A capacidade de pensar e de criar faz parte do que torna a espécie humana tão avançada. Mas de onde vem a criatividade? E de que forma se enquadra na possibilidade de um sentido - ou de uma explicação - para a condição humana? Recorrendo a exemplos da natureza, à sua própria experiência e ao percurso evolutivo das ciências e das humanidades, o autor debruça-se sobre estas e outras questões para tentar dar uma explicação mais precisa acerca das origens genéticas, bem como das influências ambientais, da criatividade. E recorre a um passado muito distante - para contemplar, talvez, um possível futuro.
Provavelmente o aspecto mais interessante deste livro é a forma como o autor conjuga múltiplos elementos - da história, da ciência, da filosofia e da sua própria experiência pessoal - para traçar uma análise bastante vasta das origens e mecanismos da criatividade. Não se cinge, aliás, à criatividade, debruçando-se sobre a natureza das humanidades, o seu conflito com a ciência e até o impacto destas duas grandes áreas no equilíbrio económico e social dos dias de hoje. Recua até aos primórdios da evolução da espécie humana, debruçando-se depois sobre as perspectivas da ciência moderna. E tudo de forma acessível e interessante, sem nunca se tornar monótono ou maçador.
Esta expansão para diferentes aspectos - embora todos eles pertinentes - tem uma contrapartida: a sensação de que sobre todos eles haveria mais a desenvolver. Ainda assim, não parece que o objectivo seja uma exploração exaustiva, mas antes uma visão global. E nesse sentido, o livro cumpre plenamente o seu objectivo, traçando hipóteses para as origens e o futuro da criatividade e também para o desenvolvimento das humanidades na era da ciência.
Importa ainda destacar dois aspectos que, embora possam parecer menores na perspectiva global, contribuem em muito para tornar a leitura mais interessante: a fluidez de uma escrita que não se perde em demasiados pormenores e o recurso a experiências pessoais, o que permite não só uma percepção mais clara, mas também uma sensação de maior proximidade relativamente às descobertas narradas.
Finda a leitura, fica a impressão de um livro abrangente e esclarecedor, escrito de forma acessível e com muito de interessante a considerar. Uma boa leitura, em suma, e uma bela perspectiva das origens da criatividade.
Título: Homo Creator
Autor: Edward O. Wilson
Origem: Recebido para crítica
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