as peculiaridades e tribulações experimentadas.
Apesar de se tratar, essencialmente, de um livro sobre viagens, o que primeiro chama a atenção neste livro não diz respeito ao percurso do autor, mas ao próprio autor. Michael Palin é um dos elementos dos Monty Python, o que, desde logo, cria algumas expectativas. Expectativas essas que são cumpridas já que, apesar de toda a viagem ser narrada num tom relativamente sério, há, também, uma agradável impressão de leveza, pontuada por um ocasional toque de humor. Assim, um dos aspectos mais interessantes deste livro acaba por ser precisamente a forma como a aventura é narrada, mais até que os acontecimentos propriamente ditos.
Um outro aspecto que cedo se torna evidente é o ritmo frenético da viagem. Não fica, por isso, um retrato particularmente completo dos países incluídos no percurso, até porque o limite temporal acaba por impor uma boa medida de correria e a necessidade de passar grande parte do tempo a viajar entre lugares. Há, ainda assim, o suficiente para assimilar as diferenças culturais. E, sendo estas vividas pelo próprio autor e, portanto, narradas de uma perspectiva muito pessoal, as circunstâncias tornam-se bem mais interessantes.
O foco da narrativa acaba por estar essencialmente no percurso do autor. Mas há ainda um outro ponto interessante neste percurso: as pessoas. Desde os companheiros de aventura às figuras mais caricatas com quem o autor se cruzou ao longo da sua aventura, há personalidades peculiares e uma mensagem global - e muito positiva - que sobressai: a de que parte do que torna a viagem real está nas pessoas ligadas a essa viagem.
Tendo tudo isto em conta, não se pode considerar que este livro seja um retrato completo dos lugares visitados na frenética volta ao mundo aqui descrita. Também não parece ser esse o objectivo. O que fica é o relato muito próprio de um percurso que, com todas as atribulações, acaba por reflectir o essencial. De tudo isto, resulta uma leitura leve e agradável. E também muito interessante.

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