quinta-feira, 16 de maio de 2013

Completamente Louco (Nils Verd)

Esta é a história de um homem rico, generoso, bastante excêntrico... e bastante louco, também. De um homem que constrói máquinas com o auxílio de um genial urso de peluche, sustenta os sobrinhos e ama-os como se fossem seus filhos, fala com uma estranha mulher na casa ao cimo da colina e tem como entregador de pizzas o próprio Jesus. É uma história de episódios caricatos, com um pouco de místico e alguns momentos surreais. Mas, na estranha loucura de personagens e acontecimentos, é também uma história estranhamente cativante.
Se compararmos este livro com o primeiro do autor, é inevitável reconhecer uma evolução notável. Todos os aspectos que geravam confusão foram, neste livro, resolvidos. Assim, temos uma linha narrativa bem mais definida, personagens centrais facilmente reconhecíveis e um contexto claramente definido. Neste contexto, a mensagem de paz torna-se muito mais clara, o mesmo acontecendo com um elemento místico que, com algumas associações a Vim para Ver-te, se torna agora mais fácil de assimilar, porque está melhor enquadrado numa linha temporal precisa.
Este é, portanto, um livro bem mais envolvente e, também, bastante divertido. Desde a muito estranha vida familiar do protagonista às suas experiências mais absurdas, há toda uma série de momentos bizarros que, intercalados com algumas situações comoventes e um ambiente geral de leveza, mantêm viva a curiosidade em saber o que mais acontecerá na história de tantas personalidades peculiares. Além disso, o protagonista, que é também narrador, tem, nos seus traços de loucura (explicados, gradualmente, ao longo do enredo), uma boa base para que, destas situações caricatas, surja também a sua verdadeira natureza. Natureza que é, no fundo, a de um homem de bom coração e que, mesmo nos momentos mais surreais, transparece nas suas acções.
A nível de escrita, notam-se algumas distracções a nível de revisão, com algumas gralhas a surgirem ao longo do texto. Ainda assim, não são frequentes ao ponto de prejudicarem gravemente a leitura e o tom pessoal, resultante da narração na primeira pessoa, compensa estes pequenos lapsos. Assim, nunca se perde a envolvência da história, nem mesmo nos momentos em que a estranheza é dominante.
Esta é, pois, uma história caricata, feita de episódios estranhos e personalidades excêntricas. Mas é, também, uma história divertida e cativante, com alguns momentos particularmente marcantes e uma mensagem bastante positiva. Uma leitura agradável, portanto. Gostei.

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