Kevin regressou ao seu mundo, decidido a assumir o papel que lhe está destinado e a juntar-se ao combate contra Neferet, sejam quais forem as consequências. Mas o caminho não será fácil. Primeiro, tem de convencer a Resistência de que é, de facto, diferente. Depois, tem de inventar um plano. Entretanto, o mundo de Zoey parece ter regressado à normalidade, mas algo persiste em atormentá-la. Não saber como vão os progressos do irmão gera em si uma preocupação constante - até porque Zoey sabe como ninguém aquilo de que Neferet é capaz. E, quando começa a sentir que Kevin está a enveredar por caminhos perigosos, Zoey vê-se sem escolha: desta vez, tem de ser ela a viajar para o Outro Mundo.
Parte do que torna esta nova série tão interessante é o delicado equilíbrio entre familiaridade e evolução que se sente em comparação com a série anterior. Mantêm-se muitas das mesmas características: a leveza, as peculiaridades da relação entre as personagens, os rasgos de humor e dramatismo e a fórmula essencial dos rituais. Mas há como que uma evolução global, não só na expansão para dois mundos - diferentes, ainda que com paralelismos óbvios - mas sobretudo no crescimento das personagens. Claro que as figuras do Outro Mundo são novas, embora tenham também um interessante percurso de crescimento, mas é nas que vieram da série original - Zoey, Afrodite, Stark, Refaim - que se nota uma verdadeira evolução. Evolução essa que, conjugada com a existência de homólogos no Outro Mundo, cria contrastes bastante poderosos.
Com o crescimento, vieram também responsabilidades, por isso é também particularmente notável a percepção de relações e comportamentos mais adultos. E, ainda assim, não deixa de haver espaço para o humor e para a camaradagem, mesmo quando a situação parece sombria. É esta, aliás, uma das maiores forças destes livros: a capacidade de introduzir leveza nas situações mais inesperadas, que acabam por ser também, surpreendentemente, as mais adequadas.
Também a própria escrita mantém a leveza, com um registo directo quanto baste, mas particularmente expressivo no que toca às descrições de seres e rituais e, sobretudo, nos grandes momentos de emoção. Há uma estranha beleza na forma como a magia é descrita e também isto cria um contraste: auras de poder que parecem emanar das partes mais dramáticas e de ligeireza nos momentos de simples amizade.
Familiaridade e evolução num equilíbrio certeiro e cativante: assim se descreve mais este regresso ao mundo da Casa da Noite. Um mundo feito de magia e de mistério, de sombras e de luz e, acima de tudo, de amizades profundas e amor... sempre amor. É sempre um prazer regressar à companhia destas personagens. Que estão cada vez melhores.
Título: Perdida
Autoras: P.C. Cast + Kristin Cast
Origem: Recebido para crítica
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