Nevada Marquez tem uma vida singular. O seu trabalho consiste em fazer os trabalhos que ninguém quer fazer para a indústria de Hollywood, e nomeadamente para uma mulher com a qual parece ter um passado em comum. E muitas vezes, esse trabalho sujo consiste em recuperar fugitivos ou tirar celebridades de sarilhos que julgavam que podiam evitar sozinhos. É o caso da Estrela Solitária, um ator que, em plenas filmagens, decidiu sair do país para uma escapadela alcoólica e está agora dividido entre uma escolha impossível: um casamento forçado ou um duelo. A não ser... que Nevada chegue lá primeiro.
Tendo em conta a premissa desta história, de uma vida dividida entre dois mundos e com bastantes mistérios a pairar sobre o passado, é inevitável, de certa forma, não sentir que este primeiro volume é demasiado breve. Ao conjugar as missões do protagonista com o pouco que vai sendo revelado sobre a sua vida prévia, o fim chega com mais perguntas do que respostas, ainda que a missão central fique resolvida. E assim, sendo certo que o equilíbrio entre as duas partes - pessoal e profissional, por assim dizer - é satisfatório quanto baste, fica muito em aberto no final deste primeiro volume. E a sensação de que certas relações pudessem ter sido já bastante mais aprofundadas.
Se a história parece, por vezes, demasiado concisa, já a parte visual tem um equilíbrio especialmente eficaz. A história vive entre dois mundos: um ambiente de western e o mundo de Hollywood. E esta divisão é palpável na arte, com as cores a estabelecer uma diferença clara e os cenários, repletos ou quase desertos, a reforçarem esse contraste. Além disso, o equilíbrio de luz e sombra acaba por refletir também as próprias personagens: as expressões ambíguas de Nevada (e não só, mas principalmente de Nevada) adensam o mistério do muito que há ainda por dizer.
E sim, fica curiosidade insatisfeita, obviamente. Mas importa lembrar que este é apenas o primeiro volume da série e que a curiosidade que fica não é do tipo que faz desistir, mas de que deixa uma vontade intensa de saber o que se segue o mais rápido possível. Sendo certo que a história da Estrela Solitária parece ter ficado resolvida. Já a de Nevada... longe disso.
Breve e enigmático, talvez ao ponto do excesso, mas visualmente muito cativante e com um conjunto de contrastes - tanto visuais, como de enredo - particularmente interessante, o que fica é, pois, a impressão de um início conciso, mas mais do que suficiente para intrigar. E para querer descobrir o que se segue, naturalmente.
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