terça-feira, 1 de maio de 2012

Senhor dos Senhores (Nelson Branco)

Quando o candidato a primeiro-ministro é encontrado morto no Mosteiro da Batalha, sem que ninguém tenha visto seja o que for e sem que os possíveis responsáveis tenham deixado quaisquer pistas, o detective José Reis sabe que está perante um caso difícil de resolver. Mas o mistério adensa-se, pois, nas costas do morto, está uma tatuagem que, visível apenas sob luz negra, remete para uma Ordem com mais de quinhentos anos. A História de Portugal parece, portanto, ser um elemento fulcral para resolver o mistério, mas será que os enigmas da Ordem de Avis permanecem apenas no passado?
Considerando as linhas gerais deste romance, evidenciam-se alguns pontos de interesse. Ainda que o enredo siga, em certa medida, a linha dos thrillers históricos, o facto de envolver elementos da História de Portugal e a situação criada em torno das sociedades secretas têm algum potencial e há, neste aspecto, alguns momentos bons ao longo da história. A ideia é interessante, portanto. O problema é que a concretização tem uma série de falhas evidentes.
A nível de enredo, a história começa de forma cativante, mas progride a um ritmo algo errático. Há situações que parecem desenvolver-se de forma demasiado apressada, enquanto que, por outro lado, os momentos de exposição de elementos históricos se tornam, apesar da sua brevidade, monótonos e distantes. Algumas das grandes revelações da história são, de facto, surpreendentes, mas há situações que parecem resolver-se com demasiada facilidade e os diálogos parecem, por vezes, desenquadrados, principalmente quando envolvem personagens de posição hierárquica superior. O resultado de tudo isto é uma narrativa que tem os seus momentos interessantes, mas que parecem perder-se em situações confusas ou a que falta algum desenvolvimento.
Mas o grande problema está mesmo na escrita e na falta de uma revisão atenta. Erros ortográficos, frases com uma construção confusa (quando não obviamente errada) e nomes ou termos trocados são falhas que surgem no texto com uma frequência tal que se torna difícil ignorar e manter o ritmo de leitura. E, mais que os aspectos que poderiam ter sido melhorados a nível de enredo, é esta falta de atenção a nível de escrita que torna a leitura realmente difícil.
O que fica deste livro é, por isso, a impressão global de uma ideia base interessante e que, não fosse alguma falta de desenvolvimento e, principalmente, a abundância de erros a nível de escrita, poderia ter resultado numa leitura envolvente. Infelizmente, são essas falhas o que mais se evidencia. 

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