segunda-feira, 28 de julho de 2014

Puros (Julianna Baggott)

Depois das Detonações, o mundo ficou dividido entre os da Cúpula, privilegiados e seguros, e os do mundo exterior, deixados com as sequelas e uma luta sem tréguas pela sobrevivência. Para esses, ficou apenas uma promessa, a de que, um dia, o isolamento da Cúpula terminaria e que os dois lados se voltariam a reunir, como irmãos e irmãs. Mas o tempo passou e a promessa não se cumpriu. Agora, são poucos os que ainda se lembram da mensagem e menos ainda os que acreditam. Mas há algo de novo prestes a acontecer e o início pode bem estar no caminho de dois jovens à procura de respostas.
Partindo de um ambiente pós-apocalíptico para, a partir deste, explorar toda uma série de questões, este é um livro em que o contexto é tão importante como os acontecimentos. A razão das Detonações, ou as possíveis teorias apresentadas para as explicar, são apenas uma parte de um sistema em que grandes planos colidem e em que o papel da suposta autoridade - tanto na Cúpula como o exterior - surge como questionável em muitos aspectos. Assim sendo, o sistema opressivo, associado ao ambiente de catástrofe e às questões que lhe estão associadas, é, desde logo, um dos aspectos mais interessantes deste livro e é mais do que suficiente para tornar a história cativante.
Mas a este contexto interessante junta-se ainda uma história intensa e povoada por figuras marcantes. Pressia e Partridge, os protagonistas, vêm de mundos completamente diferentes, mas têm muito em comum e completam-se no que têm de diferente. Além disso, lado a lado, são a imagem perfeita dos contrastes do mundo em que se movem. Colocados perante duas necessidades igualmente prementes e complementares - encontrar as respostas que procuram e uma forma de sobreviver - ambos têm um longo caminho pela frente. E, com personalidades cativantes, mas tão vulneráveis como seria de esperar das suas circunstâncias, facilmente despertam empatia, por via de todas as dificuldades do percurso, mas principalmente pela forma como as enfrentam.
Além de Pressia e Partridge, outras personagens desempenham papéis importantes na história, alguns de forma mais discreta, outros com grande destaque. Bradwell e Lyda são particularmente relevantes e, ainda que haja ainda muito por dizer sobre as suas histórias, ocupam também um papel fundamental no decorrer desta história. Há, além disso, muitas outras intervenções surpreendentes e personagens que, apesar de uma presença mais discreta, acabam por alterar o rumo dos acontecimentos, introduzindo, ao mesmo tempo, novas possibilidades para o que seguirá.
Com um sistema de vastíssimo potencial,  personagens cativantes e um enredo em que acção e emoção se conjugam nas medidas certas, este é, pois, um início marcante para uma história que promete ainda muito mais. Intenso e surpreendente, um início muito bom.

Para mais informações sobre o livro Puros, clique aqui.

2 comentários:

  1. Olá Carla,
    Sabes-me dizer se este livro faz parte de alguma saga.
    Obrigada e boas leituras.

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  2. Olá!

    Sim, é o primeiro volume de uma trilogia.

    Boas leituras!

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