terça-feira, 2 de outubro de 2018

A Gathering of Ravens (Scott Oden)

Ele é o último da sua espécie, uma criatura lendária, perversa, mortífera, e está decidido a obter a sua vingança. Chama-se Grimnir e está vivo há séculos. Agora, porém, o mundo está a mudar, com uma nova fé a ameaçar as velhas crenças, e esta pode muito bem ser a sua última oportunidade de se vingar do assassino do seu irmão. Um homem e a sua protegida entraram, incautos, na sua gruta. Quando saírem... será para diferentes destinos e muitas batalhas inesperadas. Pois Grimnir pode ser um assassino, e dos mais perversos... mas tem também o seu próprio código. E está decidido a segui-lo.
Com uma intrincada teia de lendas e de crenças, e um cenário bastante vasto para os acontecimentos, este é um livro que parece arrancar de forma um pouco lenta. Mas lento nem sempre quer dizer aborrecido, e este livro é tudo menos isso. Primeiro, há o mistério e as sombras da situaçã de Étain. Depois o perigo, a perda, a sua estranha forma de cativeiro. E então... Então Grimnir começa a revelar a sua verdadeira complexidade e a intriga em seu redor torna-se mais vasta. Além disso, há dois mundos de fé em colisão, criaturas antigas, e uma estranha e poderosa (e assustadora) magia. O resultado é um mundo fascinante.
Também bastante impressionante é o desenvolvimento de Grimnir e de Étain. Ele é uma criatura sem coração - ou assim parece - mas os seus actos revelam aos poucos um interior bem mais complexo. Ela é frágil, quase indefesa, mas aprende a tomar conta de si, fiel à sua fé, mas com uma mente que começa a abrir-se às novas realidades que se desenrolam diante dos seus olhos. E as circunstâncias de ambos - a sua união forçada e depois natural - tornam os acontecimentos do livro muito mais poderosos devido à superação das diferenças. No fim da história, Étain e Grimnir já não são os mesmos. Mudaram-se um ao outro. E contudo, a sua essência mantém-se a mesma.
Um último aspecto que importa mencionar é, claro, a escrita. Sim, a história evolui a um ritmo pausado. Mas há magia em cada canto, não apenas na história, mas também na forma como é contada. Há escuridão, há sangue (muito sangue), mas há também uma espécie de pureza a florescer no meio de tudo isto. E a forma como o autor espalha estas pequenas sementes de esperança quando tudo parece convergir para o mais negro dos fins... bem, é bastante brilhante.
Levará o seu tempo a desvendar toda a extensão do seu poder - mas é então que se torna fascinante. Pois há vida nos corações de todas as personagens - mesmo quando rodeadas de morte. E é isto que faz desta história uma viagem tão memorável. E tão marcante. 

Autor: Scott Oden
Origem: Recebido para crítica

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