segunda-feira, 27 de maio de 2013

As Primeiras Cinco Páginas (Noah Lukeman)

Noah Lukeman é agente literário. Está, por isso, habilitado a, depois de ter lido inúmeros originais, enumerar os erros recorrentes com que se cruza, e aqueles que mais frequentemente o levam a rejeitar um original. É esse seu conhecimento que é reunido neste livro, num conjunto de sugestões interessantes e claras sobre como melhorar um texto de modo a superar essas prováveis razões de rejeição.
O que primeiro cativa neste livro é a postura do autor. Admitindo, desde o início, a subjectividade da arte, o autor reconhece não haver métodos nem verdades universais, mas antes várias perspectivas e um equilíbrio entre técnica e inspiração. E nem as técnicas são consensuais. Esta admissão de uma diversidade de pontos de vista torna mais fácil acompanhar as ideias do autor, porque não são expostas como pretensões a uma verdade universal, mas antes como aquilo que são: um conjunto de conselhos úteis, fruto de uma longa experiência no mundo literário.
Mas passando às ideias propriamente ditas. É provável que, pelo menos para alguém que escreva há algum tempo, muitas delas não sejam algo de novo. Além disso, há, inevitavelmente, alguns pontos de discordância (mais uma vez, tal como o autor previu na introdução). São, ainda assim, ideias úteis e a forma como são expostas, com brevidade, mas também com clareza, e acompanhadas por exemplos fáceis de compreender, torna mais fácil assimilar os problemas que o autor reconhece em cada situação.
Ainda um outro aspecto interessante é que o autor não foge ao seu papel de agente literário, apresentando os problemas - e também as soluções - da forma como alguém da sua profissão os vê. Também isto cria uma percepção diferente das circunstâncias, até porque o autor recorre várias vezes à sua experiência - e a alguns exemplos - para contextualizar uma ideia.
Por último, importa referir o tom agradável e descontraído com que o autor constrói apresenta as suas ideias, desenvolvendo-as como conselhos e pontos de vista que são, e não como verdades invioláveis que é imperioso seguir. Este tom leve, quase coloquial, torna mais fácil seguir as ideias e assimilar o essencial. E também torna a leitura mais cativante, o que, num livro sobre escrita, acaba por também ser algo a considerar.
A soma de tudo isto resulta num livro útil, pelos conselhos e pela experiência pessoal do autor, e também cativante, pelo tom agradável em que as ideias são apresentadas. Sem verdades universais, mas reconhecendo a diversidade, um livro muito interessante e cheio de boas ideias. Muito bom.

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