quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Drácula, o Morto-Vivo (Dacre Stoker e Ian Holt)

Vinte e cinco anos passados desde o final da história de Bram Stoker, voltamos a encontrar os heróis da sua obra. Jonathan e Mina Harker, perdidos num casamento amargurado. O seu filho, Quincey, dividido entre os seus sonhos e a vontade do pai. Arthur Holmwood, escondido na sombra das suas memórias. Jack Seward, quase louco, perdido no delírio da morfina. E Abraham Van Helsing,, reduzido a um velho com medo da morte. E é nestas circunstâncias que o passado volta às suas vidas, quando estranhos acontecimentos começam a surgir, levando a pensar na presença do vampiro que, muitos anos antes, mudou as suas vidas.
Interessante a forma como esta sequela foi escrita. Desde o início, é quase palpável a aura do Drácula original, mas, por outro lado, as diferenças são múltiplas. Este é um livro em que a acção é uma constante, sem grandes momentos parados, e onde os eventos se sucedem a um ritmo viciante. Por outro lado, este ritmo não prejudica nem a criação dos ambientes nem a caracterização das personagens, criando, muitas vezes, um laço emocional entre as personagens e o leitor.
O que me leva ao aspecto que mais me fascinou neste livro. Contrariamente ao que acontece na obra de Bram Stoker, o príncipe Drácula que nos é apresentado não surge como o vilão cruel e sanguinário, mas como uma espécie de anti-herói, culpado, de facto, de muitos crimes, mas não isento de consciência. Além disso, a presença de outras personagens históricas, como a condessa Érzebet Bathory ou o próprio Bram Stoker, bem como a ligação dos eventos aos crimes de Jack, o Estripador, dão ao enredo uma nova envolvência, bem como uma aura de mistério policial que não deixa de se enquadrar no espírito da obra.
Por último, de realçar as notas finais dos autores que, para além de nos mostrarem o trabalho e o cuidado colocados na criação deste livro, mostram também a vontade por detrás da obra: o desejo de recriar e de devolver ao Drácula de Bram Stoker o merecido lugar na história.
Este é, pois, um livro que não posso deixar de recomendar. Com uma escrita soberba e um enredo magnífico, fará as delícias de todos os apreciadores de vampiros, e em particular dos que preferem o vampiro clássico. Uma obra inesquecível e, provavelmente, um dos melhores livros que li este ano. Magistral.

1 comentário:

  1. Não estava à espera que este livro fosse tão bom! Depois de ler a tua opinião, fiquei com uma enorme vontade de o ler!

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