terça-feira, 17 de junho de 2014

Quatro Cantos do Mundo (Cristina Carvalho)

O Pólo Norte, o deserto, a selva e o fundo do mar. E a percepção delas através de um olhar quase inocente, mas atento, e também de um olhar mais vasto que contempla a Terra. Destes cenários e vivências se faz este breve livro, em que quatro histórias abrem caminho até aos mais recônditos lugares do planeta, numa exploração que, na sua aparente simplicidade, traz consigo as medidas certas de aventura e imaginação. E que, por isso, acessível quanto baste, mas nunca simplista, proporciona uma boa leitura a leitores de todas as idades.
Começando pela escrita, o aspecto que sobressai é que tudo é narrado de uma forma aparentemente simples, ainda que com uma considerável componente descritiva - ou não fossem os cenários um dos pontos centrais deste livro - , mas também com laivos de poesia e uma fluidez que facilmente cativa. Além disso, o tom quase pessoal da narração das histórias torna mais próxima a experiência dos protagonistas, o que acaba por criar um interessante contraste entre o familiar e o desconhecido.
Das histórias propriamente ditas, sobressai um imaginário que é, ao mesmo tempo, baseado numa realidade conhecida e expandido até aos limites da imaginação dos protagonistas. O resultado é um percurso (ou vários, na verdade) em que nem tudo encontra respostas, mas em que há um caminho de descoberta que é, por si só, interessante. Fica, por vezes, uma impressão de distância, nos momentos mais descritivos. Ainda assim, a magia dos melhores momentos compensa esse afastamento temporário.
Por último, mas não menos importante, importa ainda fazer uma referência às ilustrações de Manuel San-Payo, que, além de tornarem este livro bastante mais bonito, funcionam como o complemento perfeito para a história, moldando em imagens certas partes do que é descrito, ao mesmo tempo que lhes conferem uma perspectiva diferente.
Aparentemente simples, mas com momentos surpreendentes, Quatro Cantos do Mundo conjuga texto e imagem para dar forma a uma viagem ao desconhecido, feita de inocência e de descoberta, mas, principalmente, de imaginação. O resultado é uma leitura cativante e uma boa surpresa. Gostei.

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