sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Peto (Paula Cairo)

O Peto viveu doze anos na rua onde foi deixado ainda bebé. Passou por muitas experiências difíceis, foi ferido, passou fome. Recebeu ajuda de algumas pessoas e chegou a ser recolhido para, por uma ou outra razão, voltar a ser abandonado. Até ao dia em que a autora deste livro o adoptou. Estas são as histórias dos bons momentos, mas também dos difíceis, que Paula passou com Peto, histórias com uma boa medida de emoção, mas também com uma visão bastante forte de certas situações e pessoas.
Ler este livro deixou-me com sentimentos ambíguos. Se há algo que transparece em cada um dos textos deste livro é o amor aos animais. O primeiro texto basta para comover o leitor e, ao falar da sua relação com os animais de uma forma directa, intensa e emotiva, a autora deixa a sua marca. É evidente, na sua relação com Peto, mas também com os outros animais com que se cruzou na sua vida, um forte afecto e também uma luta incessante para ajudar o máximo possível. E é este afecto genuíno, esta amizade sem limites que transparece na forma como a autora fala dos seus animais de estimação, que deixa uma marca muito positiva.
Tudo muda quando a reflexão diz respeito às pessoas. São compreensíveis, tendo em conta algumas das experiências relatadas, as opiniões mais negativas sobre quem terá protagonizado esta experiência. Mas o que acontece ultrapassa essa opinião negativa. A forma severa (e, por vezes, um pouco agressiva) como a autora se refere aos envolvidos nessa experiência ultrapassa os seus protagonistas, alargando-se a empresas de uma área específica ou  a toda uma classe profissional e, por vezes, parece estender-se até a quase toda a humanidade. A impressão que fica é a de que nesses momentos, se julga o todo pelas partes conhecidas, resultando numa visão global negativa (e algo injusta).
Fica, pois, das histórias relacionadas directamente com Peto, uma impressão muitíssimo positiva (a força emocional do afecto, aliada à história de um cão que surge como um companheiro fascinante), mas que se perde, em parte, devido à forma algo excessiva como as pessoas são referidas. E é pena, porque há muito de maravilhoso nas "aventuras" de Peto.

1 comentário:

  1. Concordo em pleno, a história do Peto merecia ser abordada mais subtilmente. É uma pena.

    Não gostei nada mesmo da autora.


    Já agora convido-a a visitar o meu blogue:

    silenciosquefalam.blogspot.com

    Bom Natal e boas leituras.

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