A vida de Hazel sofreu uma grande reviravolta desde que perdeu um dos pais e depois o outro. Agora, está presa num centro de reeducação, onde, graças à astúcia da avó, o seu segredo permanece a salvo. Mas será impossível guardá-lo para sempre e é também por isso que Hazel acaba por confiar a verdade à sua professora. E no momento certo, pois, mais uma vez, há caminhos que estão prestes a cruzar-se. Novamente juntos, Marko e Alana não desistem de encontrar a filha e conseguiram finalmente descobrir a sua localização. Agora, só precisam de a tirar de lá, mesmo que para isso precisem de recorrer novamente a um aliado muito relutante.
Chega-se a um ponto, quando se está a ler uma série longa, em que é difícil decidir o que dizer sobre ela sem correr o risco de revelar demasiado, principalmente quando se trata de um percurso tão cheio de reviravoltas e desencontros como o das personagens desta Saga. Mas há, ainda assim, algumas qualidades - e, correndo o risco de me tornar repetitiva, qualidades não faltam a estes livros - que podem, ainda assim, ser destacadas de forma suficientemente neutra para não estragar a surpresa a quem, como eu, se vai apaixonando um pouco mais por estas personagens a cada volume que passa.
Continua a sobressair o desenvolvimento das personagens, tanto a nível de carácter e de eficácia dos diálogos (com Hazel a destacar-se cada vez mais neste aspecto) como da construção visual das diferentes espécies envolvidas. Da estranheza dos habitantes do reino Robot à fofura quase irresistível de Ghüs, passando pela professora de Hazel e pela sempre notável evolução visual de Marko e Alana, há toda uma diversidade de espécies e também de cenários que nunca nos deixa esquecer que é de uma guerra universal que se trata. Mas a evolução estende-se a tudo e sobressai precisamente na forma como o que inicialmente pareciam heróis e vilões relativamente lineares se vai metamorfoseando numa teia de personagens cada vez mais complexas e humanas.
Há ainda um outro factor a destacar e que contribui em muito para o sempre notável equilíbrio entre novidade e familiaridade que parece definir esta série. A história vai-se dividindo entre os percursos das diferentes personagens, já que o que ficou para trás causou uma sucessão de encontros e desencontros. Assim, há personagens que desapareceram deste volume, outras que assumem novo protagonismo ou entram em cena pela primeira vez e outras que, embora sempre presentes, revelam novas facetas da sua personalidade. E, sendo certo que tudo fica, mais uma vez, em aberto (até porque, felizmente, ainda há mais Saga para ler), a forma como tudo termina é, mais uma vez, perfeita: com uma grande revelação e a certeza de que, venha o que vier a seguir, será certamente uma nova e empolgante fase.
Sempre empolgante, sempre surpreendente e sempre belíssimo no seu equilíbrio entre os vastos mundos onde esta história decorre e as complexidades internas de cada personagem, eis, pois, mais um volume que corresponde inteiramente às altíssimas expectativas. Prometendo, como sempre neste mundo maravilhoso, que o melhor ainda está para vir.
Título: Saga - Volume Seis
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário