quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Sarita Rebelde no Recreio (Lúcia Vicente e Cátia Vidinhas)

Nas férias de Verão, a Sarita teve tempo para fazer muitas coisas, e a sua preferida foi descobrir, nos muitos jogos de futebol com os primos, que é uma excelente ponta de lança. Agora, porém, no recreio, vê-se obrigada a ficar a ver os rapazes jogar, pois nenhum deles a quer na sua equipa. Afinal, as raparigas não sabem jogar futebol, não é? Ou, no máximo, vão à baliza. Mas a Sarita não se conforma e, com o seu talento para o jogo, está decidida a provar-lhes que as raparigas podem fazer o que quiserem - inclusive jogar futebol.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro (como, aliás, do anterior) é a clara mensagem positiva que surge desta pequena aventura da Sarita. Não é difícil olhar para o mundo e reconhecer certos preconceitos no que respeita às raparigas e mulheres. No livro anterior, falava-se de que não havia mulheres astronautas (mas afinal...). Neste, fala-se da ideia preconcebida que diz que há brincadeiras de raparigas e brincadeiras de rapazes, o que acaba por impor aos mais novos limitações desnecessárias. Ora, tendo em conta a visão que este livro transmite - todos podem brincar a tudo! - torna-se também evidente que esta não é apenas uma lição para os mais novos, o que faz deste livro, além de uma bela história para ler aos mais pequenos, também um bom ponto de reflexão para os leitores adultos.
Mas nem só da mensagem vive esta pequena história, que, embora muito breve, consegue proporcionar uma leitura envolvente. Vive também da personalidade forte da Sarita, que, embora receosa, às vezes, de agitar as águas, consegue fazer valer o seu ponto de vista; do desenvolvimento da história, que apesar de muito sucinta, culmina num ponto positivo e numa revelação para os colegas da Sarita; e das ilustrações que dão vida e alma a esta história simples, mas muito cativante.
Uma história cativante, uma protagonista forte e uma mensagem muito pertinente: tudo isto se conjuga para dar forma a uma leitura muito breve, mas muito interessante, repleta de bonitas ilustrações e que serve de ponto de partida para gerar, desde cedo, mentes mais abertas. Um belo livro para ler aos mais novos - e também para fazer pensar os que já não o são.

Autoras: Lúcia Vicente e Cátia Vidinhas
Origem: Recebido para crítica

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