Chegou a véspera de Natal, mas algo de errado se passa na Elfolândia. A esperança que torna a magia possível parece estar a diminuir e, ao mesmo tempo, a paz para lá das montanhas também parece vacilar. E, quando um ataque dos trols impede o Pai Natal de realizar os desejos das crianças naquele ano, a esperança definha ainda um pouco mais. É preciso fazer alguma coisa, mas, para salvar o Natal, o Pai Natal precisa da ajuda da primeira criança que acreditou. Só que a vida de Amélia piorou consideravelmente desde essa altura e, para salvar o Natal, é preciso primeiro salvar Amélia... e fazer com que ela volte a acreditar.
Uma das coisas mais encantadoras neste livro natalício é que, embora seja uma história escrita ao pensar nos mais jovens, consegue encantar da mesma forma os leitores adultos. Sim, é verdade que a inocência da história pode, às vezes, fazer com que pareça que tudo se resolve de forma demasiado simples... bem, mas a magia é isso, não é? E há algo de mágico em voltar a entrar no estado de espírito inocente de uma criança que ainda acredita que a magia pode resolver tudo, trazer todos os tipos de felicidade e tornar possíveis os impossíveis da vida.
No fundo, é isto que mais marca neste livro: a mensagem positiva desta aventura. Mas desengane-se quem pensa que é só da mensagem que vive a alma deste livro. Não, a história de Amélia e do Pai Natal está cheia de perigos, de aventuras, de peripécias divertidas e até de alguns pequenos momentos comoventes. É fácil entrar no espírito ao longo do livro e nutrir sentimentos por estas tão estranhas, mas tão naturalmente construídas, personagens.
E depois há a forma que, não sendo talvez o mais importante, acaba por maximizar o impacto de tudo o resto. As ilustrações dão uma nova vida às personagens que, já de si, têm vida que chega e sobra. E a escrita de Matt Haig, com os seus sempre fascinantes rasgos de mestria e frases memoráveis, torna tudo ainda mais mágico.
Ah, e há mais uma questão. É verdade que ficaram umas quantas perguntas sem resposta - mas isso deve-se também ao facto de haver um livro anterior a este e outro a seguir. Por isso, mais que a sensação de curiosidade insatisfeita - até porque a forma como tudo termina é bastante adequada - fica a vontade de ler os outros livros para descobrir o resto.
Tudo somado, fica a impressão de uma aventura enternecedora e cativante, em que personagens sobejamente conhecidas ganham uma nova vida. Inocente quanto baste e com uma história tão deliciosa como a mensagem que contém, uma bela leitura natalícia... ou para qualquer outra época do ano. Afinal, o Natal é mais do que uma data, não é?
Título: A Rapariga que Salvou o Natal
Autor: Matt Haig
Origem: Recebido para crítica
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