Lennie Walker sempre se sentiu bem a viver na sombra da irmã mais velha, na companhia da sua música e dos seus livros favoritos. Por isso nunca teve problema em deixar-se apagar. Mas agora a irmã morreu subitamente e Lennie não sabe como viver com a dor. A única forma de se expressar é escrever poemas que depois abandona onde calha. Mas, quando volta a estabelecer contacto com Toby, o namorado da irmã, há algo de intenso e de inexplicável que os atrai um para o outro. É também nesse momento que entra em cena Joe Fontaine, um rapaz sorridente, cheio de sol e de uma alegria contagiante que, quase sem ela querer, começa abrir caminho para a família e o coração de Lennie. Mas há entre ela e Toby algo de inacabado e, por mais que isso lhe custe, Lennie vai ter de escolher, antes que o tempo escolha por ela.
É na intensidade das emoções que reside a alma deste livro e uma das primeiras coisas a surpreender é o contraste entre a aparente simplicidade da história, ou pelo menos da forma como certos elementos são contados, e o devastador impacto emocional dos grandes momentos. Tudo gira em torno de uma perda e da superação possível, uma superação que surge não só a nível das relações familiares, mas também com a descoberta do primeiro grande amor. Mas, se é este o aspecto central, e se é daqui que surgem os momentos mais emotivos, há ainda outros elementos complementares - e é também uma surpresa a forma como tudo isto converge numa história relativamente simples, mas cheia de emoções fortes.
Se olharmos para os vários ramos que compõem a história de Lennie, há pontos que passam para um relativo segundo plano. Ao ser a protagonista a contar a história, as emoções dos outros surgem pelos olhos dela e, assim sendo, fica uma inevitável curiosidade insatisfeita sobre coisas como o que aconteceu à mãe de Lennie ou até as peculiares aventuras amorosas de Big. Mas também a base essencial destas coisas está presente, seja no impacto das revelações sobre Paige ou nos deliciosos rasgos de humor protagonizados por Big. E quanto à história central... bem, essa tem precisamente a medida certa.
Há ainda um outro aspecto peculiar e que torna o livro mais surpreendente: os poemas de Lennie. Espalhados ao longo do livro, um pouco como a própria Lennie faz ao longo da história, abrem como que uma janela para os seus pensamentos mais íntimos. Além disso, acrescentam profundidade a uma história que é, afinal, não só sobre o amor, mas principalmente sobre a morte e como lidamos com ela, e que por isso está repleta de pensamentos marcantes.
Superação, descoberta e amor: são estes, enfim, os elementos que compõem este livro: um livro cheio de momentos comoventes, de episódios divertidos e de uma ternura que fica na memória. Que chega e sobra para fazer desta história uma daquelas leituras que valem a pena.
Título: O Céu Está em Toda a Parte
Autora: Jandy Nelson
Origem: Recebido para crítica
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