Quando, pela manhã, Anaíd acorda para descobrir que a sua mãe desapareceu, são muitas as explicações que lhe passam pela cabeça, mas nunca a verdadeira: que Selene é uma bruxa do clã Omar e que, por ser considerada por todas como a eleita mencionada numa profecia, poderá ter sido sequestrada pelas rivais Odish. Será, contudo, este desaparecimento que alterará por completo o caminho da jovem Anaíd, que precisará de descobrir os seus poderes e a sua verdadeira natureza antes de salvar Selene das suas inimigas.
A primeira emoção que me acorre ao pensamento para descrever o tom geral deste livro é ternura. É de uma forma simples, envolvente e muito terna que a autora nos conta esta história. Anaíd, excluída e sem amigos, tem, apesar das suas dificuldades e da imensa aprendizagem que a espera, um único ponto de constância: a necessidade e a vontade de salvar a mãe. E isto reflecte-se em múltiplos pequenos momentos, mas que se revelam cruciais para a história. Quando todos duvidam de Selene, Anaíd acredita. Quanto todos se preparam para a destruição, Anaíd espera tudo poder salvar. E acaba por ser este lado emocional o grande ponto forte desta história que, ainda que evidentemente dirigida a um público mais jovem, tem muito para agradar também a adultos e que, na sua simplicidade, acaba por seguir um caminho muito próprio e cativante.
Como ponto menos bom, teria a indicar alguma previsibilidade. Quando desde o início se presume, da parte de quase todas as bruxas, que Selene seria a eleita, é inevitável supor desde cedo que essa certeza se vai revelar falsa e, à medida que os eventos se sucedem, as pistas para a verdadeira natureza do que se esconde na profecia revelam a verdade talvez um pouco cedo. Não é um elemento que prejudique demasiado a história, ainda assim, e independentemente de adivinharmos essa parte bem antes do final, a história do esforço e da luta de Anaíd não perde muito com esse conhecimento.
O Clã da Loba é, em suma, uma história simples e enternecedora, com alguns momentos muito especiais e que, no geral, é uma leitura muito agradável. Fica, pois, a curiosidade em ver que aventuras esperam Anaíd na continuação da sua história.
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