Quando Maria da Glória conhece uma idosa que lhe fala no valor e na necessidade de amar, tudo parece demasiado poético para ser real. Mas as palavras da mulher acabam por exercer sobre a sua mente um certo efeito e cedo Maria da Glória começa a ver, em sonhos, o sentido de uma paixão avassaladora... por um homem que nunca conheceu, mas que sabe que é real. E da negação do amor romântico, Glória passa para o extremo da necessidade visceral desse sentimento.
O mais interessante deste livro é, fundamentalmente, a dualidade entre prosa e poesia, bem como entre sonho e realidade. É curioso ver como as pistas se vão sucedendo, no sentido de propiciar a descoberta da identidade desse tal homem que habita nos sonhos de Glória e que lhe fala de paixão e de um amor mais forte que a morte. E se a história em si é bastante simples, deixando, por vezes, a sensação de que mais poderia ser dito sobre alguns momentos, não deixa de ter os seus momentos apelativos, ainda que não partilhe do novo ponto de vista da protagonista (de que a vida necessita imperiosamente do amor romântico).
Como pontos negativos, a referir a rapidez excessiva com que algumas mudanças são apresentadas, bem como a presença de algumas gralhas ao longo do texto. Não é algo de demasiado recorrente, mas acontece e acaba por quebrar parte do ritmo de leitura, o que se torna bastante evidente num livro tão pequeno como este. Fica, pois, a sensação de que alguma atenção à revisão poderia ter evitado estes erros que distraem do enredo.
Uma história bastante interessante, ainda que com algumas fragilidades nomeadamente a nível de revisão e do final, que parece ser demasiado rápido, mas que não deixa de ter os seus pontos de interesse, principalmente a nível dos elementos mais emotivos da história.
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