Jay Gatsby é um indivíduo estranho. Dá festas estonteantes que toda a sociedade parece ter interesse em perguntar, mas parece não conviver tanto quanto seria esperado de um anfitrião. É dono de uma fortuna considerável, mas o seu passado e a forma como chegou à posição que ocupa são explicadas por pouco mais que rumores. Nalguns aspectos parece não ter escrúpulos, noutros parece particularmente sensível. E quando Nick Carraway se torna seu vizinho, não faz ideia da complexidade da história em que se verá envolvido.
Os pontos essenciais deste livro poderiam-se resumir em duas áreas centrais: o retrato algo invulgar da sociedade que pretende caracterizar e a estranha história de amor do passado de Gatsby. E se o primeiro implica alguns elementos menos envolventes, como a enumeração de nomes e relações estabelecidades entre Gatsby e os seus supostos "amigos", é na história dos seus sentimentos por Daisy que se encontra a grande força desta narrativa. Não se trata de um amor vulgar e a verdade é que de romântico tem muito pouco. É mais evidente a obsessão, a necessidade de vislumbrar um sentimento único e exclusivo onde as relações, mesmo as oficiais, parecem significar muito pouco. E desde que o momento em que o passado se torna influente no presente, desde que a necessidade de reencontrar Daisy se torna num impulso inevitável, há algo de insinuação de tragédia que vai crescendo a cada novo desenvolvimento nos acontecimentos.
Entre personalidades diversas e peculiares, há, inevitavelmente, duas que se destacam. Uma delas é, claro, o infame Jay Gatsby, com as suas peculiaridades de comportamento e de pensamento, que o marcam como uma figura intrigante e que, estando longe da perfeição, não deixa de inspirar uma certa compaixão, principalmente nos momentos finais do livro (que são, para mim, os mais marcantes). O outro é Nick Carraway, com a sua quase deslocada firmeza de princípios, uma honestidade que o torna, em simultâneo, o completo oposto de Gatsby e o seu único verdadeiro amigo.
Não é uma leitura fácil. Há momentos peculiares e outros que, à primeira vista, parecem não contribuir muito para a narrativa, vindo a sua relevância a tornar-se nítida apenas bastante mais tarde. É, ainda assim, uma história fascinante, tanto enquanto retrato de uma época como enquanto história de um amor... disfuncional.
Quero muito ler este livro, exactamente pela qualidade que lhe atribuem os grandes críticos, e por ser uma obra inevitavelmente obrigatória - ao ser catalogada como uma das melhores na história da literatura do século XX.
ResponderEliminarEm relação à BANG, o teu blog vem em maior destaque numa coluna lateral, com um excerto da crítica a "Sacerdotisas da Luz". Posso enviar-te a foto, só não sei para que mail.
Olá!
ResponderEliminarTinha algumas dúvidas quanto a este livro, quando comecei, principalmente por ter lido opiniões muito boas, mas também muito más. Mas gostei muito, valeu bem a pena a leitura.
O meu mail é este: carianmoonlight@gmail.com
Obrigada!