sábado, 6 de julho de 2019

A Floresta do Mal (M. J. Arlidge)

Helen Grace e a sua equipa ainda estão a recuperar da dolorosa perda dos seus elementos, mas há já um novo e sinistro caso a exigir a sua atenção. Quando à descoberta macabra do cadáver de um homem pendurado de uma árvore na floresta se segue a também sombria descoberta de dois cavalos abatidos, cedo se torna evidente que há algo maligno à solta na floresta. E, embora a equipa de Helen se atire ao caso com a determinação de sempre, as pistas são escassas e parecem conduzir inevitavelmente a becos sem saída. Mas não há crimes perfeitos e, embora o assassino se julgue o caçador ideal, a segunda morte traz consigo novas revelações. E Helen está atenta a todos os pormenores, na esperança de o travar antes que seja demasiado tarde...
Parte do que torna estes livros tão irresistivelmente viciantes é a forma como o autor consegue conjugar múltiplas facetas num equilíbrio incrivelmente eficaz. No centro, está o caso propriamente dito, misterioso, sinistro, com poucas pistas para seguir e com a noção de que o tempo escasseia a incitar à urgência em cada desenvolvimento. Em volta, surgem as ligações pessoais, as relações, os motivos subjacentes ao crime, o passado que tudo molda. E depois há ainda a expansão para o percurso pessoal dos investigadores, com as sombras trazidas dos volumes anteriores ainda a pairar, mas dando lugar também a novas relações e novos equilíbrios de poder. Tudo isto numa teia magistralmente tecida, em que tudo parece surgir na medida certa e tendo o máximo impacto possível.
Também particularmente notável é que, embora não sendo um dos casos mais pessoais, no que diz respeito ao percurso de Helen, há como que um impacto constante na história mais ampla das personagens. Primeiro, há a sombra da morte de Joanne a funcionar como motivador, principalmente para Helen e Charlie. Depois há os segredos sombrios vindos do próprio caso, que parecem ecoar também no passado da protagonista. E, entre esta visão pessoal e a investigação pura e dura do caso, há relações a desenvolver-se, vislumbres da vida privada e momentos de perigo e de medo capazes de nos lembrar que estas personagens podem ser investigadores excepcionais, mas são, acima de tudo, humanas e vulneráveis.
E, claro, há também aquele laivo característico desta série que é alta probabilidade de que o suspeito inicial não seja o verdadeiro responsável. A história constrói-se de surpresa em surpresa, de reviravolta em reviravolta, e por isso a única coisa que não surpreende é que o que parece óbvio no início não será, afinal, verdade no fim. Pelo caminho, surpresas não faltam, sejam elas no decorrer da investigação, nos momentos de tensão ao longo do enredo ou no poderoso impacto da fase final.
Intenso, irresistível, com um ritmo alucinante e um núcleo de personagens verdadeiramente poderoso, trata-se, pois, de mais um livro que corresponde inteiramente às altíssimas expectativas inspiradas por cada novo volume desta série. Surpreendente no enredo, notável no desenvolvimento das personagens e marcante em todos os grandes momentos, mais um episódio brilhante na fulgurante carreira da inspectora Helen Grace.

Autor: M. J. Arlidge
Origem: Recebido para crítica

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