O salvador por que todos esperam ainda não chegou, mas há poderes em movimento. E quando seis batedores romanos são brutalmente assassinados, começam a levantar-se suspeitas. Lucanus, líder entre os Arcani, batedores de elite e leais como nenhuns outros, dá por si no meio de coisas que não consegue entender. Pois há uma profecia que fala de um rei que está para vir e deve ser ele o protetor do sangue real. O mesmo sangue que corre nas veias de Marcus, uma criança a quem Lucanus ama como se fosse seu filho e que está no centro de demasiadas conspirações. Para o proteger, Lucanus terá de deixar para trás a sua antiga vida... para se tornar no Pendragon, um líder como o mundo nunca antes viu.
Tendo em conta o título deste livro, é de esperar que se trate de uma reconstrução do mito do rei Artur e, de certa forma, é disso que se trata. Mas não da história de Artur. Uma história anterior, sobre os primórdios da lenda e os antecessores do grande rei. Isto faz parte do que torna o livro tão interessante: é uma história arturiana, mas não sobre Artur. Tem as suas próprias personagens, a sua própria identidade, os seus próprios perigos, profecias, batalhas e perda. É uma história completa.
É também um livro bastante memorável, e por várias razões. Sendo a maior, como é evidente, Lucanus. Líder nato, mas algo relutante, trata-se de um homem sábio, de um amigo leal, de um companheiro dedicado, mas vulnerável, atormentado, tão heróico nas falhas como nas qualidades. Um protagonista complexo, como deve ser, principalmente tendo em conta que esta história envolve grandes conflitos e uma luta pela sobrevivência.
Mas, para além das batalhas, da intriga e das profecias, há também um percurso mais pessoal. A transformação de Lucanus no Pendragon é a realização de um destino, e cada acontecimento faz sentido. Mas há pequenas coisas que são igualmente impressionantes. A relação de Lucanus com Catia, e lealdade e amizade no seio do seu grupo de Arcani, até mesmo as escolhas feitas mais com o coração do que com a cabeça por muitas das personagens. Há um crescendo de tensão ao longo de todo o livro, mas há também muitos grandes momentos que só parecem importar aos envolvidos. E isto lembra-nos que estas personagens são mais do que peças de xadrez: são humanas.
É o início de uma série, e por isso faz sentido também que haja muitas perguntas sem resposta. Mas o final parece dar-se no momento certo, como se fosse o fim de uma era a abrir lugar à iminência de uma nova aurora. Há muito mais coisas no destino destas personagens, isso é evidente: mas a história até aqui é já quase um ciclo completo.
Com um protagonista notável, um enredo cheio de surpresas e de reviravoltas e um cenário onde a magia - e a crença - moldam os caminhos de gerações, trata-se de um início bastante brilhante para uma série que transborda de potencial. Intenso, cheio de surpresas e com um conjunto memorável de personagens, um livro que recomendo sem reservas.
Título: Pendragon
Autor: James Wilde
Origem: Recebido para crítica
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