domingo, 29 de abril de 2018

The French Girl (Lexie Elliott)

Severine era a rapariga da porta ao lado e, embora nem todos no grupo gostassem dela, acabou por passar muito tempo com eles durante a semana que passaram em França. Tudo acabou com uma grande discussão e com o desaparecimento da francesa, mas nunca mais voltaram a ouvir falar em Severine. Até agora. Passou uma década e o corpo de Severine foi encontrado dentro de um poço. Agora, o grupo de amigos está novamente a ser investigado e, embora pareça não haver provas sólidas a ligar nenhum deles ao caso, o investigador responsável parece ter a sua teoria. Kate, Seb, Tom, Caro e Lara são uma vez mais arrastados para o passado. E, quando Kate dá por si com tudo a perder, começa a questionar o que realmente aconteceu naquela semana.
Narrado da perspectiva de Kate, mas explorando motivos e possibilidades de todos os elementos do grupo, um dos aspectos mais impressionantes neste livro é quão facilmente se torna viciante. Severine e o que lhe aconteceu estão algures no passado, mas, quando o passado regressa, traz consigo uma série de memórias difíceis e de tensões e coisas não totalmente superadas. E assim, é fácil entrar na pele de Kate, compreender as suas dúvidas e suspeitas, mas também as suas ânsias e arrependimentos. E, quando novas revelações começam a emergir e as possíveis explicações começam a vir à superfície, descobrir o que acontece a seguir torna-se quase irresistível e é impossível parar de ler antes do fim.
Ainda que a morte de Severine seja a base desta história, é curioso reparar que alguns dos seus melhores momentos não vêm do caso, mas da rede de tensões e relações que o rodeia. O que aconteceu em França não foi só a morte de Severine, mas também que a verdadeira natureza de algumas das personagens começou a revelar-se. E, ao ver isto de um momento no futuro, tudo se torna fascinante: sentimentos que duraram muito para lá do seu tempo; desconfianças e aversões que se mantiveram durante anos; amizades que perduraram – mas que começam agora a ser abaladas. E há também um aspecto profissional na vida de Kate, e também na de Caro, que dá a situação de ambas uma perspectiva diferente.
Mas voltando às personagens. Embora tenham passado essa semana juntos em França devido às suas ligações comuns, há muitas diferenças entre elas. Algumas geram empatia imediata – a começar obviamente por Kate, mas não só – enquanto outras inspiram uma aversão quase instantânea. E isto torna-se particularmente interessante porque, quando as revelações surgem, também confirmam a validade destes sentimentos, o que pode tornar o final um pouco menos imprevisível, mas torna o caminho muito mais intenso.
E depois há o fim, que surpreende, não pela identidade do culpado, mas pela forma que as revelações assumem – e também pelo contraste entre as falhas do sistema e a espécie de justiça poética que acaba por se manifestar. Não é o final perfeito que as personagens esperavam alcançar – mas, dadas as circunstâncias, é o final mais adequado.
Trata-se, pois, de um livro que tem na base um homicídio, mas que se torna muito mais do que a história da sua investigação. Intenso, viciante e com um grupo de personagens bastante impressionante, cativa desde os primeiros momentos e não para de deixar a sua marca até ao fim. Muito bom.

Título: The French Girl
Autora: Lexie Elliot
Origem: Recebido para crítica

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