quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ligeiramente Perverso (Mary Balogh)

Judith Law sabe que o seu futuro não é nada promissor. Enviada para casa de uma tia devido às dificuldades financeiras da família, tudo o que a espera é a vida de uma serviçal. O que não espera é que a diligência em que viaja sofra um acidente e que o homem a vir em seu socorro seja Rannulf Bedwyn. A caminho da casa da avó e do que sabe que será uma nova tentativa de lhe arranjar uma noiva, Rannulf vê na bela jovem que diz ser uma actriz uma muito bem-vinda distracção. Judith vê nele a possibilidade de, por algumas horas, viver o sonho de outra vida. Mas o que era para ser uma aventura sem consequências acaba por se revelar algo mais, quando, pouco tempo depois, os caminho de ambos voltam a cruzar-se.
Parte do que torna este livro - tal como o anterior da série - especialmente cativante é o facto de, apesar de se centrar no romance entre os protagonistas, haver outras figuras e acontecimentos envolventes a acrescentar algo mais ao enredo. Neste aspecto, sobressaem, desde logo, as estranhas relações e atitudes da família Bedwyn, com todas as peculiaridades a eles associadas. Já conhecidos de Ligeiramente Casados, as particularidades e formas de ser dos membros desta família fazem parte do que cativa para o enredo, tanto pelo inesperado de algumas circunstâncias pelo que nelas gera empatia.
E, falando em empatia, também a situação familiar de Judith contribui para criar uma impressão de proximidade. A vida familiar conturbada, os excessos repressivos dos pais e, particularmente, a sua situação de parente pobre tornam Judith numa figura com quem é fácil simpatizar. E a empatia cresce à medida que as qualidades escondidas sob a insegurança vão sendo reveladas, para mostrar a forma e as ideias de uma mulher forte e de coração aberto.
Desta personalidade carismática, mas vulnerável, e da forma como se conjuga com o crescimento de Rannulf, de nobre inconsequente a homem consciente, resulta um equilíbrio de personalidades muito bem conseguido. Judith e Rannulf completam-se, apesar de tudo o que os separa e é por isso que a evolução da relação entre ambos, apesar do ponto de partida inesperado, cresce de uma forma particularmente marcante.
Mas, claro, ainda que o romance entre os protagonistas seja um ponto muitíssimo interessante, não é o único a alimentar esta história. Há também uma certa medida de intriga, algum ciúme e uns quantos segredos para desvendar, que, associados ao dito romance e a um muito agradável toque de humor, conferem ao enredo uma maior intensidade.
A soma de tudo isto é uma história envolvente e emotiva, com vários momentos intensos e leveza e humor nas medidas certas. Ligeiramente Perverso está, assim, mais que à altura das expectativas criadas pelos anteriores livros da autora. Muito bom.

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