sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Moon's Artifice (Tom Lloyd)

Após receber uma notícia capaz de lhe mudar a vida, ou fazer com que o matem, o Investigador Narin reage de forma impulsiva a uma potencial ameaça perto de si. O resultado deixa-o a tomar conta de um homem inconsciente e sob as atenções indesejadas de um deus. Lord Shield, o deus que seguia a vítima involuntária de Narin, queria respostas, mas essas parecem ter-se desvanecido com o incidente. Agora, a missão de Narin é encontrá-las. Mas a sua investigação abre caminho à descoberta de uma intriga mais vasta, em que assassinos treinados e dotados de capacidades mágicas estão dispostos a tudo para atingir os seus objectivos. E descobrir que objectivos são esses terá um preço.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é complexa teia de interesses em colisão que vai sendo revelada ao longo do enredo. Deuses, demónios, uma ordem de assassinos com magia à disposição, as Grandes Casas, a família imperial e, claro, os representantes da lei, todos estes grupos desempenham um papel na intriga e, com motivos nobres ou não muito nobres, todos estão dispostos a agir de modo a preservar as suas posições. O problema é que há tantos lados diferentes e tantas escolhas a fazer que a posição de cada uma das partes só é determinada pela evolução do conflito. As possibilidades são, por isso, muitas, e isso é parte do que torna a história intrigante.
A outra parte diz respeito às personagens. Ainda que se possa considerar Narin com sendo o protagonista, as suas acções são apoiadas – ou impedidas – por outras personagens com importantes papéis a desempenhar. Estas personagens, aliados ou inimigos, têm também as suas histórias e motivações, o que as torna tão interessantes como o próprio protagonista. Além disso, quanto aos que lhe são mais próximos – amigos, aliados e superiores – o que os move, bem como as suas personalidades peculiares, complementa o desenvolvimento do próprio Narin, aumentando assim a complexidade do enredo.
Quanto à forma como a história é contada, é inevitável, com um conflito por acontecer e várias forças em movimento, que haja uma considerável componente descritiva. Há, de facto. O autor descreve detalhadamente o sistema, os lugares e também as personagens e os combates. Isto permite uma melhor compreensão do mundo, facilitando a assimilação do muito peculiar sistema de castas deste cenário. Mas cria também uma impressão de distância, que se desvanece nos momentos mais intensos, mas que, a nível emocional, afasta um pouco o impacto pessoal da aventura das personagens.
A soma de tudo isto é uma leitura envolvente, com uma história cativante, situada num sistema invulgar e com uma intriga complexa. Um bom início, em suma, em que, apesar da distância, se criam grandes expectativas para o que virá a seguir para as personagens.

Tive a oportunidade de ler este livro graças à organização dos David Gemmell Legend Awards. Obrigada!

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