Vinte e cinco anos após a conclusão do liceu, um grupo de ex-colegas decide juntar-se para um almoço em Elvas. Quando, contudo, depois da confraternização, acabam por visitar uma pedreira, uma falha leva a que, durante dois dias, fiquem soterrados, e o que parecia ser apenas um simples encontro tardio, acaba por se tornar numa luta pela sobrevivência.
Confesso que este livro não foi, de todo, o que estava à espera quando li a sinopse. Apesar da história que nos conta ser, por si só, muito interessante e bem construída, a escrita do autor, elaborada e metafórica, centra-se mais nos pensamentos, memórias e emoções das diversas personagens que na acção em si. E, se este aspecto pode, inicialmente, tornar esta obra num livro difícil de seguir, à medida que nos habituamos às constantes mudanças de ponto de vista e às oscilações entre o passado e o presente, torna-se claro o verdadeiro objectivo deste livro.
Enquanto retrato do passado, as memórias das personagens mostram-nos um Portugal bem diferente daquele que conhecemos, tão próximo em alguns aspectos, mas tão distante noutras circunstâncias. Através das emoções das personagens, quer quando reencontram pessoas que não viam há demasiados anos, quer quando a vida parece pender por um frágil fio, vemos a escassa distância que vai entre a sanidade e a loucura, entre o racional e o emocional. E quase podemos sentir o medo e a resignação, a vontade de lutar mas a certeza de nada poder fazer. E é nessa parte em concreto que é possível alcançar verdadeiramente a emoção que, em pequenas doses, se vai manifestando ao longo do livro.
Não recomendaria este livro a todos os leitores. É uma obra que, apesar do seu tamanho, se torna complexa nas suas reflexões e que, portanto, poderá não agradar a todos. Para mim, foi uma leitura que, ao princípio, foi difícil, mas que compensou largamente o esforço inicial com o desvendar das emoções através do enredo.
Muito obrigado, Carla.
ResponderEliminarLuís Carmelo.