quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Está Quase! (Maryann Cocca-Leffler)

Conseguir fazer algo de novo implica os seus desafios, principalmente quando somos pequenos e ainda estamos apenas a aprender a viver. Todos nos lembramos da sensação de querer fazer tudo, mas, citando a publicidade, "faltar um bocadinho assim". E é sobre isso que fala este pequeno, sobre todas as vezes em que "está quase" e o que é preciso fazer para passar do quase à realização.
Sendo muito obviamente um livro infantil, ao lê-lo de uma perspetiva adulta, é quase inevitável que a primeira coisa a sobressair seja o facto de a mensagem não se esgotar nos mais pequenos. Todos temos - ou tivemos, pelo menos - alguma aspiração, algum sonho a realizar. E todos conhecemos a fase do quase, em que queremos, acreditamos que conseguimos, mas falta sempre qualquer coisa e temos de descobrir o que é preciso fazer. É verdade, não é? E se, na infância, estas coisas eram mais simples, agora já não o são tanto. Mas este pequeno livrinho lembra-nos o essencial: paciência, prática e determinação.
Por mais que apele ao lado inocente dos leitores adultos, não deixa, ainda assim, de ser um livro para crianças. E, assim sendo, há certas caraterísticas que são essenciais e em que este livro não desilude. A começar, naturalmente, pelas ilustrações, cheias de cor e de expressividade, transbordantes de ternura e de emoção. É impossível não ver as emoções a transbordar da página, pois, se os gestos são muito simples, as expressões da personagem dizem tudo. E são também como que uma muito rápida viagem à infância, pois evocam grande parte das primeiras aprendizagens: escrever, fazer contas, aprender a andar de bicicleta, a fazer um puzzle e simplesmente crescer.
Quanto ao texto, é muito simples, até porque as ilustrações dizem quase tudo, mas complementa-as na perfeição. Além disso, entre a rima e o ritmo, é basicamente perfeito para ler em voz alta, o que significa que também pode funcionar como uma belíssima ferramenta de incentivo e iniciação à leitura.
Muito simples, mas muito terno e cheio de cor e de emoção, trata-se, pois, de um livro carregadinho de inocência e de ternura. Perfeito para os mais pequenos e também muito agradável para recordar a infância.

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