Jack Morgan está de visita a Paris para ver como correm as coisas com a sua empresa. Longe está ele de imaginar que se verá envolvido numa série de situações delicadas. Primeiro, um dos seus principais clientes liga-lhe a pedir que encontre a neta, da qual pouco sabe há bastante tempo, mas que acaba de lhe ligar a dizer que está metida em sarilhos. E depois o que começa por ser um conjunto de misteriosos graffiti ganha um novo significado quando as grandes figuras de França começam a aparecer mortas de uma forma altamente simbólica. Todos os recursos da Private Paris serão necessários para desvendar o mistério, pois a tensão que se vive na cidade é imensa e basta a mais ínfima faísca para pegar fogo a tudo.
Já é característico desta série que o enredo se divida entre vários casos. Mas é provavelmente neste livro que as várias partes se conjugam de forma mais coesa. O caso de Kim Kopchinski pode ter muito pouco a ver com os misteriosos actos do grupo AB-16, mas ambos os casos parecem entrelaçar-se com fluidez no ritmo a que a narrativa avança. Além disso, a situação de Jack enquanto estrangeiro no país torna a sua intervenção em ambos os casos mais delicada, o que faz com que tudo progrida com uma muito maior subtileza.
Claro que, apesar da situação delicada de Kim, grande parte do impacto da história vem do caso AB-16. E é daqui que emerge outro dos grandes pontos fortes deste livro. É que, sem perder de vista o habitual ritmo intenso e de acção constante, os autores traçam um cenário complexo e que levanta várias perguntas relevantes. Os processos de radicalização, a forma como o preconceito pode ser usado em proveito próprio, até mesmo a forma como, a partir de uma série de suspeitas bem urdidas, se pode construir uma teoria completamente oposta à realidade dos factos, tudo isto está bem presente ao longo do enredo e a naturalidade com que tudo se desenrola só realça mais o impacto destas questões.
E depois, claro, há Jack e a forma como, a partir do seu carisma (e das suas discretas, mas perceptíveis vulnerabilidades), se gera uma série de simpatias e de aversões mais ou menos óbvias, que tanto proporcionam momentos de grande intensidade como de um muito agradável humor. Também isto torna a leitura mais cativante, pois vem criar picos de surpresa num livro onde a acção é praticamente incessante, acrescentando ao enredo uma faceta mais leve que, tendo em conta o cenário global, acaba por funcionar particularmente bem.
Trata-se, pois, muito provavelmente de um dos melhores livros desta série, um livro para devorar de uma assentada - e, depois, para ficar ansiosamente à espera da próxima aventura de Jack Morgan e da sua Private. Intenso, viciante e muito equilibrado na conjugação das suas múltiplas facetas. Muito bom, portanto.
Título: Private: Paris
Autores: James Patterson e Mark Sullivan
Origem: Aquisição pessoal
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